O universo do mercado financeiro tem muitas peculiaridades, não é todo mundo que sabe que existe um método utilizado pelas empresas chamado “recompra de ações” ou buyback. Através dele, as companhias compram ativos para “custodiá-las em sua tesouraria ou cancelá-las”. Em geral, a ação é feita quando ela considera que o preço de suas ações está abaixo do seu valor.

Para se ter uma ideia, agora em janeiro, a Camil (CAML3); Lojas Renner (LREN3) e MRV (MRVE3) programaram a recompra. E elas são só um exemplo, outras também já entraram nessa estratégia. É legal? É, no entanto, como tantas outras, a operação necessita do aval da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), sendo geralmente um comportamento focado no aumento dos lucros e o prazo é de 18 meses.

De acordo com a Suno, isso pode acontecer por um momento irracional de queda nos mercados. Ou seja,  a empresa considera que o mercado não está avaliando corretamente seu real valor. “Quando uma empresa deseja fazer o programa de recompra de ações, ela pode estar se aproveitando de um momento do mercado para utilizar seu capital de forma inteligente. Apesar de ser o motivo mais comum, uma queda irracional nos mercados não é a única razão para uma companhia realizar a recompra de ações.”

Além disso, entre outros motivos que levam à recompra também está o fato da empresa estar buscando reduzir os seus gastos com dividendos ou, até mesmo, distribuir as ações entre seus próprios executivos pelos sistemas de Stock Options (empresa oferece aos seus colaboradores a opção de adquirir as ações do negócio a um valor pré-determinado passado um certo período de tempo).

“De certa forma, a intenção de recomprar ações é vista pelo mercado como uma sinalização da empresa de que acredita no potencial de suas ações”, diz o artigo da Suno.

Vantagens da recompra de ações

  1. Caso as ações sejam canceladas, o número de acionistas diminui. Logo, o lucro total da companhia é dividi-lo por menos pessoas. O que significa que a empresa retém mais o lucro pelas ações que possui.
  2. Já se as ações forem mantidas pela empresa em sua tesouraria, ela irá esperar o melhor momento para vendê-las. Como acredita que o seu preço irá subir, terá um lucro com a operação. Dessa forma, a empresa realiza essa ação por ser lucrativa para ela. 
  3. Para o acionista, isso também é vantajoso. Isso porque mesmo o acionista minoritário passa a ser dono de uma porcentagem maior da empresa, aumentando assim seu patrimônio.

Recompra x Dividendos 

Uma  pergunta recorrente dos investidores é por que empresas preferem a recompra que distribuir dividendos. A resposta é bem simples: menor gasto com impostos. Nos EUA, por exemplo, a distribuição de dividendos é taxada em até 33%. Ou seja: o governo ficaria com um terço dos dividendos da empresa.

Por outro lado, o buyback não possui nenhum imposto associado à operação, o que explica a preferência da empresa por este método. “Na prática, o resultado é o mesmo: o investidor passa a ter uma fatia maior da empresa, pois as ações recompradas geralmente são canceladas em tesouraria”, de acordo com a informações da Suno.

Pra ficar claro

Se o investidor tem 1% das ações da empresa X e ela recompra 10% de suas ações disponíveis no mercado, o investidor que mantiver seus ativos terá 1,11% do total da companhia.

Mais explicações

Valor –  A recompra de ações é influenciada por uma queda acentuada no valor dos ativos, fazendo com que a empresa julgue que as mesmas estão sendo mal avaliadas pelo mercado. “Seja pela baixa no valor dos ativos, seja pela redução nos custos com dividendos ou mesmo para uma distribuição entre os próprios executivos ou colaboradores, a recompra de ações é uma atitude bem comum no mercado de capitais”, conforme Modalmais.

Lucro –  A estratégia de negócios pode ser muito lucrativa, desde que os acionistas coloquem em prática um planejamento bem alicerçado, sempre com foco nos dividendos.

Nesse sentido, a possibilidade de obter lucros bem maiores em comparação aos preços iniciais, sem a necessidade de aportes, é um dos principais benefícios da recompra de ações. Afinal, o lucro é repartido com um número menor de papéis em circulação, ou seja, o valor de cada ação, inevitavelmente, sobe. Assim, cresce a participação de cada acionista, tendo uma fração maior em relação ao capital da organização. 

(Fontes: Suno; Modalmais, Portal Acionista)

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