A ata do Copom foi muito mais acomodatícia do que o comunicado. Para além da aguardada elevação do juro neutro, que de fato foi para 4,50% (+50bps) e outras avaliações sobre a conjuntura, a autoridade escreve que: “A avaliação predominante foi de que a continuação do processo desinflacionário em curso, com consequente impacto sobre as expectativas, pode permitir acumular a confiança necessária para iniciar um processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião.”
Em outras palavras, já há maioria avaliando que o processo desinflacionário em curso pode permitir o corte em agosto. Dois aspectos devem ser pontuados a priori: (i) até a reunião de 1-2 de agosto apenas o IPCA de junho será conhecido em termos de inflação fechada, com apenas outras informações de IPCA-15 em curso. Especificamente no IPCA de junho é esperada que haja uma deflação que beira -0,20%, ou seja, a desinflação corrente continuará com certeza e; (ii) formou-se maioria sem a participação dos dois diretores mais dovish recentemente indicados pelo executivo, o que deverá sacramentar um corte.
Deste modo, se atendo aos sinais de parcimônia, alteramos nossa perspectiva para a Selic de 13,75% no final desse ano para 12,00%, com o ciclo se iniciando com corte de -25bps e intensificando para -50bps nas 3 reuniões que encerram 2023. Para 2024 o ano deverá terminar em 9,0%.
Preliminarmente, elevamos nossa perspectiva para o IPCA de 2024 para 4,0% (de 3,7%) e de 2025 para 3,7% (de 3,5%). Vale salientar que tais projeções não consideram alterações na meta de inflação para 2025 e 2026, o que deverá incrementar as perspectivas em caso de ocorrência.
Étore Sanchez
Economista-chefe de Ativa Investimentos