As intensas chuvas desencadearam uma série de problemas, destacando-se a erosão do solo e o arraste de sementes de forrageiras devido às enxurradas no Rio Grande do Sul. A necessidade de replantio é iminente, porém a escassez de sementes de pastagens de inverno no mercado dificulta esse processo.De acordo com o Informativo Conjuntural da Emater/RS-Ascar, divulgado na quinta-feira passada, o excesso de umidade também inviabilizou o pastejo, danificando as plantas e compactando o solo. Em áreas menos afetadas, porém, o campo nativo demonstra resiliência, garantindo ainda uma oferta de forragem. Entretanto, em certas regiões do Estado, as enchentes causaram danos irreparáveis às áreas destinadas à pecuária e as criações sobre o impacto da alta umidade e da escassez de forragem.“A estrutura dos solos foi severamente atingida nessa calamidade, tanto na agricultura como na pecuária gaúcha”, avalia o diretor técnico da Emater/RS, Claudinei Baldissera, ao lamentar que municípios fortemente afetados pelas chuvas sofreram o carregamento de camadas de solo. “O alto impacto das chuvas sobre a estrutura dos solos prenuncia que os próximos anos serão de recuperação dos solos agrícolas, porque a perda não foi só de estrutura de solo, mas de fertilizantes e corretivos, carregados pelas águas das enxurradas e pelo escoamento superficial”, ressalta Baldissera. Com relação ao milho silagem, que é um alimento bastante importante para o trato animal, principalmente para atividade de bovinos de leite, 95% da área já está colhida. “Essa informação é bastante importante, porque indica que os agricultores conseguiram colher a silagem e ter alimento estocado para o inverno”, observa o diretor técnico.Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Frederico Westphalen, a atividade de colheita e de ensilagem está tecnicamente encerrada. Muitos silos foram danificados pelas chuvas ou sofreram infiltração de água, gerando consideráveis perdas no produto armazenado.Pecuária de leiteA baixa oferta de alimentos e da qualidade do pastoreio causaram redução da produção de leite em diversas propriedades. O contexto de chuvas persistentes e de enchentes tem sido desafiador em várias regiões, impactando de forma significativa o desenvolvimento das pastagens e o bem-estar dos animais. Há problemas logísticos, como estradas intransitáveis e interrupções na coleta do leite, levando à necessidade de utilização de geradores para ordenha e resfriamento, aumentando os custos operacionais para os produtores.Pecuária de corte – Os rebanhos estão sofrendo estresse em razão da umidade e da queda nas temperaturas, além da escassez prolongada de forragem. O manejo dos animais está mais difícil, especialmente por causa do encharcamento das áreas de pastagens e da necessidade de realocação para áreas mais altas em algumas propriedades. Além disso, as restrições logísticas e sanitárias, decorrentes das condições climáticas, prejudicam a comercialização e o fornecimento de insumos essenciais, agravando ainda mais a situação para os pecuaristas.ApiculturaAs chuvas contínuas têm causado escassez de néctar e pólen devido à lavagem das flores, além de dificultar o acesso aos alimentos naturais durante o forrageamento. Também ocorre consumo acelerado das reservas de mel, afetando a manutenção dos enxames.PisciculturaNa região administrativa da Emater/RS-Ascar de Erechim, as chuvas intensas e a queda de temperatura, aliadas a vários dias de nebulosidade, afetaram o desenvolvimento da atividade. Porém, não houve relatos de mortes de peixes nem rompimento de açudes ou de viveiros, mas uma análise mais precisa ainda será realizada.Na região de Ijuí, transbordamentos de tanques levaram à fuga dos peixes para corpos d’água. Houve problemas no fornecimento de alimento nos tanques, mas a quantidade de peixes restantes nesses reservatórios afetados ainda não pode ser determinada.Na de Porto Alegre, há enormes prejuízos em razão do transbordamento e do rompimento de açudes, tornando difícil prever o futuro da atividade após esses eventos.Na de Santa Rosa, também houve transbordamento de tanques em algumas propriedades, o que provocou perda de alevinos e de peixes maiores. Em Santo Cristo, município de importante atividade piscicultora, as chuvas excessivas causaram danos significativos às infraestruturas, e ocorreram grandes perdas na produção de peixes.Pesca artesanal – Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Pelotas, em Rio Grande, a enchente da Lagoa dos Patos deixou as ilhas alagadas, e os pescadores precisaram buscar abrigo em embarcações ou locais disponibilizados pela prefeitura, ou ainda em casas de parentes. Em Pelotas, a situação é semelhante; várias comunidades pesqueiras foram inundadas.O apoio da Defesa Civil estadual, do Exército, da prefeitura, da Emater/RS-Ascar e de outros órgãos está sendo crucial neste momento. As peixarias e residências foram destruídas pela força das águas. Na Lagoa Mirim, a captura de traíra e viola continua. Em Jaguarão, os níveis elevados do rio e da lagoa têm prejudicado a pesca, afetando a renda dos pescadores.Em Tavares, a captura de camarão, na Lagoa do Peixe, está adequada, apesar das chuvas intensas. Contudo, os pescadores enfrentam dificuldades de acesso à lagoa, em função das estradas precárias. Os pescadores da Lagoa dos Patos permanecem em suas residências, pois não ocorreram alagamentos, mas estão impossibilitados de pescar.Na região de Santa Rosa, em Garruchos, o Rio Uruguai atingiu a marca de 17,54 metros, desalojando diversas famílias, que perderam materiais e não conseguem acessar os locais de pesca. Em Porto Mauá, os pescadores relatam aumento na oferta de peixes em razão do aumento dos rios Santa Rosa e Santo Cristo, especialmente na foz desses corpos hídricos. Porém, a elevação do rio e a correnteza forte dificultam a pesca.

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