Bruno Corano

Se você é uma pessoa interessada no universo das finanças, com certeza, tem sua reserva de emergência. A grande maioria dos especialistas a considera o ponto de partida para os investimentos por seu potencial educador, assim como acontece com a poupança (afinal, é melhor aprender a economizar o próprio dinheiro com aplicações na poupança do que guardar absolutamente nada).

Agora suponhamos que você já está um passo à frente com o dinheiro da reserva de emergência alocado em ativos que possam ser afetados pela Selic. Se este é o seu caso, muito provavelmente, você investe em aplicações de renda fixa como o Tesouro Selic, CDBs com liquidez diária geralmente atrelados ao CDI e fundos DI (produtos que alocam boa parte de seu capital em títulos públicos federais ou equivalentes atrelados à Selic).

Depois de um ano completamente estacionada, a Selic finalmente começou a cair em agosto de 2023. A promessa de que a Selic cairia mais se concretizou. Mas enquanto ela não chega a patamares bem mais baixos, ela continua sendo uma ótima aplicação. Se não, a melhor de todas.

Como um investidor iniciante, você pode estar com medo de perder dinheiro e já buscando uma forma de migrar sua reserva de dinheiro. Correto?

Errado.

Por que foi importante fazer essa introdução antes de responder à pergunta do artigo? Correr riscos com o dinheiro da reserva financeira mostra um desconhecimento da sua própria natureza, da sua razão de existir, ainda que você não seja mais um principiante nos investimentos.

Para que fique bem claro: nós somos todos acrobatas, enquanto a reserva de emergência é nossa rede de proteção. O dinheiro está ali guardado para trazer conforto imediato em uma situação imprevista, no caso do seu rendimento despencar ou seus gastos dispararem. No mundo acelerado e instável em que vivemos, não é exagero dizer que a reserva financeira é capaz de gerar mais saúde mental para quem vive sem o medo iminente de demissão ou doença.

Se faz parte do jogo financeiro correr riscos para ganhar mais, a reserva de emergência não permite esse tipo de premissa. O que se perde em rentabilidade, se ganha em segurança, baixa volatilidade e liquidez diária.

A reserva de emergência precisa render para não desvalorizar com a inflação, mas tem que estar disponível para resgate com facilidade. Uma emergência não avisa a hora de chegar.

Quem deseja investir para gerar mais renda, precisa gastar tempo e recurso em educação financeira de qualidade, em aprendizados, para usar o conhecimento adquirido diversificando a carteira com outros tipos de ativos. Deixe a sua rede de proteção exatamente onde ela está enquanto planeja seu próximo salto!

Bruno Corano é apresentador do Manhattan Connection e do videocast Wall Street Cast, empresário e investidor há 30 anos

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Investir sem um preço-alvo é acreditar apenas na sorte