Dedicar mais atenção à água, elemento vital para a sobrevivência humana neste planeta, é mais que razoável; é obrigação. No entanto, os cuidados com os mananciais (as “fábricas de água”), exploração e distribuição, ainda deixam a desejar. E muito!

Na Semana do Meio Ambiente, marcada de 5 a 11 deste mês, velhas discussões sempre são retomadas, colocando, no geral, a água no centro das discussões por sua óbvia importância. O Instituto Trata Brasil (Oscip atuando em área típica do setor público com interesse social, sem fins lucrativos, por definição jurídica) divulgou pesquisa mostrando que, na média, o Brasil desperdiça 40% da água que capta e distribui. Isto é o dobro de países mais desenvolvidos, para efeitos de comparação. Em números, a perda na distribuição em 2012 era de 37%; subindo para 40,1% em 2020; e 40,3% em 2021. Na ordem de grandeza, pode-se verificar que somente esta água perdida poderia abastecer os 18 milhões de brasileiros que moram em favelas, por um ano e meio.

Os números não param de crescer, a depender das fontes que se consulta. Além dos vazamentos (que durante muitos anos ficou na casa dos 30%, 33% no estado de São Paulo, gerido pela Sabesp, a maior companhia nacional do setor) há os chamados “gatos” (isto é, roubos do produto) que elevaram a perda média anual para 823 bilhões de litros. Não é pouca coisa, convenhamos. Desde a crise hídrica no estado (2014) a perda foi reduzida em quase 3%, deixando esse índice, na Região Metropolitana de São Paulo, em 27,6%, segundo informa a própria companhia. No país a média nacional fica em torno dos 40%, reitere-se. A depender do município, a perda ultrapassa os 50%…

A agricultura ainda é a vilã quando se discute a destinação da água, consumindo cerca de 70% do total de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU). No Brasil o índice chega a 72%. Mudar a irrigação para o sistema de gotejamento economiza o uso e os custos de produção da água em até 70%, apontam indicadores.

Indústrias, que se alinham às políticas ESG, já reduzem o consumo de água e esse deve ser um objetivo a ser perseguido, pela simples razão de a água doce ser finita. É preciso atender os 33 milhões de brasileiros que ainda não possuem água tratada (embora o Brasil seja um oásis, reunindo 13,7% de toda a água doce e 20% das águas subterrâneas no mundo) e manter os demais em equilíbrio.

Por fim (o assunto é extenso e aqui só coube um registro), há que se considerar o seguinte: uma ducha de 15 minutos, com o registro meio aberto, consome 135 litros de água (observe que 4 pessoas com igual consumo esgotam uma caixa de 500 litros só com o banho !!). É um exagero. Para comparar, na Dinamarca desde a década de 1980 o consumo per capita foi ajustado de 200 litros para 110 litros/dia e ao que consta todos vivem muito bem, obrigado, por lá.

HIDROGÊNIO

E por falar em água e políticas ESG… o hidrogênio verde – produzido a partir da eletrólise da água, com baixa ou nula intensidade de carbono, utilizando energias limpas e renováveis – tem no estado do Ceará a sua morada favorita até aqui.

Em parceria com o Porto de Roterdã (maior porto marítimo europeu, localizado nos países baixos), o Complexo de Pecém já reúne 50% dos projetos de Hidrogênio Verde do país. Além de estar a 5.600 km de Lisboa e a 7.800 de Hamburgo, Pecém é contemplada pelo sol, mar e muito vento, permitindo se produzir energias renováveis com facilidade. E diante de tanta beleza e convite aos negócios da nova economia, pensar que Iracema (a que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna) pisou aquelas areias é só um detalhe.

GUIDANCE

Durante sua Convenção Anual, realizada em Chicago, entre os dias 6 e 8 deste mês, o Instituto Nacional de Relações com Investidores (NIRI) dos Estados Unidos debateu vários temas de mercado, entre ao quais o guidance.

De acordo com Jean Leroy, CEO do Ibri (homólogo brasileiro do NIRI), 91% das companhias americanas praticam o guidance (destas, 43% o fazem anualmente). As utilities e os bancos lideram a lista.

PARCERIAS

J. Leroy, que recentemente visitou a Bolsa de Luxemburgo (LSX), e também conversou com a Luxembourg Green Exchange (LGX – atuando com green bonds, sendo a maior nesta modalidade), esteve bem acompanhado em sua passagem pela NYSE, já em Nova York neste início de mês, antes de se dirigir a Chicago para o evento do NIRI.   

ÔNIBUS

A brasileira Eletra inaugura fábrica de ônibus elétrico em São Bernardo do Campo, ABC paulista, com capacidade de produzir 1,8 mil unidades/ano. A frota brasileira de ônibus a bateria ainda é pequena, uma vez que existem apenas 376 modelos deste em todo o país — dos quais 302 são trólebus.

No vizinho Chile já circulam 1.200 ônibus a bateria e outros 1.500 na Colômbia. Acionistas da WEG e da Marcopolo estão bem animados com a notícia.

NAVIOS

No dia em 14 de setembro próximo, o novo navio feeder da Maersk será o primeiro porta-contêineres do mundo navegando com metanol verde. De bandeira dinamarquesa, sairá do porto de Copenhage e terá como madrinha Úrsula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia.

A partir de 2024 a Maersk receberá outros navios, movidos a metanol verde. A companhia promete chegar a zero emissões de gases do efeito estufa (GEE) até 2040.

POLO RN

Com aprovação da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a 3R Petroleum conclui a aquisição do Polo Potiguar da Petrobras, no valor de US$ 1,098 BI.

A totalidade da participação da Petrobras no Polo Potiguar (RN) foi transferida para a 3R Potiguar, subsidiária integral da 3R Petroleum, que assumiu o controle no último dia 8 durante o feriadão.

REFINO

Durante o último mês de maio, as unidades de refino da Petrobras atingiram o índice de 95% de processamento. O Fator de Utilização Total (FUT) das refinarias é o melhor resultado mensal desde julho de 2015, revela a companhia.

MARCAS

Relatório da Brand Finance, de 2023, aponta o Itaú como a marca mais valiosa do país. Segundo a consultoria, o valor aumentou 32%, em comparação com 2022, saltando para US$ 8,7 BI.

Na sequência vêm Bradesco (US$ 5,1 bilhões), Banco do Brasil (US$ 4,9 bilhões), com forte domínio dos bancos, e depois Petrobras, Caixa, Vale, Natura, Skol, Brahma e Sadia.

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