Muitas vezes tomam-se tantos cuidados e minudências com o forno que se esquecem da trempe do fogão e as panelas queimam. Na visão de alguns analistas de mercado e de comentaristas em veículos de comunicação foi o que aconteceu com o SVB, banco do Vale do Silício. “Este foi um dos bancos mais ativos em promover a agenda ESG”, disse Felippe Hermes, do site BlockTrends. Já o colunista Andy Kessler, do Wall Street Journal, argumentou ter havido “distração” justamente com o ESG.

Em sua coluna na Gazeta do Povo, o jornalista brasileiro Eli Vieira replicou a fala de ambos acima, destacando o que disse o representante do WSJ sobre o SVB: “Pode ter sido distraído por exigências da diversidade”. Segundo Kessler, o banco tinha orgulho de sua política de diversidade, tendo, em sua direção, “45% de mulheres, um negro, um LGBTQIA+ e dois veteranos [de guerra]”. E emenda, de forma provocativa: “Não estou dizendo que 12 homens brancos teriam evitado essa bagunça”, explica Kessler, mas essa mensagem revela algo sobre prioridades.

– Tem de prevalecer o “G” acima de tudo, observou, taxativa, Débora Santille, em entrevista à coluna. Para ela, o “E” e o “S” do ESG estão embutidos em riscos e compliance. “O E e o S são transversais e se não existir riscos e compliance não existirá governança”, define. E depois de manifestar inquietação com o ocorrido – “vindo de um banco é ainda mais preocupante, porque este é um setor muito regulado” – a conselheira independente e membro de comitês independentes de assessoramento, disparou: “A questão não é ser contra ou a favor, o fato é que o executivo precisa cumprir o papel que lhe é destinado, de acordo com o chapéu que usar. É preciso existir uma visão holística, especialmente do diretor de riscos”.

Mas se, hipoteticamente, “sobra” ESG de um lado, falta em tantos outros lugares. Quando se trata do poder público, então… Vejamos.

Em São Sebastião, aprazível balneário a 200 km da capital de São Paulo, morreram 36 pessoas com as chuvas torrenciais durante o período de Carnaval. A maioria, pra variar, vítimas de casas situadas nas encostas de morros, desafiando a engenharia e o bom senso. A Prefeitura, que deveria cuidar de tais situações, evitando a exposição ao desastre e acomodando moradores em áreas seguras, faz vistas grossas. Na despedida do verão, surgem mais cinco áreas de risco mapeadas pela Defesa Civil, no município, com cerca de 4.000 pessoas contando “com a sorte”.

O certo é que este quadro não é perceptível apenas no Litoral Norte. Na Região Metropolitana de São Paulo o fator risco é histórico. Políticos não gostam de, digamos, incomodar lideranças comunitárias e deixam estas fazer o que bem entendem, ainda que exponham pessoas a seriíssimos riscos em nome de um suposto capital eleitoral. A julgar pelo curso dos acontecimentos, dirigentes públicos deveriam aprender ESG compulsoriamente, com aulas inaugurais – e de encerramento – de riscos e compliance. E isto precisa ser pensado e tratado com responsabilidade, não com viés ideológico ou acusado de lacração.

SANEAMENTO

O último 16 de março foi celebrado como o Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas. Dentro do tema, a Iguá (companhia signatária da Rede Brasil do Pacto Global), destacou que “o saneamento com responsabilidade ambiental é a saída para mitigar desastres”. E citou os casos de S. Sebastião, em São Paulo, e dos 17 municípios de Santa Catarina que decretaram emergência depois dos temporais deixando milhares de desabrigados, em dezembro do ano passado.

De acordo com a “UN-Water” (mecanismo interagências responsável pela coordenação das Nações Unidas e organizações internacionais que trabalham com projetos de água e saneamento), cerca de 90% dos problemas climáticos estão relacionados à água. São enchentes, secas e a deterioração da qualidade do recurso hídrico, tornando 40% da população mundial altamente vulnerável. Na outra ponta deste ciclo, a falta de coleta e tratamento de esgoto polui rios e outros mananciais, propiciando a proliferação de doenças, com impacto direto na saúde pública.

“Trilhar um caminho estratégico para a universalização da água é uma responsabilidade da Iguá. Queremos tratar o meio ambiente com responsabilidade para deixarmos um planeta saudável para as gerações futuras”, compromete-se Péricles Weber, COO da companhia.

AGRO

A B3 comemora a diversificação dos investimentos das suas mais de 5 milhões de contas registradas. O destaque agora vai para os produtos ligados ao agronegócio, que saltaram 95% no fechamento de 2022, com atuais 1,6 milhão de investidores. O volume, segundo a Bolsa, atingiu R$ 411 BI no segmento, distribuídos entre LCA (Letra de Crédito do Agronegócio), CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio) e Fiagro (Fundo de Investimento em Cadeias Agroindustriais).

Quando se olha para os investimentos em renda fixa, os papéis do agro representaram 19,5% do total, em 2022, contra 14% no final de 2021, demonstrando interesse crescente. O saldo médio apurado (em 2022) é de R$ 51,7 mil.

