O cenário econômico norte-americano atual é marcado por um termo que tem circulado constantemente entre analistas e especialistas: recessão. O clima de apreensão se instalou, sobretudo, devido a uma medida expressiva tomada pelo Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos. Em uma tentativa de conter a inflação acelerada, o Fed optou por aumentar as taxas de juros de maneira significativa – uma ação que pode ser vista como um reflexo direto da política de quantitative easing adotada durante a pandemia da COVID-19.
Essa medida tem desencadeado uma série de reações no mercado financeiro, com analistas e gestores focados em avaliar os impactos potenciais desse aumento súbito dos juros. Diante desse cenário, muitos gestores previam uma queda significativa nos principais índices de ações dos EUA, particularmente no S&P 500. Este índice é composto pelas 500 maiores empresas listadas nas bolsas norte-americanas, portanto, suas movimentações são consideradas um importante termômetro da economia e do mercado americano. No entanto, contrariando as previsões, essa queda não se materializou conforme o esperado. Surpreendentemente, até o dia 13 de junho de 2023, o S&P 500 acumulava um ganho de mais de 13% ao longo do ano.
Diante disso, é imperativo aprofundar nossa compreensão sobre a composição deste índice para identificar as empresas que contribuíram para sua manutenção em níveis elevados. O S&P 500 engloba uma diversidade de setores e indústrias, com empresas que são notáveis pelo seu sucesso e relevância em seus respectivos mercados. Entre elas, algumas gigantes como Apple, Microsoft, Alphabet, Amazon e Nvidia já ultrapassaram a marca simbólica de um trilhão de dólares em valor de mercado como abordado em nossa newsletter anterior.
Analisando a distribuição setorial no índice, é possível identificar a presença de empresas de tecnologia, petrolíferas, grandes bancos e empresas de pagamentos – muitas das quais estão entre as maiores posições do índice.
No entanto, ao olhar para o desempenho recente, algumas das principais empresas ‘tech’ passaram por quedas expressivas no último ano. Em 2022, a Tesla, controlada por Elon Musk, enfrentou uma diminuição de mais de 65% em seu valor de mercado. A Meta, controladora do Facebook, e a Nvidia também sofreram baixas consideráveis, com quedas de 64% e 50% em seus respectivos valores de mercado.
Apesar das dificuldades enfrentadas por essas empresas, é importante destacar que o mercado financeiro é dinâmico e está constantemente em fluxo. Hoje, as mesmas empresas que sofreram baixas expressivas estão contribuindo para a manutenção do S&P 500. É aqui que reside a magia do mercado de capitais: empresas que foram outrora consideradas ‘vilãs’ das carteiras, agora podem se tornar as responsáveis pela sua boa performance.
Ao abordar a dinâmica e a volatilidade do mercado de capitais, é crucial examinar os detalhes dos desempenhos individuais das empresas que compõem um índice. Nesse sentido, a Economatica compilou os dados com o objetivo de ranquear as empresas que mais contribuíram, tanto positiva quanto negativamente, para a performance anual do S&P 500.
Dentre as 500 empresas que formam o índice S&P 500, cerca de metade delas apresentou retornos positivos no ano de 2023. Isso significa que, apesar de um contexto macroeconômico desafiador, com a recessão à vista e a abrupta alta de juros instaurada pelo Fed, o mercado aqui representado pelo índice segue resiliente.
O histograma, uma representação gráfica que permite visualizar a distribuição dos retornos das empresas do índice, é uma ferramenta extremamente útil para esclarecer essa variação. Neste gráfico, cada coluna representa um intervalo de retorno, e a altura de cada coluna corresponde ao número de empresas que obtiveram retornos nesse intervalo. Nesse sentido, é possível observar que os retornos não foram uniformemente positivos para todas as empresas. A análise dos dados mostra que a grande maioria das empresas do índice teve retornos que variaram entre -5% e 4% em 2023.
Em destaque, estão as mesmas empresas que sofreram no ano anterior. A Nvidia, por exemplo, que tem participação de 2% no índice, contribuiu com um aumento de 3,24% no S&P 500, com uma recuperação impressionante de 165% no valor de suas ações. A Apple, com 7% do índice e maior participação, contribuiu com 2,83%, enquanto a Microsoft, com 6,1% do índice, proporcionou uma alta de 2,28%. A Meta também se recuperou, contribuindo com 1,68%.
Por outro lado, as empresas que mais retiraram performance do índice foram as grandes farmacêuticas, como Pfizer, AbbVie e Johnson & Johnson. Além disso, gigantes de diversos setores, como Chevron e ConocoPhillips (petróleo e gás), e Charles Schwab e BofA (financeiro) também apresentaram contribuições negativas.
A Economatica oferece uma extensa base de dados, com informações detalhadas sobre a composição dos principais índices de renda fixa e variável, indicadores fundamentalistas, análises de risco e históricos. Essas informações permitem a criação de estudos de contribuição, benchmarks personalizados, insumos para estratégias quantitativas, além de gestão ativa e passiva de carteiras.
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