A ata do Copom, divulgada na última terça, 7, reafirmou o tom hawkish (duro em relação ao controle da inflação) da autoridade monetária, mas o ministro da Economia, Fernando Haddad, disse que a ata veio “melhor do que o comunicado”.
O que nós achamos
O analista de renda fixa, Christopher Galvão, destaca que o texto da autoridade “chama a atenção para os riscos da política fiscal expansionista e reitera que a incerteza fiscal eleva o custo para trazer a inflação para suas metas.”
Galvão também observa que o comitê “se mantém avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros (em 13,75%) por um período mais prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação”.
“Ou seja, o colegiado avalia se o fato de manter a Selic estável será capaz de levar a inflação para a meta e, caso necessário, irá reajustar a Selic, ou mantê-la nesses patamares por um período mais prolongado”, acrescenta o analista.
Piora de expectativa de inflação
Cabe mencionar que, desde a reunião de dezembro até a última, as projeções do mercado para o IPCA de 2023, 2024 e 2025 subiram de 5,1%% para 5,8%, de 3,5% para 3,9% e de 3% para 3,5%.
Assim, a ata voltou a enfatizar que o BC “não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado.”
A meta atual de 3,0% é adequada?
O presidente Lula (PT) tem feito críticas abertas à atual meta de inflação, mais baixa do que em suas gestões anteriores, deixando o mercado alerta para uma eventual mudança da meta. Os alvos atuais são 3,25% em 2023 e 3% em 2024.
Nosso analista considera a possibilidade de alteração das metas de inflação como “inapropriada” e “negativa” para a economia brasileira. “Vejo como mais apropriado os esforços para trazer a inflação para a meta e acredito que esses esforços devem vir tanto por parte do BC, por meio da política monetária, quanto por parte do governo, por meio da responsabilidade com o fiscal, o que acaba facilitando a tarefa do BC de trazer a meta para 3%”.
“Aumentar a meta de inflação poderia causar uma deterioração ainda mais forte das expectativas do mercado e, ao mesmo tempo, poderia reduzir a credibilidade do Bacen. Por isso, o caminho mais saudável para o controle da inflação é continuar perseguindo a meta estabelecida”, destaca.
Brasil: maior taxa de juros real do mundo
Com a manutenção da Selic em 13,75%, o Brasil se mantém na primeira posição do ranking dos juros reais. A taxa real está em 7,38%.
Nesse cenário, os títulos de renda fixa pós-fixados seguem ideais para o investidor que busca aplicações com prêmios bem atrativos.
“Com a perspectiva de Selic elevada por um bom tempo, considerando as incertezas envolvendo o campo fiscal, os títulos pós-fixados seguem sendo uma boa oportunidade aos investidores que querem ter uma boa rentabilidade sem abrir mão de uma maior segurança, visto que esses títulos não têm os mesmos efeitos de marcação a mercado que os prefixados e indexados à inflação”, afirma Galvão.