Nos últimos dias tem chamado atenção o forte fluxo comprador de investidores estrangeiros. Acreditamos que o fluxo se deve ao valuation baixo das ações no Brasil além do maior crescimento econômico (menor risco de recessão) e chances de redução de juros ainda em 2023. A situação dos mercados desenvolvidos (como EUA, Zona do Euro, Inglaterra) é bem diferente desta: os EUA devem aumentar os juros pelo menos mais uma vez, as perspectivas de crescimento econômico são ruins e o valuation dos mercados é ainda muito próximo da média.
Até agora, 2023 lembra um pouco o que aconteceu em 2019, outro ano pós-eleições. O Ibovespa vem subindo e o fluxo estrangeiro é recorrentemente positivo. Um ponto que chama atenção é que em 2019 o bom humor dos mercados com o novo governo foi abalado somente a partir de fevereiro, quando o congresso foi empossado. Até lá o mercado subiu com pouca volatidade.
Acreditamos que 2023 pode ser similar à 2019 também neste aspecto. Com o retorno do congresso, é provável que a volatilidade dos mercados aumente. Até agora, os investidores locais parecem ter sido mais abalados pelos discursos do presidente e de seus ministros, enquanto investidores estrangeiros parecem acreditar que o atual governo será parecido com o primeiro mandato do presidente Lula, independente de seus discursos. Com a posse do congresso, além dos discursos, vamos passar a ter medidas sendo efetivamente apresentadas e posteriormente votadas no congresso.
CVC (CVCB3): desistência de compra da Oner Travel derruba as ações
As ações da companhia de turismo ontem registraram queda de mais de 14% após comunicar que não daria prosseguimento com a aquisição da Oner Travel, plataforma que funciona como uma solução para agentes de viagem que atuam no segmento digital. A CVC vem buscando melhorar sua plataforma online nos últimos anos e a aquisição poderia representar um passo importante nessa direção. Como não foi fornecido nenhum detalhe maior sobre o motivo do negócio não ter avançado, o mercado descontou a ação fortemente pela ampliação das incertezas. Nenhum valor havia sido divulgado previamente quando a CVC manifestou interesse na aquisição da startup, no segundo semestre do ano passado.
Impacto: negativo. O cenário para a companhia já é bastante desafiador por si só, uma vez que ainda não conseguiu retomar plenamente seus negócios como eram no momento pré-pandemia. A desistência de uma aquisição que poderia alavancar o modelo de negócios de fato não caiu bem para os investidores. Ainda acompanharemos os próximos trimestres de forma a avaliar o patamar de recuperação do negócio da companhia.
Natura&Co (NTCO3): Aesop na mira de gigantes
Notícias de mercado ontem apontaram que a Aesop (marca adquirida pela Natura com foco no público de alta renda) estaria na mira de grandes nomes de setor, como LVMH, L’Oreal, Shiseido e L’Occitane. O valuation sugerido pelas avaliações estaria em torno de US$ 2 bilhões. A Natura já vem sinalizando que tem interesse em realizar uma cisão do negócio ou até um IPO da Aesop, como forma de destravar o valor da marca, que é bastante rentável, mas não tem muita representatividade no todo da Natura&Co. Uma venda direta para outro player surge como uma alternativa interessante no momento, dado que a companhia está com uma alavancagem próxima de 3x dívida líquida/EBITDA e uma entrada de recursos poderia reduzir esse patamar de forma relevante. Alguns dos nomes interessados possuem um bom histórico de execução e entrega de valor aos acionistas por meio de aquisições, como a LVMH, que recentemente comprou a Tiffany & Co, que vem apresentando resultados recordes.
Impacto: positivo. A sinalização de interesse de grandes nomes do setor em uma de suas marcas abre um leque de oportunidades para a Natura. A estrutura do negócio será muito relevante para avaliar como a Natura poderá capturar mais valor com a venda da operação, mas de qualquer forma é um movimento já bastante esperado pelo mercado, que está bastante cético com a operação do grupo. A companhia até agora não confirmou os rumores.
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Mateus Haag | CNPI-P 2942