O aumento da produção de resíduos sólidos é um dos desafios mais urgentes que a sociedade global enfrenta atualmente. O lixo, que inclui uma ampla gama de materiais descartados, está se acumulando em ritmo alarmante em todo o mundo. 

Segundo um levantamento da ONU, a humanidade gera cerca de 2,24 bilhões de toneladas de dejetos anualmente, dos quais apenas 55% são gerenciados em instalações controladas, e 14 milhões de toneladas de resíduos plásticos entram nos ecossistemas aquáticos.

Cleanup day: 71 milhões de voluntários

Em 2008, na Estônia, cerca de 50 mil pessoas se mobilizaram para chamar a atenção para  essa realidade, que desde aquela época já era preocupante. Eles se reuniram para limpar o país em apenas cinco horas. Ousados, nem imaginavam que nascia ali o Dia Mundial da Limpeza (cleanup day), um movimento que logo se espalharia por outras partes do planeta até ganhar atenção global. Hoje, são mais de 197 países, 71 milhões de voluntários e um dia que tem se tornado emblemático para focarmos na urgência e nos movimentarmos para promover o descarte correto. 

Segundo a Rede Biomar, no ano passado, apenas no Dia Mundial da Limpeza foram retiradas mais de 60 mil toneladas de resíduos. Só no Brasil, conseguimos recolher cerca de 2,5 toneladas de lixo de praias, rios e florestas. Esses resultados parecem afago, e revelam a relevância do movimento, mas não são a solução, sobretudo para o nosso país que é o quarto maior gerador de lixo do mundo.

Ninguém tem dúvidas que o lixo é um problema, mas daí a mudar suas atitudes e escolhas, o processo é longo. Eu tenho participado há 5 anos de mutirões de limpeza e liderado ações de engajamento da população e acredito que esse contato desnudado com o problema sensibiliza e pode transformar a ignorância em intencionalidade para gerar mudanças.

Os desafios

Entretanto, precisamos de mais consistência e velocidade para superar este desafio. E por isso que movimentos cívicos, como este, devem ganhar notoriedade para dar visibilidade aos problemas e para que assim seja possível desdobrar políticas públicas.

Tratar do tema na educação formal, como obrigatoriedade dos negócios em suas atividades econômicas, estabelecer estruturas adequadas para o descarte e criar operações de coleta seletiva, de maneira inclusiva e qualificada são algumas das necessidades. Por aqui, vamos celebrar as pequenas conquistas que o setor de resíduos e economia circular vem tendo, seja com o boom do ESG nas grandes corporações e o avanço na Política Nacional de Resíduos Sólidos, mas ainda com grandes expectativas para desdobramentos mais efetivos: enquanto há tempo!

Por Saville Alves. “Eu sonho, eu crio, eu faço acontecer”, este é o mantra de Saville Alves, cofundadora da SOLOS, startup de impacto que transforma a economia circular em presença na vida das pessoas, dos territórios e de marcas. Formada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) em comunicação social, sua militância iniciou a partir das experiências na universidade pública, quando atuou como uma das principais lideranças em movimentos de jovens empreendedores. Essas vivências levaram Saville a atuar no mercado em empresas como Braskem S.A. e Oi S.A, e no terceiro setor nas ONGs TETO e ARCAH. Essa pluralidade de percepções gerou um olhar que busca harmonia e levou Saville a ser eleita pela Forbes uma das 20 mulheres mais inovadoras das Ag Techs. 

(Artigo enviado por Pina/Beatriz Xavier)