A Bovespa não encontra forças para acompanhar os recordes sucessivos dos mercados acionários no exterior, especialmente o americano. No último mês (até hoje), enquanto os indicadores americanos registraram valorizações entre 4% e 5%, a Bovespa mostra contração da ordem de 0,5%. Outra estatística negativa se refere ao volume de recursos sacados por investidores estrangeiros da Bovespa que em novembro retiraram liquidamente R$ 5,65 bilhões (até 25/11), acumulando saques em 2019 de R$ 36,05 bilhões.

Tudo isso, mesmo considerando que nossas ações ficaram duplamente mais baratas em dólar, não só pela valorização da moeda americana (e outras também) em relação ao real, como pela queda do mercado que chegou a atingir recorde de pontuação em 7/11 de 109.671 pontos, e hoje transita na casa de 107.000 pontos, algo como -2,5%.

Os três últimos dias estão sendo de pressão por conta de declarações mal avaliadas do ministro Paulo Guedes, pela inação do Congresso Nacional em dar sequencias às votações necessárias e com a agilidade que a grave situação exige, pelas nossas contas externas em franca deterioração e pela fragmentação da base política do presidente Bolsonaro, principalmente após o anúncio da criação de nova legenda partidária.

Tudo isso está sendo retratado na performance da Bovespa, no estresse do câmbio e também nas taxas de juros em alta por conta de repique da inflação recente e expectativa de que o Bacen possa ser mais comedido na redução dos juros, diante de tudo que está acontecendo.  Para complicar um pouco mais, na prática, a semana nos EUA está terminando hoje, já que amanhã é feriado de Ação de Graças (Thanksgiving), seguido da megaliquidação Black Friday.

Hoje acumularam a divulgação de dados de conjuntura nos EUA. A outra leitura do PIB do terceiro trimestre veio melhor, com expansão de 2,1% anualizada, quando o previsto era 1,9%. As encomendas de bens duráveis cresceram em outubro 0,6%, o ISM da atividade de Chicago subiu para 46,3 pontos, a renda pessoal ficou estável e os gastos com consumo cresceram 0,3%. A inflação pelo deflator de preços com consumo expandiu e, outubro 0,2% e taxa anualizada de 1,3%. Os pedidos de auxílio desemprego da semana anterior encolheram 15.000 posições para 213.000 pedidos. Os números de hoje mostram que a economia americana segue ainda forte, mas tende a desacelerar nos próximos meses, até por conta da demorar em fazer acordo com os chineses.

Aliás, sobre o acordo com a China, Trump voltou a falar que está bem encaminhado e deve ser fechado proximamente. Isso é que está movendo os mercados no exterior. No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava queda de 0,77%, com o barril em US$ 57,96, depois de estoques maiores na semana anterior relatados pelo departamento de Energia. O euro era transacionado em queda para 1,10 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 1.76%, em alta. O ouro e a prata com quedas na Comex e commodities agrícolas com comportamento misto. O minério de ferro na China operou com queda de 1,95% com a tonelada em US$ 87,56.

Aqui o Bacen relatou o estoque de crédito em outubro em alta de 0,3%, atingindo R$ 3,37 trilhões e participação no PIB de 47,6%. A inadimplência média ficou em 3,9% enquanto na pessoa física foi de 5,0% e na jurídica de 2,5%. O endividamento das famílias de setembro estava em 44,8%, e sem crédito imobiliário em 26,2%. O spread no crédito livre foi de 30,3%. O fluxo cambial de novembro até 25/11 estava negativo em US$ 1,1 bilhão e acumula no ano saídas de US$ 22,6 bilhões.

Do lado político, a poitava turma do TRF-4 estava julgando o processo de Lula e o sítio de Atibaia, e o relator João Pedro Gebran negou todas as linhas da defesa e votou por ampliar a pena para 17 anos com maioria para manter condenação. O presidente do Congresso Alcolumbre suspendeu a sessão sem terminar a análise dos vetos do orçamento e marcou sessão para a próxima terça-feira. O STF volta a julgar o compartilhamento de dados sigilosos com votos de Fachin, Barroso, Fux e Rosa favoráveis, com placar em 5X1. 

No mercado, dia de alta dos DIs para os principais vencimentos e o dólar encerrou com alta de 0,44% e cotado a R$ 4,259, depois de atuação do Bacen para evitar nova estilingada, tendo atingido cotação acima de R$ 4,27. No mercado acionário, dia de alta da Bolsa de Londres de 0,36%, Paris com -0,05% e Frankfurt com +0,38%. Madri em alta de 0,41% e Milão com queda de 0,26%. No mercado americano, o Dow Jones com +0,15% e Nasdaq com +0,66%. Na Bovespa, mais para o meio da tarde o índice passou a ser positivo, e no encerramento mostrava +0,61% e índice em 107.707 pontos. 

Na agenda de amanhã, nenhum indicador nos EUA por conta do feriado e aqui a FGV mostra o IGP-M de novembro e o Tesouro o resultado primário do governo central em outubro.
Alvaro Bandeira
Economista-chefe do banco digital Modalmais

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