O tempo instável prejudicou o trabalho dos produtores de soja gaúchos na semana passada. As áreas remanescentes de soja, ainda sujeitas à colheita, localizam-se predominantemente na Metade Sul do Rio Grande do Sul. Porém, o novo período de condições climáticas adversas dificultou a operação, e a área colhida avançou 3% em relação à semana anterior, atingindo 94% no Estado, conforme levantamento da Emater-RS/Ascar.

No extremo Sul, não houve a possibilidade de colheita em função da recorrência de chuvas e, na região da Campanha gaúcha, apenas no dia 26 deste mês, houve alguns períodos de sol, que permitiram aos poucos produtores acessar as lavouras de melhor drenagem para realizar a atividade. Esses produtores enfrentaram imensas dificuldades devido à alta umidade dos grãos e à presença de grãos avariados, que causam obstrução nas máquinas colhedoras.

Além disso, a estatura das plantas está baixa em decorrência do excesso de chuvas durante o período de desenvolvimento vegetativo, o que provoca a fixação de vagens muito próximas ao solo. Apesar da disponibilidade de plataformas flexíveis na maioria das colhedoras, a função está comprometida pela instabilidade do solo, especialmente nas áreas implantadas pelo sistema convencional com gradagem. Essa situação resulta em perdas significativas, além dos danos por debulha natural, germinação nas vagens, apodrecimento dos grãos e durante o processo de colheita.

Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, na Campanha, o cenário de prejuízos, que está extremamente delicado, agravou-se em razão da paralisação da colheita por mais uma semana. Restam cerca de 125 mil hectares para colher, o equivalente a 37% da área total cultivada.
As cargas de soja entregues apresentam altos percentuais de impurezas e grãos avariados, que aumentam semanalmente. Em Bagé, as cerealistas rejeitam soja com umidade acima de 25% devido à capacidade limitada de secagem, o que tem refletido em longas filas e na paralisação do recebimento.

Os produtores aguardam a redução da umidade dos grãos nas lavouras. Algumas empresas de outras regiões do Estado estão comprando soja diretamente nas lavouras por valores entre R$ 40,00 e R$ 70,00/sc., independentemente da umidade, para fazer blend com soja de boa qualidade.

Em Dom Pedrito, grandes produtores concluíram a colheita, utilizando suas próprias estruturas de secagem e armazenagem, mas ainda restam 60 mil hectares por colher. Em Caçapava do Sul, restam 10 mil hectares, mas há um número crescente de lavouras abandonadas em função das perdas elevadas.

Na Fronteira Oeste, o clima foi mais favorável, permitindo o avanço da colheita. Restam cerca de 130 mil hectares a serem colhidos, representando 17% da área total cultivada. Em Manoel Viana, a colheita foi concluída. Em São Borja, a colheita atinge 95%, e os produtores enfrentam perdas crescentes. Algumas empresas recusam os grãos em decorrência da alta incidência de avariados. Há muitos pontos com solo encharcado, impossibilitando o acesso das colhedoras.

Na de Caxias do Sul, cerca de 20 mil hectares ainda não foram colhidos, representando quase 10% da área cultivada na região. As lavouras que ainda estão no campo apresentam grãos totalmente deteriorados, inviabilizando sua colheita. Diante dessa situação, pode-se considerar que a colheita da safra está concluída. O rendimento médio da safra 2023/24 foi de 3.459 quilos por hectare.

Na de Erechim, 99% da colheita foi realizada. A produtividade média alcançada é de cerca de 3,8 mil quilos por hectare. As restevas das lavouras de soja são as que mais apresentam perdas de solo causadas pelo excesso de chuvas. Em média, o custo para reposição da fertilidade e para eliminação de voçorocas nas áreas erodidas varia de R$ 2 mil a R$ 3 mil/ha.

Na de Frederico Westphalen, a colheita está praticamente finalizada, chegando a 99%. A produtividade média final deverá ficar em torno de 3,6 mil quilos por hectare. Apesar das dificuldades causadas pelas chuvas, foram realizadas algumas colheitas no período. Contudo, a qualidade dos grãos está insatisfatória.

Na de Ijuí, entre os dias 21 e 22/05, a colheita foi realizada nas lavouras de coxilha, onde as condições climáticas permitiram o acesso. Nas áreas mais baixas do relevo, a entrada das máquinas não foi possível. A qualidade do produto colhido variou consideravelmente.

As lavouras que permaneceram maduras por mais de 15 dias sem possibilidade de colheita, sofreram enormes perdas na qualidade dos grãos. As perdas foram mais acentuadas nos municípios de Jóia e Salto do Jacuí, chegando à redução de até 80% na produtividade e, em casos pontuais, houve perda total das lavouras devido à baixa qualidade dos grãos.
As lavouras de segundo cultivo, semeadas após a colheita de milho, apresentaram coloração escura e grãos ardidos. Restam pequenas áreas de segundo cultivo para colher. Apesar da queda de produtividade na fase final da colheita, em aproximadamente 970 mil hectares, a média é de cerca de 3,6 mil quilos por hectare.

Na de Pelotas, durante praticamente todos os dias, ocorreram chuvas, mantendo os solos encharcados e impossibilitando o tráfego de máquinas e a colheita. Em Santa Vitória do Palmar, muitas lavouras de soja permanecem alagadas e devem sofrer perdas totais.

Em função dos atrasos na secagem e dos dias chuvosos, os caminhões não puderam abrir as lonas que protegiam as cargas, agravando, ainda mais, a qualidade dos grãos armazenados. Até o momento, a produtividade de referência é de 1.584 quilos por hectare. Na região, 64% das lavouras foram colhidas; e 36% aguardam condições melhores de solo e clima para a operação.

Na de Santa Maria, restam cerca de 7% das lavouras a serem colhidas. Porém, é improvável que a operação seja realizada em razão da falta de dias secos consecutivos e da severa perda de qualidade da produção remanescente. A expectativa inicial de produtividade da soja, na região, era de 3.269 quilos por hectare, mas, após o evento das enchentes, a estimativa atual está em torno de 2,5 mil quilos por hectare.

Na de Santa Rosa, a colheita está praticamente concluída, chegando a 99%. As perdas de produtividade, causadas pelas chuvas em maio, foram pequenas, pois a colheita estava praticamente finalizada. A produtividade média inicial esperada era de 3.325 quilos por hectare, mas houve redução para 3.173 quilos por hectare. Alguns produtores colheram as lavouras danificadas e armazenaram o produto de baixa qualidade em galpões, planejando utilizá-lo para alimentação animal. Foi recomendado a esses produtores a realização de análises desses produtos para eliminar o risco de intoxicação animal.

Na de Soledade, antes das chuvas, cerca de 60% da área, no Baixo Vale do Rio Pardo, e 92%, no Alto da Serra do Botucaraí e Centro Serra, foram colhidos. Na maioria dos municípios dessas regiões, a colheita está concluída, exceto no Baixo Vale do Rio Pardo, onde os agricultores aguardam tempo firme para finalizar a operação no restante da safra. Devido à deterioração dos grãos, muitas lavouras foram abandonadas, podendo atingir 12% da área cultivada. Após as chuvas, as lavouras colhidas sofreram perdas de qualidade, e muitos produtores tiveram que acionar o seguro. Na média regional, restam 6% a serem colhidos.

Notícia publicada originalmente em: https://ruralnews.agr.br/agricultura/chuvas-no-rio-grande-do-sul/colheita-da-soja-chega-a-94-no-rio-grande-do-sul

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