A Mater Dei (MATD3) informou, na última quinta-feira (30), que celebrou contrato em que se comprometeu a vender a totalidade da sua participação, equivalente a 70% do capital social, no Hospital Porto Dias, em Belém. O valor da operação é de R$ 410 milhões.
“A operação reforça a disciplina financeira da companhia, através do ajuste de portifólio em um momento de desafios do setor, diminuindo a exposição a riscos e fortalecendo a posição de caixa com uma melhora no contas a receber, capital de giro e endividamento”, disse a empresa em comunicado.
Análise
Para o Itaú BBA, a notícia indica melhores tendências de fluxo de caixa à frente, mas com uma grande mudança na trajetória de expansão.
“Observamos que a indústria hospitalar como um todo enfrenta desafios devido à pressão da maioria dos planos de saúde, com prazos de pagamento mais longos e glosas nos últimos trimestres, e a Mater Dei não foi exceção”, afirmaram os analistas Felipe Amancio, Lucca Generali Marquezini e Vinicius Figueiredo.
O banco afirmou que a transação é positiva em termos de perspectivas de fluxo de caixa futuro, já que os desafios financeiros enfrentados pelos operadores de planos de saúde menores podem levar algum tempo para se ajustarem e para que os retornos dos prestadores de serviços na região se recuperem.
“Isso também significa uma mudança significativa na estratégia da empresa para expansão de capacidade pelo Brasil, retirando um plano de expansão mais amplo e focando principalmente nos estados de Minas Gerais e Bahia”, escreveram.
Neste sentido, o BBA indica que a empresa agora terá um balanço mais confortável para projetos greenfield e outras aquisições potenciais.
Em termos de indicadores, o Hospital Porto Dias gera um EBITDA de aproximadamente R$ 130 milhões, o valor da transação (R$ 780 milhões por 100% da participação) implicaria um múltiplo EV/EBITDA de 6x, que não está distante dos atuais ~6-7x da empresa, segundo a análise.
O BBA tem recomendação de compra na ação MATD3, com preço-alvo de R$ 13,00, uma potencial alta de mais de 150% se considerado o preço atual da ação.
Nesta sexta-feira (31), os papéis ordinários da empresa recuavam 0,20%, a R$ 5,02, na abertura de mercado (por volta de 10h15, no horário de Brasília).