Designers, pesquisadores e empresas estão se unindo para resolver alguns problemas complexos da sociedade.

(*) Barão di Sarno, Bebel Abreu e Lívia Aguiar

Estamos cada vez mais perto de atingir um esgotamento irreversível de recursos do planeta e isso é um consenso entre os cientistas e pesquisadores mais sérios. Muitas previsões negativas do passado estão ocorrendo antes do previsto. Poderíamos seguir dando exemplos, mas esta não é a finalidade deste texto.

Este é um alerta para que as empresas e organizações passem a se tornar definitivamente parte da solução e não do problema.

É esperado que quem desenvolve produtos e serviços busque satisfazer seus clientes, melhorando seu bem-estar, proporcionando conforto e prazer. No entanto, estas ações não costumam vir acompanhadas da seguinte reflexão: o bem-estar que estou promovendo é sustentável? Ou seja, é possível usufruí-lo sem comprometer a capacidade do resto da população ou das futuras gerações de vivenciar este mesmo nível de bem-estar? Esse é um grande desafio.

Por sorte, encontrar  soluções de projetos orientadas para o bem estar sustentável não é uma responsabilidade apenas das empresas. É possível fomentar na sociedade uma cultura inovadora orientada pelo design com compromisso socioambiental.

Make it Circular Challenge

Como uma forma de jogar luz sobre o papel do design nessa transformação, a iniciativa What Design Can Do, que tem sede na Holanda, busca provocar designers, arquitetos, empreendedores e criativos do mundo a pensar em soluções inovadoras para problemas complexos, através de conferências internacionais, workshops e competições de design.

Neste ano, a competição tem como tema o design circular. O Make it Circular Challenge recebeu mais de 650 projetos de 81 países, inclusive  36 brasileiros. São soluções que oferecem insights preciosos, vale a pena conhecê-los. Uma dessas iniciativas é a Ecoporos, que propõe a disseminação de espaços de agrofloresta urbana, com horta comunitária, compostagem e cultivos que recuperam o solo degradado das cidades. Já o Cores Ancestrais é um projeto social de design que apoia comunidades indígenas e sua herança cultural através de workshops de resgate de técnicas indígenas de tingimento natural que estão desaparecendo. Medir a circularidade na construção civil é a missão de Nathália Balzana Anacleto, em projeto que propõe a criação de um método de análise de práticas e processos circulares e sua aplicação na construção civil. Solo e Ybirá são mais dois projetos de brasileiros que trabalham a mesma matéria prima com o mesmo objetivo: evitar o uso de plásticos de uso único, substituindo-os por produtos fabricados com folha seca de palmeira. A diferença entre os projetos é que a Solo está focada no desenho de uma linha de produtos que substituem os descartáveis e a Ybirá está desenvolvendo um sistema digital e colaborativo para monitorar palmeiras em áreas verdes para coleta de folhas.

Essas são só algumas das diversas soluções do desafio global Make it Circular Challenge. Vale a pena conhecer os participantes da competição promovida pela iniciativa.

Problemas complexos precisam de soluções sistêmicas

Essas soluções criativas vencedoras nascem a partir de uma visão integrada de inovação voltada para o bem-estar e a sustentabilidade, tudo isso visto junto. Enxergar essas coisas juntas faz diferença. Bem-estar e sustentabilidade são dois temas que ganharam os holofotes nas últimas décadas. Muitos pesquisadores de diferentes disciplinas têm se debruçado sobre eles, gerando grandes descobertas em ambos os assuntos. No entanto, apesar dos esforços, não estamos conseguindo obter, na prática, resultados consideráveis nessas áreas.

Acreditamos que um dos motivos desta dificuldade se deve, justamente, ao fato de que esses temas costumam ser trabalhados separadamente. Portanto, para enfrentar os desafios do mundo contemporâneo, é preciso inter-relacionar esses temas com o objetivo de promover o bem-estar sustentável.

Diretrizes para o bem estar sustentável

A partir desse pensamento, desenvolvemos na  Questtonó Manyone um report com 6 diretrizes de inovação para orientar o desenvolvimento de novos produtos alinhados ao bem-estar sustentável. A ideia é que, a partir dos insights desse material, empresas, lideranças e criativos possam, de fato, transformar sua perspectiva sobre sustentabilidade, ESG e o futuro dos negócios.

Para quem gosta de inovação e de desafios complexos, essa pode ser uma jornada apaixonante capaz de dar mais sentido ao estar no mundo. Afinal, você quer fazer parte do grupo que transformou o planeta em um deserto ou daquele que colaborou para regenerá-lo? Mesmo se não houver tempo, não será mais reconfortante saber que você, ao menos, fez sua parte?


(*) Barão di Sarno é designer, futurista e sócio-fundador da Questtonó Manyone. Bebel Abreu é diretora do What Design Can Do Brasil e sócia da Mandacaru. Lívia Aguiar é jornalista da Mandacaru.

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