CPI das invasões de terra retoma sessões com convocação de ex-ministro do GSI

Após uma pausa de 20 dias nos trabalhos, a CPI que investiga as invasões de terras no Brasil, presidida pelo deputado Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS) votou e aprovou, nesta terça-feira (11), requerimento para ouvir o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Marco Edson Gonçalves Dias, que ocupou o cargo nos primeiros meses da gestão do presidente Lula (PT). Além disso, foi aprovado o pedido de intimação do vice-presidente da Suzano Papel e Celulose, Luís Bueno.

De acordo com o autor do requerimento e relator da CPI, deputado Ricardo Salles (PL-SP), o objetivo da convocação do general é para esclarecer as ações da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no monitoramento de invasões de terras ocorridas entre janeiro e março deste ano. 

Urge a necessidade de termos conhecimento das atividades de inteligência desempenhadas pela Abin, tais como monitoramento das atividades de invasão de terra, articulação do SISBIN e análise das informações de inteligência produzidas por órgãos de inteligência federais e estaduais.

Ricardo Salles, deputado,autor do requerimento e relator da CPI

Além de Gonçalves Dias, a comissão também analisaria a convocação do ministro da Casa Civil, Rui Costa. Porém, o pedido foi retirado da pauta. Essa é a segunda vez que opositores à CPI atuam para evitar a convocação do ministro. Porém, existe a previsão de que o requerimento esteja em votação na volta do recesso parlamentar, em agosto. 

O deputado, e membro da FPA, Lucas Redecker analisou o receio de alguns membros da CPI em relação à convocação do ministro Rui Costa. “Isso demonstra que há alguma coisa muito importante ou que gera muito medo na esquerda”. 

Além disso, durante a reunião, foi aprovada a convocação do vice-presidente da Suzano Papel e Celulose, Luís Bueno, empresa que teve uma propriedade invadida em Aracruz, no Espírito Santo. “Nós estamos falando do convite de uma vítima. É importante para elas mostrarem para esta CPI o dano causado por esta invasão criminosa”.

Até o momento, dos 286 requerimentos apresentados durante as reuniões da CPI das Invasões de Terras, 207 estão pendentes de análise. Desde o início da comissão, o colegiado se concentrou em ouvir lideranças do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), ex-integrantes do MST e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União).

Invasões de terra despencam desde a instalação da CPI 

No decorrer dos trabalhos da CPI, liderada por membros da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), foi observado uma queda significativa no número de invasões. Levantamento produzido pela Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) apontou que, desde a instalação da comissão, apenas uma invasão de terra foi registrada. 

De acordo com o estudo, de janeiro a junho de 2023, primeiros meses do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foram registradas 56 invasões de terras no Brasil, o número é muito próximo ao total de invasões registradas no governo anterior (62).

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