O Rio Grande do Sul é hoje o terceiro estado do Brasil que mais utiliza ILPF, com 2,2 milhões de hectares. O ranking é liderado por Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Os especialistas avaliam a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) como uma estratégia promissora para aumentar a produção e a renda dos agricultores e dizem que a tecnologia tem potencial para crescer no território gaúcho.O gerente técnico da Serviço de Inteligência em Agronegócios (SAI) Armindo Barth Neto, esteve presente na Caravana ILPF que passou a semana no Rio Grande do Sul e foi palestrante nos dias 17 e 18 de abril, nas cidades de Rosário do Sul e Ijuí. Ele abordou o tema “Como produzir mais e ganhar mais dinheiro com a ILPF”. Com quase 30 anos de pesquisa, tanto no Brasil quanto no exterior, os benefícios dessa abordagem incluem estabilidade produtiva, diversificação de renda e melhorias significativas no solo e na ciclagem de nutrientes.“Se tem tantos benefícios assim, todas as áreas deveriam ter a ILPF. Mas quando vamos para a prática vemos que isso não acontece. Em áreas tradicionais de agricultura do Rio Grande do Sul vemos pouca Integração Lavoura Pecuária ou quando vê ela ainda está muito aquém dos dados produtivos que a pesquisa mostra”, observou.O especialista lembra que só na soja, os gaúchos plantam cerca de 6,8 milhões de hectares por ano, enquanto no arroz se chega a aproximadamente 1 milhão de hectares.“E quando a gente vai falar sobre os dados que têm da Integração Lavoura-Pecuária, se apontem mais ou menos 2,2 milhões de hectares com pecuária, que ainda é uma integração muito aquém daquilo que a gente tem, o que representa cerca de 28%. E ainda sim, na pecuária, é uma pecuária de baixa produtividade”, salientou.O palestrante questionou por que, com tantas vantagens evidentes, a prática não é mais difundida. Ele sugeriu que a resiliência da pecuária, mesmo com baixo investimento, e os modelos de gestão ineficazes são barreiras significativas. “Mesmo bons agricultores ainda tocam a pecuária de forma pouco profissional e por isso que essa ILP não ganha escala. Quando alguém decide investir nesse modelo acaba vendo os exemplos de baixa produção”, esclareceu.No entanto, ele acredita que é possível transformar esse cenário. A agricultura já é bem desenvolvida, e com as estratégias certas, a pecuária também pode alcançar altos níveis de produtividade. “A agricultura já tem suas tecnologias bem conhecidas e falta fazer isto na pecuária. Para isso, temos que encarar a pecuária como se encara as lavouras, com o mesmo profissionalismo”, salientou.Barth Neto, apresentou sete pilares que a consultoria trabalha para o sucesso na pecuária: modelo de negócio ajustado, design da fazenda, fertilidade do solo, plantio direto, excelência no manejo de pastagens, gestão de pessoas e gestão de indicadores. “Trabalhando bem esses pilares, a pecuária pode entregar resultado”, complementou.Para ilustrar seu ponto, Barth Neto compartilhou um caso de sucesso de uma propriedade em Charqueadas, na Região Metropolitana de Porto Alegre.A propriedade conseguiu triplicar sua produção de peso vivo por hectare em apenas um ano, passando de 93 para 251 quilos, graças à intensificação e aplicação dos pilares mencionados. “Essa melhoria significativa também resultou em um aumento substancial no faturamento anual, de R$ 2,5 mil para R$ 6,05 mil, com uma margem de lucro próxima a 20%”, reforçou.Para o especialista, esse exemplo evidencia o potencial ainda inexplorado da pecuária, que pode chegar a produzir até mil quilos de peso vivo por hectare por ano, se forem feitos os investimentos corretos e aplicadas as tecnologias adequadas. Assim, a ILP não só é viável como também altamente lucrativa, oferecendo uma oportunidade valiosa para quem deseja investir e aproveitar os benefícios dessa abordagem.

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Investir sem um preço-alvo é acreditar apenas na sorte