Caro Investidor,
Talvez você, que é novato no universo dos investimentos, esteja se perguntando: “o que me interessa os resultados trimestrais das empresas da bolsa?” Take it easy! Semana que vem começam as divulgações dos balanços do 3T24, ansiosamente esperados pelo mercado. Isso porque esses dados são como um raio-x da saúde financeira da empresa. Logo, as companhias oferecem aos investidores um retrato detalhado de seu desempenho nos últimos três meses. Essa transparência é fundamental para que você, investidor, possa tomar decisões mais assertivas sobre onde vai colocar o seu dinheiro.
Por que são tão importantes?
Os resultados trimestrais permitem que os investidores avaliem se a empresa está crescendo, se seus lucros estão aumentando ou diminuindo, e se está conseguindo alcançar suas metas.
Também porque quem investe tem expectativa sobre o desempenho das empresas. E os dados revelam se essas expectativas foram superadas, atingidas ou não alcançadas.
Além disso, analisando os resultados de vários trimestres, é possível identificar tendências de crescimento ou declínio, o que ajuda a prever o futuro da empresa. Outra coisa, os resultados trimestrais também permitem avaliar a eficiência da gestão da empresa. Um bom desempenho indica que a gestão está tomando decisões estratégicas eficazes.
Enfim, os resultados trimestrais são uma ferramenta essencial para os investidores, pois fornecem informações cruciais para a tomada de decisão. Ao entender os números, os investidores podem avaliar o risco e o potencial de retorno de seus investimentos e construir um portfólio mais diversificado e rentável.
O que se espera do 3T24?
Há uma miscelânea de expectativas para o 3T. Considerando que o 3T foi marcado pela alta da Taxa Selic, em setembro; mais os dados de emprego e crescimento econômico positivos, “o mercado ainda tateia em busca de um norte para os próximos balanços corporativos”, comenta a Empiricus Research.
Para a analista de ações da Empiricus, Larissa Quaresma, este pode ser um trimestre de virada de chave positiva para muitas companhias, apesar de que alguns setores ainda podem apresentar números muito prejudicados.
Ela comenta como o pessimismo do mercado lhe parece similar ao 3T de 2021. “Quando houve aquela virada de chave, o Banco Central parou de falar que ia levar o juro ao ponto neutro e admitiu que iria além do neutro. Na ocasião, as empresas já estavam bombando e entregaram ótimos resultados”, relembra.
Para retomar, a taxa Selic começou uma onda de altas: de 2,00% ao ano em janeiro de 2021 para o seu pico de 13,75% ao ano em agosto de 2022. “Dessa vez é diferente. Agora no pior dos cenários estamos falando de 3 pontos percentuais a mais [na Selic]. Então é esperado que as empresas continuem indo bem, não apenas nesse terceiro tri”, explica.
Para acompanhar toda a programação e antecipar qualquer movimento você pode acessar a Agenda de Resultados do Clube Acionista por aqui.
No que o investidor deve ficar atento
Conforme Larissa, hoje, sua maior preocupação é com as empresas mais alavancadas e com o setor de commodities, que sofreu quedas significativas até setembro. Entre os destaques positivos, ela menciona empresas de energia como Equatorial (EQTL3) e Eletrobras (ELET6). No varejo, acredita muito no potencial de Mercado Livre (MELI34) e Localiza (RENT3), que parece ter superado seus problemas do segundo trimestre.
“No geral, vejo a bolsa como uma oportunidade de compra, com múltiplos baixos e uma excelente relação risco-retorno”, afirma. Ela recomenda aproveitar a baixa aversão ao risco e comprar ações atrativas, mas com paciência para esperar pelos resultados futuros.
Surpresas
“Apesar das revisões baixistas de lucro, as empresas devem continuar indo muito bem e de forma espalhada, por vários setores”, comenta Larissa, destacando que mesmo com a janela de crédito ser muito aberta no Brasil e o spread sobre a taxa soberana estar muito baixo, a taxa de partida de longo prazo é muito alta.
Atenção às commodities. “O rali da China animou o mercado apenas no final de setembro, então as produções passaram boa parte do trimestre com queda de 20% no ano”, comenta o analista da Empiricus.
