O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de setembro mostra inflação menor no período e favorece o corte de juros pelo Banco Central (BC), conforme intenção do Comitê de Política Monetária (Copom). A afirmação é do economista Volnei Eyng, CEO da Multiplike.

O dado, divulgado na manhã desta quarta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), está em 0,26% frente ao consenso de mercado, que previa 0,33%. “Vale lembrar que em setembro de 2022 a inflação foi de 0,29% devido ao represamento do preço do combustível por parte do governo federal, que gerou uma deflação naquele periodo”, diz.

“O ponto alto do IPCA de setembro de 2023 é a sustentação que ele dá à autoridade monetária em relação ao corte de juros da Selic, que é a taxa básica de juros da economia brasileira”, destaca o executivo.

E diz mais: “isso porque o BC já iniciou o ciclo de corte dos juros e a taxa está, atualmente, em 12,75% ao ano, mas deve chegar ao final deste ano com mais dois cortes previstos, de 0,50%. Assim, a expectativa é de que a Selic encerre o ano em 11,75%.”

Eyng elenca, ainda, que também há indicativos por parte do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) de que não haverá a necessidade de novos aumentos de juros. “Isso animou os mercados, e contribuiu para aliviar a pressão da inflação americana sobre o Brasil”, frisou.

Em se tratando da guerra entre Israel e Hamas, ele aponta que o mercado já precificou que o conflito não deve se espalhar e, desta forma, o investidor praticamente deixou de lado esse acontecimento, que de outra maneira poderia incidir sobre a carteira de ativos.

IPCA de setembro

O IBGE informa que a inflação de setembro foi de 0,26%, 0,03 ponto percentual acima da taxa de 0,23% de agosto em um resultado impulsionado pela alta de 2,80% da gasolina, subitem com a maior contribuição individual (0,14 p.p.) no IPCA. 

De acordo com a autarquia, no ano, a inflação acumulada é de 3,50% e, nos últimos 12 meses, de 5,19%, acima dos 4,61% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em setembro de 2022, a variação havia sido de -0,29%.

Grupos

O relatório do IBGE aponta que entre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados, Transportes teve o maior impacto positivo (0,29 p.p) e a maior variação (1,40%). Nesse grupo, destaca-se ainda o subitem passagens aéreas (13,47%) segundo maior impacto (0,07 p.p) no total, após recuo de 11,69% em agosto.

De igual modo, o item combustíveis (Transportes), onde o subitem gasolina está inserido, teve alta de 2,70%, com aumento nos preços do óleo diesel (10,11%) e do gás veicular (0,66%) e queda no etanol (-0,62%). 

Já a alta no ônibus intermunicipal, de 0,42%, é influenciada pelo reajuste de 12,90% aplicado em Salvador (2,62%) em 10/8.

Em se tratando do grupo Habitação, este cresceu 0,47%. Maior contribuição do grupo, (0,04 p.p.), energia elétrica residencial teve alta de 0,99%. 

Do lado da deflação, o IBGE aponta que no grupo alimentação esta alcançou 0,71%, contribuindo com -0,15 p.p. para a taxa do mês. Os preços da alimentação no domicílio recuaram 1,02%. A alimentação fora do domicílio teve alta de 0,12%, uma desaceleração ante o resultado de agosto, de 0,22%. 

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