Olhando para o mercado de trabalho, poucas empresas fomentam a contratação de profissionais com 50+ anos. Há uma cultura hoje em dia que 30 anos já é velho, que dirá com 50. A questão é que profissionais sofrem com etarismo cada vez mais cedo.
O Brasil do futuro está ficando velho, com a inversão da pirâmide populacional. Em 2047, o IBGE projeta que o país terá mais idosos do que crianças. E, até 2060, a cada três brasileiros, um terá mais de 60, segundo estima o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
E eu? Bom, eu cinquentei. Sem pausa para reflexão. Para mim, a vida tá começando, estou bem comigo mesma e com um gás tremendo, humildade para seguir aprendendo, ensinar e compartilhar experiências, produzir, ser útil. Sem a obrigação de parecer jovem, bonita e sarada. Sou muito mais meu bom humor do que uma barriga tanquinho. Não me vejo fazendo tricô e se tiver que usar um cropped eu me permito.
Agora, até quando o envelhecimento feminino vai ser ditado por um sistema “jovem-cêntrico”?
Alguns dizem “homem envelhece, mulher apodrece”. Cultuam-se tanto os “Daddies”, com seus cabelos brancos, rugas, aquela “pancinha”, em séries de serviço online de streaming, mencionando o quão são sexy, mas quando as “Mommies” terão seu valor ?
Você, mulher, que me lê, permita-se! Em vez de tentar, faça! Sem vergonha do corpo, sem pudores, sem medo de se reinventar, sem medo de sentir prazeres, de sonhar, de ser a profissional comprometida que é. Vista-se da idade que quiser! Amplie seu repertório.
Não queira ser exemplo, queira dar sentido ao seu viver. Ter serenidade, fazer caridade, mergulhar no mar, andar descalça, esquecer o relógio, dançar e cantar sozinha, ter um sono tranquilo, ser amada, e andar de cabeça erguida. Praticar o bem, sem esperar nada em troca.
Somos mães das nossas mães, mãe de pet, “brother” dos filhos e sobrinhos, se reinventando e sendo jovens velhas adultas e muitas das vezes querendo colo também.
Não há mais espaço para intolerância, pela falta de senso. Nós não precisamos nos diminuir para caber nas teorias dos outros. Decida o que é certo antes de saber o que é possível. E vá!
Na última semana, uma famosa boy band dos anos 90 esteve de passagem pelo Brasil. A gente quer se divertir, cantar alto, gritar, sem se preocupar se está “pagando mico” (pagar mico é uma expressão muito popular desde o fim do século passado, e como uma boa velhinha, eu uso).
Seja a “band leader” da sua vida para que possa envelhecer com saúde mental e feliz. Seja uma “Mommie” irada!
E como diz a música dos Garotos da Rua de Trás: “Everybody! Rock your body – and mind – right!