Ela acredita que os demais setores devem ir bem, dando destaque:
- Empresas de energia como Equatorial (EQTL3) e Eletrobras (ELET6), que tiveram a bandeira vermelha;
- No varejo, Mercado Livre (MELI34) também deve manter bons resultados;
- Localiza (RENT3), após um segundo trimestre muito ruim, parece ter deixado o pior para trás.
Empresas muito alavancadas deverão ter prejuízo, diz estrategista
Para o estrategista-chefe da MSX, Marco Saravalle, os resultados serão “bons”. Segundo ele, as companhias têm se preparado para buscar produtividade, mas sobretudo uma melhor estrutura de capital.
“A gente viu várias, várias, várias emissões de companhias procurando reduzir o custo de capital. Então, tem empresa que está com custo de capital de CDI mais quatro, CDI mais três, emitindo bons debêntures, títulos CDI mais dois, CDI mais um. Então, as companhias estão tentando buscar uma melhor estrutura de capital, já que o nosso custo de capital está muito alto. Então, esse é o lado positivo e, ao mesmo tempo, negativo.”
Isso porque as empresas que estiverem com muita alavancagem “vão continuar possivelmente apresentando prejuízo ou grande parte de queima do caixa via despesas com juros. Então, eu sempre falo o que evitar. E o investidor de fato tem evitado esse tipo de empresa ao longo deste ano”, afirma Saravalle.
São as empresas que estão muito alavancadas, porque fizeram muitas aquisições, porque se alavancaram quando os juros estavam muito baixos; “ou empresas que necessariamente precisam, faz parte do seu business, ser alavancadas, como é o caso de uma empresa de logística”.
O setor de varejo não tem essa sazonalidade muito forte, essa sazonalidade fica por quarto trimestre, mas é importante essa sinalização.
Saravalle ressalta ainda que algumas empresas tiveram um resultado no 1T um pouco mais fraco, sobretudo empresas de serviços, que devem apresentar resultados melhores no quarto trimestre.
“Acho que o grande destaque, como a gente tem visto no PIB, uma surpresa positiva na margem do PIB, da atividade econômica, as empresas mais ligadas à economia local, talvez possam ter alguma surpresa positiva por aqui”, comenta o estrategista.
Destaque também para as empresas exportadoras. “Neste caso, precisa entender bem cada commodity, cada mercado, mas no câmbio também mais elevado. Acho que certamente esse câmbio, esse patamar de câmbio, não estava nas projeções dos analistas há um, dois trimestres atrás. Podemos ter alguma surpresa positiva e aí talvez até alguma surpresa negativa para aquelas empresas que têm algum custo em dólar, como peças, enfim, produtos importados, também pode ser um destaque negativo.”
Saravalle diz que empresas mais ligadas à economia local, como um setor de serviços, até mesmo os consumos. “Estamos animados com consumo de vestuário, especificamente, talvez tenha alguma surpresa positiva, mas outras empresas ligadas a serviços, à economia local, a gente pode ter na margem alguma surpresa positiva”, afirma.
Bancos – Conforme o estrategista, os bancos vêm bem no 3T24. “Acho que uma sequência de surpresa positiva no sentido de que nós, ao longo desses últimos meses, esperávamos uma piora drástica do perfil das dívidas das famílias, das empresas, o que na margem tem acontecido, mas talvez não na mesma intensidade como os mais pessimistas esperavam.”
Para Saravelle, “tem um bom comportamento também no nível de inadimplência e deveremos continuar vendo um bom patamar de lucratividade dos bancos, que é um peso grande também no nosso Ibovespa”.
O setor de siderurgia ainda é bastante depreciado, “mas também talvez sinalizando algum ponto de inflexão aí após esses novos estímulos da China, talvez sinalizando um quarto mês, mas principalmente está vendo 2025 um pouco melhor do que num momento que a gente está agora nesse momento”.
Para ver e comparar o que cada analista está falando sobre os resultados trimestrais, você pode acompanhar as publicações de diversas casas no Clube Acionista por aqui.