Ainda dentro do cenário das relações do Brasil com os Estados Unidos a partir de 2025, quando a Casa Branca será ocupada mais uma vez por Donald Trump ou pela primeira vez por uma mulher, Kamala Harris, haverá um aumento de tensão.

Segundo Acilio Marinello, sócio-fundador da Essentia Consulting, esta tensão no âmbito da política, terá um maior distanciamento entre os mandatários. “No campo econômico, pode haver um endurecimento nas relações comerciais, devido ao eminente protecionismo da economia americana, com a reintrodução de tarifas e barreiras comerciais que dificultam as exportações brasileiras”, comenta.

Para Marinello, com a Kamala eleita, há um espaço para uma gestão mais colaborativa, próxima e alinhada em diversas frentes (Brasil-EUA), “como o fortalecimento do comércio bilateral, maior cooperação em fórum internacionais e apoio em iniciativas voltadas à preservação ambiental”. 

Além disso, é sabido que há  mais pontos de convergência (ideológica, política e econômica) entre Harris e Lula do que entre Trump e Lula.

Imagem: Freepik

Economia global

Se Trump for eleito:

Bitcoin: Marinello acredita em uma possível alta.” O partido Republicano, assim como o próprio Trump, tendem a ser mais flexíveis com regulamentações que possam cercear o direito das pessoas (como no caso da venda e porte de armas). Essa postura pode ser adotada também na regulamentação das criptomoedas, com um cenário menos restritivo, podendo atrair mais investimentos e novos investidores para esse ativo”.

Dólar: possível alta do dólar frente ao real. “Trump deve manter o conceito do “Makes America Great”, ou seja, retomar ações de estímulo e protecionismo à economia americana, fortalecendo a moeda”, comenta o especialista.

Ibovespa: Marinello comenta que se de fato for implementada uma política mais protecionista na economia americana, “o Ibovespa pode sofrer uma migração de fluxo de capital de investidores estrangeiros para o mercado americano, elevando a pressão sob o câmbio (pois haverá uma demanda maior pela moeda norte-americana) e reduzindo o fluxo de investimento em nossa bolsa com a venda de ativos, promovendo uma possível deterioração dos papéis.

Se Kamala for eleita:

Bitcoin: enquanto Trump e os republicanos tendem a ser menos restritivos em relação a regulamentação dos criptoativos, Kamala e os democratas possuem uma visão antagônica. “Acredito que uma vitória da Kamala possa trazer uma postura mais restritiva frente aos criptoativos, inclusive o que já foi testado durante o governo Biden. Com isso, pode haver uma desvalorização desses ativos, gerando desinteresse aos investidores que buscam exatamente um ambiente menos regulado.” 

Dólar: o partido democrata tem o perfil de priorizar mais investimentos em políticas públicas e sociais, com programas que elevam os gastos públicos, elevando o déficit das contas públicas e maior endividamento do governo. Caso ocorra, o dólar pode ser pressionado negativamente e perder valor.

Ibovespa: com o cenário acima, é provável que haja um “aumento do fluxo de capital dos EUA aos mercados emergentes, em busca de maiores rentabilidades (mesmo considerando o maior risco), o que pode beneficiar o Ibovespa.” 

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