“Estas projeções reforçam a tese de que o BC manterá o ritmo de corte de juros, com mais duas quedas de meio ponto percentual nos próximos dois encontros do Copom”.

O Banco Central do Brasil (BC) divulgou na manhã desta terça-feira (5) o Boletim Focus. Trata-se de um levantamento feito junto a economistas e demais agentes do mercado financeiro acerca de suas expectativas para o país. O relatório mostra um certo otimismo por parte do mercado, principalmente porque projeta uma alta no Produto Interno Bruto (PIB) de 2024, bem como um recuo na inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). 

       A Selic, que trata do juro praticado no Brasil, permanece estável, em linha com a leitura anterior. “Estes indicadores mostram que a autoridade monetária conseguiu fazer um bom trabalho acerca do juro e, desta forma, obrigou a inflação a recuar e deve manter o ritmo de corte já precificado”, afirma o economista Volnei Eyng, CEO da Multiplike. “Vale lembrar que a perspectiva é de que o Comitê de Política Econômica (Copom) reduza a Selic em meio ponto percentual nos próximos dois encontros, fazendo com que a taxa encerre 2024 em 9% ao ano. A Selic está, atualmente, em 11,25% ao ano e o Copom se reúne nos seguintes dias 19 e 20 de março, bem como 7 e 8 de maio e também 18 e 19 de junho”, destaca.

Confira o Focus:

  • IPCA/24: de 3,80%  para 3,76%
  • IPCA/25: permanece em 3,51% 
  • IPCA/26: permanece em 3,50%
  • PIB/24: de 1,75% para 1,77% 
  • PIB/25: permanece em 2,00% 
  • PIB/26: permanece em 2,00%  
  • Câmbio/24:  permanece em  R$ 4,93
  • Câmbio/25: permanece em R$ 5,03
  • Câmbio/26:  permanece em R$ 5,04 
  • Selic/24: permanece em 9,00% 
  • Selic/25: permanece em 8,50%
  • Selic/26: permanece em 8,50%

Índice Equus de Precificação da Selic (IEPS) reforça corte

       O líder do departamento de análises quantitativas e sócio da Equus Capital, Felipe Uchida, reforça que o Índice Equus de Precificação da Selic (IEPS), elaborado pela própria gestora, indica que a probabilidade de um corte indicada para a Selic neste momento é de 99,1%. “Na semana anterior, o mercado apontava uma probabilidade de 98,1%. É importante notar que, no dia anterior à última reunião do Copom, esse percentual estava em 92,0%”, observa Uchida.

       “Nesta semana, observamos uma redução no número de contratos em aberto no mercado de opções de Copom, passando de 26.777 para 26.494. Além disso, há um aumento na probabilidade de um corte na taxa Selic, de 98,1% para 99,1%. “O PIB brasileiro, levemente abaixo do esperado, evidenciou a força do setor de serviços, destacando a necessidade de cautela na política monetária diante de potenciais pressões inflacionárias. Em paralelo, nos Estados Unidos, o presidente do FED de Atlanta, Raphael Bostic, enfatizou que a economia próspera e o mercado de trabalho robusto não justificam uma aceleração nos cortes de juros americanos, afetando diretamente o diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos. Com essas observações, aumenta-se a probabilidade de o Comitê de Política Monetária (Copom) optar por uma abordagem mais cautelosa, possivelmente favorecendo um corte de 0,50% na taxa Selic na próxima reunião, ao invés de acelerar o ritmo de cortes”, explica.

PIB do Brasil

       Eyng ressalta que o Produto Interno Bruto (PIB) do país permaneceu estável no quarto trimestre de 2023 e encerrou o ano com um crescimento de 2,9%, atingindo o valor total de R$ 10,9 trilhões. “O destaque foi o crescimento da atividade Agropecuária, que aumentou 15,1% de 2022 para 2023, exercendo uma influência significativa no desempenho geral do PIB do país”, frisa, com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 

       De acordo com o executivo, houve um crescimento na Indústria (1,6%) e nos Serviços (2,4%). “O PIB per capita alcançou R$ 50,1, representando um avanço real de 2,2% em relação a 2022”, destaca, explicando os dados divulgados pelo IBGE por meio do Sistema de Contas Nacionais Trimestrais. “O resultado desse PIB reforça a tendência de o BC Brasil cortar a taxa de juros do país em meio ponto percentual nas próximas duas reuniões à frente, conforme já precificado anteriormente pelo mercado”, diz Eyng. 

Agro dispara

       Em relação ao Agro, o especialista lembra que o resultado positivo foi impulsionado pelo crescimento da produção e pela maior produtividade da Agricultura, especialmente nas lavouras de soja e milho, que registraram produções recorde de acordo com o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA).

       “Outro fator que contribuiu positivamente para o resultado do PIB de 2023 foi o desempenho das Indústrias Extrativas, que cresceram 8,7% devido ao aumento na extração de petróleo, gás natural e minério de ferro”, frisa, acrescentando que o setor de Eletricidade e gás, água, esgoto e gestão de resíduos, cresceu 6,5% devido às condições hídricas favoráveis e ao fenômeno climático El Niño, que aumentou a temperatura média, impactando o consumo de água e energia”, frisa. Por outro lado, as Indústrias de Transformação (-1,3%) e a Construção (-0,5%) encerraram o ano com queda.

       “Já no setor de Serviços, todas as atividades registraram crescimento, com destaque para as Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados, que cresceram 6,6%.”

IBGE revisa o PIB:

  • Revisão do 3Tri ante 2Tri: de +0,1% para Estabilidade;
  • Revisão do 2Tri ante 1Tri: de +1,0% para +0,8%;
  • Revisão do 1Tri ante 4YTri22: de +1,4% para +1,3%;
  • Revisão do 4Tri de 22 ante 3Tri22: de -0,1% para +0,2%.
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