No Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado nesta quarta-feira, poucos são os motivos a comemorar. Nos últimos anos, a América Latina tem sido palco de um cenário alarmante: desastres naturais devastadores e custos econômicos astronômicos decorrentes das mudanças climáticas. Entre 1970 e 2021, os países do respectivo continente sofreram um impacto financeiro colossal de US$ 2 trilhões devido a eventos climáticos extremos. E as projeções são sombrias: até 2050, o prejuízo anual poderá atingir a marca de US$ 100 bilhões, a menos que medidas drásticas sejam adotadas.
Recentemente, o trágico episódio no Rio Grande do Sul, que evidenciou não apenas as perdas materiais, mas também o drama humano por trás das estatísticas, serve como um lembrete doloroso da urgência em enfrentar essa crise global.
Nesse contexto, um estudo de destaque do Institute for Governance Sustainable Development (IGSD) vem destacando a importância de combater os chamados “superpoluentes climáticos” como uma medida emergencial para conter o aquecimento global. Esses gases de efeito estufa de vida curta na atmosfera representam um desafio premente e, ao mesmo tempo, uma oportunidade de ação imediata.
O relatório aponta para uma descoberta impressionante: cortar esses superpoluentes climáticos pode resultar em uma redução de quase quatro vezes mais no aquecimento até 2050 do que abordar apenas o dióxido de carbono (CO2). Com medidas focadas, é possível evitar até 0,6°C de aquecimento até o meio do século, mantendo viva a esperança de alcançar a meta ambiciosa de 1,5°C estabelecida pelo Acordo de Paris.
E há uma boa notícia para a região da América Latina e Caribe: o potencial de mitigação é ainda maior, podendo chegar a 0,9°C até 2050. Isso significa que a ação decidida contra esses superpoluentes climáticos pode ser um divisor de águas na luta contra as mudanças climáticas, com resultados tangíveis e imediatos.
Comparativamente, estratégias de descarbonização agressiva que visam alcançar emissões líquidas zero de CO2 até 2050 podem ter um impacto mais limitado, evitando apenas cerca de 0,2°C de aquecimento até o mesmo período.
Diante dessas descobertas, a mensagem é clara: a América Latina está em uma encruzilhada crucial. A ação rápida e decisiva pode não apenas salvar vidas e proteger comunidades vulneráveis, mas também abrir caminho para um futuro mais sustentável e resiliente para todos. O tempo para agir é agora.
Notícia publicada originalmente em: https://ruralnews.agr.br/agricultura/meio-ambiente/dia-do-meio-ambiente-desastres-naturais-custaram-us-2-tri-em-meio-seculo-a-america