Independentemente do momento da vida em que você esteja e se está pensando em melhorar sua relação com o dinheiro, eu diria que o primeiro passo é buscar estabilidade financeira. Isso porque a estabilidade financeira nada tem a ver com a quantidade de recursos que você dispõe. É possível atingi-la mesmo com um orçamento limitado.
Sabe-se que a estabilidade financeira é um estado, uma condição, na qual o indivíduo, a família, a empresa ou a instituição, possui os recursos necessários para atender às necessidades básicas e despesas regulares por um bom período de tempo. Isso significa que há um equilíbrio entre rendimentos e despesas, permitindo lidar com imprevistos financeiros e até mesmo planejar o futuro. A estabilidade financeira, então, se reflete em mais qualidade de vida.
A explicação é simples, mas sabemos que a prática é bem mais complicada. Estamos o tempo todo mudando os planos e recalculando a rota para lidar com despesas inesperadas, imprevistos e as flutuações do mercado profissional e econômico. De uma hora para outra a família aumenta, o desemprego bate à porta ou um tratamento de saúde se torna prioridade. Não se busca estabilidade financeira para ficar rico, mas justamente para lidar com esses momentos de forma mais tranquila.
E também realizar sonhos. Pode ser uma nova graduação, morar no exterior, comprar uma casa para toda família, fazer uma viagem internacional ou até tirar um ano sabático. No melhor cenário possível, a gestão financeira é tão estável e equilibrada, que já prevê uma reserva de recursos para os planos de longo prazo.
Pensando que estabilidade financeira é uma condição que todos podem atingir, independente da formação, do momento da vida e da quantidade de recursos, eu vou apresentar alguns passos essenciais para alcançá-la:
- Defina seu orçamento.
Não tem como pular essa etapa. O primeiro instrumento da gestão financeira eficiente vai obrigá-lo a ser mais organizado e disciplinado. Comece anotando todas as entradas e saídas do seu mês. Perceba o quanto você realmente ganha para definir seu estilo de vida e descubra os ralos do seu cotidiano. Pode ser que você precise mudar de supermercado, cortar o café da padaria, cancelar várias assinaturas de streaming. Coloque tudo no papel.
- Rotular, reduzir, reservar.
Quando rendas e despesas estiverem no papel, você precisará rotular as despesas cotidianas como gastos fixos e gastos variáveis. Os gastos fixos são as necessidades básicas. Os gastos variáveis são aqueles em que você deve avaliar se podem ser reduzidos ou cortados. Por fim, não esqueça de guardar parte da renda para sua reserva de emergência. Quando sua reserva estiver bem alocada, você pode começar a pensar em investir. Caso você tenha problemas com dívidas, eu escrevi um artigo recentemente com dicas práticas para sair do vermelho. (https://www.linkedin.com/pulse/como-montar-um-plano-para-sair-das-d%C3%ADvidas-e-nunca-mais-bruno-corano-sklqe/)
- Defina metas.
A maioria das pessoas não vai falhar montando o orçamento, categorizando as despesas, definindo as prioridades. Ela vai falhar justamente naquele momento em que alcançar estabilidade financeira deixa de ser uma “novidade”. Quando perde a graça, sabe? Este é o momento de ser paciente, disciplinado e resiliente. A melhor estratégia para atravessar essa fase é com um bom plano de metas e recompensas. Quando você define metas de curto, médio e longo prazo, cada conquista é uma vitória e renova a confiança no processo. O próximo passo é uma dica específica para quem está no limite do orçamento, pagando só as necessidades básicas, sem conseguir dar um passo adiante.
- Aumente sua renda.
Aqui vale exercitar seu lado criativo e empreendedor. De que forma, você poderia conseguir uma renda-extra com sua real disponibilidade de tempo e recursos? Seria possível acumular algumas horas-extras de trabalho e vender alguns períodos de descanso? E assumir trabalhos como freelancer? Aposte em habilidades adicionais e faça um investimento de trabalho por um período de tempo determinado até atingir um objetivo. Este objetivo pode ser, por exemplo, conseguir pagar um curso profissionalizante ou alguma especialização que fará você ganhar mais no futuro. Não se arrisque demais. Se precisar fazer dívidas, reveja suas opções.
- Invista.
Contas pagas e reserva de emergência montada, o próximo passo é pensar no futuro. Você não vai poder ou querer trabalhar nesse ritmo para sempre, precisa pensar na formação dos filhos e o dinheiro desvaloriza. Sentiu-se ansioso só de ler este trecho do artigo? Pois a estabilidade financeira também significa saúde mental. Conheça seu perfil investidor, converse com um planejador financeiro qualificado, que seja capaz de montar uma carteira de investimentos condizente com seus planos… E resista. Tenha foco, não desista.
Para finalizar, eu deixo um conselho: esteja pronto para mudar de rota. Revise seu plano constantemente, se adapte às situações e abrace oportunidades. Todo contexto pode mudar antes mesmo de você conseguir trabalhar no seu orçamento – e é assim mesmo. Entenda que o passo a passo que eu apresentei, não é apenas um meio para chegar a um fim. Ele é uma jornada de autoconhecimento em que você se torna mais responsável com seus gastos, mais prevenido com situações inesperadas e, por fim, mais seguro e confortável com seu futuro.