Os
sistemas agrícolas na América do Sul têm avançado nas últimas décadas e
se tornado protagonistas não só na produção de alimentos e bioenergia
para o mundo, mas também uma importante ferramenta para a regeneração
dos
ecossistemas.
No
processo de entender suas responsabilidades frente aos desafios que vão
além de preservar áreas de vegetação nativa, alguns representantes do
setor já estão investindo em tecnologias e inovações que possam promover
sistemas agrícolas de
produção mais eficientes e trabalhem para regenerar o ambiente,
principalmente o solo, trazendo resiliência e sustentabilidade para o
produtor rural e toda a cadeia produtiva.
É
nesse contexto que surge o que chamamos de agricultura regenerativa, um
modelo de produção agrícola baseado em regenerar a biodiversidade do
solo e o ambiente, trazendo mais vida e complexidade a esses sistemas de
produção. Isso é possível com
o uso de práticas de conservação de solo, bioinsumos, incremento de
matéria orgânica no solo, conservação e retenção de água. Essas
práticas, além de promoverem sistemas mais eficientes, também têm o
potencial de sequestro de carbono, sendo
uma potente ferramenta na mitigação e no enfrentamento dos desafios das
mudanças do clima.
O
Brasil é um protagonista quando falamos em agricultura regenerativa! O
que buscamos com ela é ir além da visão de simplificar os processos:
precisamos alinhar nossas práticas com o modo como a natureza age, com
mais diversidade e sistemas mais
heterogêneos. Na prática, queremos criar redes de interação e promover
maior fertilidade do solo, resistência a desafios climáticos e,
portanto, maior eficiência. Todo mundo sai ganhando!
A
agricultura regenerativa já faz parte das estratégias globais da
Cargill, pois entendemos que será por meio desse modelo que garantiremos
a segurança alimentar e enfrentaremos os desafios das mudanças do
clima. Nos Estados Unidos, por exemplo,
mantemos desde 2021 o programa RegenConnect, que fomenta práticas
agrícolas regenerativas recompensando financeiramente o produtor rural
pelo sequestro de carbono.
O
objetivo é facilitar e incentivar a adoção das práticas regenerativas,
que vão desde o não revolvimento do solo até a implementação de culturas
de cobertura, por meio do suporte técnico de um time de agrônomos
conservacionistas que auxiliam
os agricultores no planejamento do manejo agronômico de suas
propriedades. Além disso, realizamos a medição e o reporte dos impactos
dos manejos adotados no sequestro de carbono.
Um
ponto alto de como estamos caminhando nesta agenda no Brasil é o
ReSolu, programa lançado para promover a construção desta nova geração
de sistemas agrícolas, mais resilientes e eficientes, pautados em solos
mais vivos e ecossistemas mais
diversos. O ReSolu traz aos produtores rurais uma plataforma completa de
soluções, para acelerar e dar escala à agricultura regenerativa no País.
Baseado em quatro pilares – assistência técnica especializada,
portfólio de insumos, finanças verdes e mensuração de carbono – o
programa está organizado em duas frentes: conversão de áreas degradadas
para a agricultura, com práticas
agronômicas mais sustentáveis, e adoção de práticas regenerativas em
áreas agrícolas já estabelecidas, para melhorar a saúde do solo.
Com
essa plataforma de soluções, esperamos não só estimular a prosperidade
dos produtores rurais como também estimular o uso da agricultura como
ferramenta de geração de impacto positivo no ecossistema, por meio de
uma iniciativa que reúne
benefícios para o meio ambiente, como a redução de gases de efeito
estufa, a conservação de recursos hídricos e o aumento da saúde do solo e
da biodiversidade.
Estes
programas, tanto no Brasil quanto no exterior, fazem parte do
compromisso que a Cargill assumiu desde sempre com o produtor e com a
sustentabilidade. A agricultura é a forma como fazemos esse compromisso
se tornar realidade e, no caso do Brasil,
ela é chave para alcançarmos índices cada vez mais altos de excelência e
boa gestão dos recursos naturais.
* Ingrid Graziano é líder de Produtos de Sustentabilidade para a América do Sul.