O dólar teve viés positivo no exterior nesta terça-feira, 15, após a decepção com dados de atividade na China deflagrar uma busca por proteção. A pressão foi particularmente intensa sobre o peso argentino, em novo recorde no câmbio paralelo, ainda em reação aos efeitos da vitória do candidato ultraliberal Javier Milei nas primárias de domingo. Por outro lado, a libra se sustentou por perspectivas de mais aperto do Banco da Inglaterra (BoE), na esteira de dados de emprego e salário britânicos.

Durante a madrugada, o Banco do Povo da China (PBoC) determinou um inesperado corte de 15 pontos-base nos juros de médio prazo (MLF, na sigla em inglês). A medida seguiu dados de varejo e indústria aquém do esperado no país asiático.

“Está claro que os formuladores de políticas estão ficando mais preocupados com as perspectivas macro. Isso significa que as divergências de política monetária ainda estão aumentando e sugere mais fraqueza do yuan”, avalia o Commerzbank.

O cenário contribuiu para o quadro de cautela que se disseminou pelas mesas de operações globais ao longo do dia, em benefício do dólar. Houve ainda do de vendas no varejo mais forte que o esperado nos EUA. O índice DXY, que mede a moeda americana ante seis rivais fortes, avançava 0,06%, a 103,249 pontos pouco antes das 17h. O euro recuava a US$ 1,0904, enquanto a moeda americana subia a 145,58 ienes.

Os ganhos dos DXY eram limitados pela força da libra, que subia a US$ 1,2699. Apesar do avanço da taxa de desemprego no trimestre até junho, os salários aceleraram e atingiram maior nível desde o início da série histórica, em 2001. Segundo o Rabobank, o dado levou o mercado a especular que o BoE pode subir juros de 5,25% atualmente ao pico de 6%. “Embora a libra ainda possa atingir a área de US$ 1,28 nas próximas semanas, permanece nossa visão de que GBP/USD libra ante o dólar cairá em um horizonte de 3 a 6 meses, na expectativa de que as taxas do BoE estarão em seu pico”, avalia o banco.

Ante emergentes, mais um vez, o destaque ficou com a desvalorização do peso argentino, enquanto o governo adota medidas emergenciais para tentar conter o tombo da divisa após o resultado surpreendente de Milei. Proponente de políticas heterodoxas, como a extinção do Banco Central, o candidato disse hoje que conversou com o Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre seus planos econômicos.

Referência no câmbio paralelo, o dólar blue alcançou a marca inédita de 730 pesos argentinos, de acordo com o Ámbito. Na cotação oficial, o dólar se valorizava a 350,1404 pesos. A imprensa local informou que autoridades em Buenos Aires foram as ruas para controlar a atividade cambial nas casas portenhas. À tarde, a agência de estatísticas argentina informou que a inflação ao consumidor no país acelerou à taxa mensal de 6,3% em julho.

O dólar saltava ainda a 98,035 rublos russos, depois que o Banco da Rússia elevou a taxa básica de juros a 12%, em um esforço emergencial para moderar o tombo da moeda nacional. Há relatos de que o Kremlin planeja retomar controles cambiais.

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