AMAZÔNIA

Investimentos em atividades da bioeconomia podem reduzir o índice de pobreza em 50% no Pará e em 21,5% no Maranhão. É o que aponta novo estudo do Instituto Escolhas, mostrando efeitos em horticultura e recuperação florestal.

O trabalho denominado “Como a bioeconomia pode combater a pobreza na Amazônia?”, lançado no dia 15 passado, mostra como o investimento nas atividades de horticultura e recuperação florestal pode configurar-se como estratégia de enfrentamento à pobreza, promovendo uma transição econômica para cadeias produtivas da bioeconomia em detrimento daquelas que destroem a floresta.

NÚMEROS

Tendo como referência os estados do Pará e do Maranhão, já abordados em publicações recentes do Escolhas, o estudo calcula que a recuperação de 5,9 milhões de hectares de florestas no Pará tem o potencial de gerar R$13,6 bilhões de receita, criar 1 milhão de empregos diretos e indiretos e reduzir em 50% o índice de pobreza no estado. Enquanto isso, no Maranhão, a recuperação de 1,9 milhão de hectares de florestas poderia gerar R$4,6 bilhões de receita, criar 350 mil empregos diretos e indiretos e reduzir em 21,5% o índice de pobreza no estado.

Já o aumento da produção de hortaliças para 170 mil toneladas, no Pará, tem potencial de gerar R$ 682 milhões de renda, criar 86 mil empregos diretos e reduzir em 6% o índice de pobreza no estado. Se o Maranhão aumentar sua produção para 187 mil toneladas, pode gerar 600 milhões de renda, criar 134 mil empregos diretos e reduzir em 9% o índice de pobreza no estado.

NASA

Sabe aquela piadinha de que o brasileiro precisa ser estudado pela NASA? Pois então…

Já faz algum tempo que os oceanos vêm sendo inundados de lixo, sobretudo material plástico – algo de difícil decomposição e risco iminente sobretudo para a fauna marinha. Debruçado nisto, um grupo de universitários da Bahia propôs um mecanismo que é capaz de coletar microplásticos dos oceanos. O Projeto Ocean Ride, assim batizado,  está sendo apresentado, nesses dias, a uma equipe da Agência Aeroespacial Americana, a NASA. A companhia Suzano é uma das apoiadoras da missão #PARTIUNASA.

O projeto da Equipe Cafeína foi o vencedor de uma competição mundial realizada pela própria NASA em 2019, o Hackaton Nasa Space Apps Challenge. O fluxo da competição ficou em compasso de espera por conta da pandemia, mas no segunda-feira passada o grupo de universitários de Salvador partiu para os Estados Unidos, acompanhado de professores da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e da Universidade Católica de Salvador (UCSAL). Lá ficarão até o dia 25 deste mês.

PETRO

A Petronect, empresa coligada da Petrobras, que atua no mercado de tecnologia da informação para o setor de Óleo e Gás, tendo como sócias a Petrobras, Accenture e a SAP, acaba de receber certificação “BV ESG 360” do Bureau Veritas, líder mundial em Teste, Inspeção e Certificação. A empresa é a primeira do sistema Petrobras a receber o reconhecimento por suas ações e boas práticas em Responsabilidade Social, Meio Ambiente e Governança Corporativa (do acrônimo em inglês ESG)

Os critérios adotados pelo Bureau Veritas na certificação BV ESG 360 da Petronect estão alinhados com a ABNT PR 2030, que apresenta diretrizes e práticas recomendadas na gestão ESG para empresas brasileiras. Os especialistas do Bureau Veritas verificaram aspectos essenciais na gestão da Petronect, como ações e projetos em ecoeficiência, cadeia de suprimento, relações de trabalho e com a comunidade local. A empresa recebeu a classificação “Engajado”, indicando elevado nível de maturidade, com gestão e práticas participativas e alto envolvimento de stakeholders.

CINE
Amazônia, Água, Ecossistema e Biodiversidade, Conservação, Abuso e Tráfico de Animais são temas do longa-metragem INTERACTIONS, produzido pela ONG ART for the World (Genebra, Suíça) que terá estreia na América Latina, dia 27 de março, às 19h, no CineSesc, em São Paulo.

A sessão é gratuita, com retirada de ingressos na bilheteria do cinema, a partir das 18h. No mesmo dia, o documentário estará disponível sob demanda em sesctv.org.br/interactions. O filme é uma antologia de 12 curtas-metragens originais que retratam os vínculos e interações entre Humanos, Vida Animal, Ecossistemas, Meio Ambiente e Mudanças Climáticas. As histórias têm como fundo cenários de nove países (Brasil, Burkina Faso, Marrocos, Grécia, Índia, Japão, México, Suíça e Estados Unidos).

JUROS

Nesta terça, 21, as Centrais Sindicais prometem “causar” em São Paulo. É que foi convocado um ato, para as 9h30, na porta da sede paulista do Banco Central (em plena avenida Paulista), a fim de protestar contra os juros altos no país.

Estão sendo prometidos alguns quilos de sardinha para quem passar pelo local.      

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