A Vale, a gigante do minério e a produtora de aço verde H2 Green Steel assinaram um acordo para estudarem em conjunto o desenvolvimento de hubs industriais no Brasil e na América do Norte. Segundo comunicado à imprensa, nesses complexos industriais, a H2 Green Steel pretende fabricar produtos da cadeia siderúrgica de baixo carbono, como hidrogênio verde e ”hot briquetted iron” (HBI), tendo como insumos briquetes de minério de ferro (foto) produzidos pela Vale e eletricidade de fontes renováveis para suprir a produção de hidrogênio verde.
Dessa forma, a Vale estabelece uma parceria no Brasil com um produtor de ferro e aço verdes que está na vanguarda da descarbonização global, enquanto fomenta a indústria de baixo carbono e estimula a cadeia do hidrogênio verde no país. ”Com essa parceria, a Vale dá seus primeiros passos no mercado de hidrogênio verde”, afirma o presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo. ”A iniciativa reforça o papel da Vale como indutora da ’neoindustrialização’ do Brasil, que será baseada na indústria de baixa emissão de carbono, cumprindo sua vocação de âncora do desenvolvimento regonal, como sempre fez ao longo de sua história.”
Greenwashing
Bom recordar que, segundo publicação do InvestNews, em 28 de março de 2023, a Securities and Exchange Commission, (órgão equivalente à Comissão de Valores Imobiliários no Brasil), apresentou ao Tribunal Distrital dos Estados Unidos, o acordo firmado com a mineradora brasileira Vale S.A.. “Sem admitir ou negar as conclusões, a Empresa pagará um total de US$ 55,9 milhões para resolver as acusações feitas pela SEC, relacionadas às representações falsas e enganosas sobre questões relacionadas a sustentabilidade de suas operações. A SEC afirmou em sua reclamação que a empresa ocultou a condição insegura de suas barragens, o que fez com que suas divulgações fossem materialmente falsas e enganosas para os investidores”.
Além disso, a Vale (VALE3) não faz parte das empresas ESG Best in Class porque, por enquanto, não atende a todos critérios da B3: ISE, CO2 e IGPTW. De acordo com o especialista de investimentos do Acionista, Gustavo Guerses, empresas do tamanho da Vale têm dificuldade de ser 100% ESG, justamente por ser gigantes no seu setor, e que para Small Caps, como a SLC Agrícola, é mais fácil cuidar de cada etapa.
Sobre a H2 Green Steel
A H2 Green Steel é uma startup industrial sueca que foi fundada em 2020 e já iniciou a construção de sua primeira usina siderúrgica de grande escala em Boden, na Suécia, usando hidrogênio verde. “Anunciamos no início de nossa jornada que queremos explorar outras regiões geográficas onde possamos acelerar a descarbonização da cadeia de valor do aço. Tanto o Brasil quanto partes da América do Norte têm grande potencial devido ao acesso a fontes de energia renovável, minério de ferro de alta qualidade e disposição política para apoiar projetos de descarbonização, e é uma grande oportunidade para explorarmos nossa parceria com a Vale além do fornecimento de pelotas para nossa principal usina em Boden”, explica Kajsa Ryttberg-Wallgren, vice-presidente executiva de Crescimento e Negócios de Hidrogênio da H2 Green Steel.
Nos hubs, a Vale construa e opere plantas de briquete, que alimentarão reatores de redução direta para a produção de HBI (conhecido em português como ferro-esponja) e outros metálicos. No entanto, a quantidade de hubs que serão construídos, localização e capacidade de produção serão definidos somente após os estudos de viabilidade, que serão desenvolvidos em conjunto pelas duas empresas.
Expectativas da Vale
Em julho deste ano, a Vale e a H2 Green Steel assinaram um acordo para fornecimentos de pelotas de redução direta à planta de Boden. A Vale espera alcançar a capacidade de produção de 100 milhões de toneladas de aglomerados (briquetes e pelotas) após 2030. ”Vemos um grande potencial no Brasil como um polo de produtos siderúrgicos de baixa emissão de carbono”, afirma o vice-presidente de Soluções de Minério de Ferro da Vale, Marcello Spinelli. ”O país oferece condições como minério de ferro de alta qualidade e grande disponibilidade de energia renovável, inclusive eólica e solar, para alavancar a indústria de hidrogênio. A Vale vem contribuindo com a oferta de minério de ferro premium e com o desenvolvimento de produtos de alto valor agregado, como briquetes e pelotas, e de modelos de negócio inovadores, como os hubs industriais”.
Briquete de minério de ferro, uma inovação brasileira
Se você nunca ouviu falar, saiba que o briquete é desenvolvido pela Vale em seu centro de tecnologia em Minas Gerais, é produzido a partir da aglomeração a baixas temperaturas de minério de ferro de alta qualidade utilizando uma solução tecnológica de aglomerantes, que confere elevada resistência mecânica ao produto final. A primeira planta de briquete, com investimentos de R$ 1,3 bilhão, está sendo comissionada em Vitória e começará a produzir até o final do ano.
De acordo com a companhia, inicialmente produzirá em Vitória o briquete para a rota de alto-forno, que já foi testado e aprovado por vários clientes. “A empresa segue desenvolvendo o briquete para a rota de redução direta. Foram realizados com sucessos sete testes experimentais e ainda este ano serão feitos dois testes industriais.”
Soluções de Minério de Ferro, chave para a siderurgia de baixo carbono
A Vale tem como meta a redução em 15% as suas emissões de escopo 3, relativas à cadeia de valor, até 2035, o equivalente às emissões de um país como a Nova Zelândia. A empresa já assinou mais de 50 acordos com clientes para oferecer soluções de descarbonização, que são responsáveis por 35% das emissões de escopo 3 da empresa.
Como uma das soluções, está a construção de plantas de briquete localizadas nas instalações de alguns clientes, além dos hubs industriais. Até o momento haviam sido anunciados três desses complexos no Oriente Médio (Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Omã), que receberam o nome de Mega Hubs e produzirão HBI para suprir os mercados locais e transoceânico.
Descarbonização das operações da Vale
Sobre a descarbonização, a companhia estabeleceu a meta de reduzir suas emissões líquidas de carbono de escopo 1 e 2 (diretas e indiretas) em 33% até 2030, com o objetivo de zerá-las até 2050. Em 2021 a empresa anunciou investimentos de US$ 4 bilhões a US$ 6 bilhões para atingir essa meta.
Para reduzir as emissões diretas, a empresa vem estudando a adoção de combustíveis alternativos para suas ferrovias, como a amônia verde – produzida a partir do hidrogênio –, e para seus caminhões, como o etanol. A empresa também utiliza a eletrificação para equipamentos de menor porte. Para descarbonizar a produção nos fornos de pelotização, vem fazendo testes com o uso de biocarbono no lugar do carvão mineral.
Outra meta é atingir 100% do consumo de eletricidade por fontes renováveis nas operações do Brasil até 2025 e globalmente até 2030. Em julho passado, foi anunciado o atingimento da capacidade máxima do complexo solar Sol do Cerrado, inaugurado em 2022 em Jaíba (MG), um investimento de R$ 3 bilhões que fornecerá 16% de toda a energia consumida pela empresa no Brasil.
Além disso, também foi fechado um acordo com a Wabtec para iniciar estudos de desenvolvimento da amônia verde como combustível para trens da Estrada de Ferro Carajás. E foram adquiridas três locomotivas elétricas compondo a solução para trazer eficiência energética.
(Com informações da Imprensa da Vale)