A Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP) se posicionou contrária ao novo calendário de semeadura de soja definido nesta semana pela Portaria 840 do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Conforme reportagem publicada pelo portal RuralNews, o prazo de semeadura no Estado foi reduzido de 140 para 100 dias.
A entidade enviou nesta quarta-feira, 12/07, um ofício ao Mapa) pedindo que volte a vigorar no Paraná o calendário de semeadura da soja com 140 dias, como ocorria nas safras passadas. A Portaria 840 encurtou o calendário de plantio para a Safra 2023/24 para 100 dias. No caso do Paraná, os produtores poderão semear as lavouras entre 11 de setembro e 19 de dezembro.
Assinado pelo presidente da FAEP, Ágide Meneguette, o ofício argumenta que a medida recém-anunciada traria impactos ao planejamento da safra. Além disso, questiona a falta de diálogo com o setor.
“A redução do período de semeadura anunciada a dois meses de seu início causa um impacto no planejamento dos produtore. A maioria em fase de pré-custeio da safra. Mais ainda pelo fato de tal alteração não ter sido amplamente discutida com o setor”
Ágide Meneguette, presidente da FAEP
De acordo com o Mapa, o calendário foi encurtado como medida fitossanitária complementar ao período de vazio sanitário da soja. Na tentativa de reduzir a disseminação da ferrugem asiática, uma das mais severas doenças que atacam as lavouras da oleaginosa.
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O Ministério também aponta que as janelas de semeadura foram definidas a partir da análise de dados do Consórcio Antiferrugem, que detectou o aumento expressivo de casos da doença, conforme relatórios da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
No ofício, a FAEP traz uma ressalva importante sobre esse tópico. O aumento dos casos de ferrugem deve ser analisado em perspectiva, dentro de um período mais abrangente. Principalmente porque a Safra 2021/22 foi atípica: naquele ciclo, o Paraná enfrentou uma seca extrema, cenário que fez com que os casos de ferrugem caíssem ao menor patamar já registrados no Estado. Com a queda dos números em decorrência de fatores climáticos, era esperado que os casos voltassem a subir.
“Portanto, este aumento percentual tem como base de comparação o menor número de casos da série histórica de monitoramento de ferrugem, decorrente da maior seca registrada. Se considerarmos a média dos últimos cinco anos, anteriores a esta safra atípica [de 2021/22], as 83 ocorrências de ferrugem asiática no Paraná na Safra 2022/23 estão abaixo da média das últimas seis safras”
Ágide Meneguette, presidente da FAEP
Além disso, a FAEP sugere que as autoridades continuem monitorando a situação da safra. Caso houver piora dos casos, que o Ministério discuta com o setor medidas necessárias. “Reforçamos a importância das medidas de controle, mas a mudança abrupta e intempestiva não é salutar ao engajamento que sempre defendemos que os produtores rurais do nosso Estado tivessem”, conclui Meneguette.