O mercado financeiro está acompanhando de perto o inesperado e emblemático rombo de R$ 40 bilhões na Americanas (AMER3). O caso teve forças para respingar na Ambev (AMBV3). Entenda o motivo a seguir.

A Ambev acumula perda de -3% nas últimas quatro sessões da bolsa, puxada pelo tombo de mais de 80% nas ações da Americanas.

Fonte: Bloomberg

O que isso tem a ver com a Ambev?

Para Fabiano Vaz, analista de ações da Nord Research, a queda da Ambev na semana passada se deu com pânico ao anúncio por conta do risco de imagem da 3G Capital, que também é acionista da AB-Inbev, controladora da Ambev. 

O mercado passou a se perguntar se não existe o mesmo problema de “inconsistência” nos números da Ambev, diz o analista.

“Conforme foram surgindo atualizações, ficou claro que o problema é muito maior, e agora existe a possibilidade de os controladores – Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles – venderem parte das suas ações para apoiar a inevitável reestruturação pela qual a Americanas passará a partir de agora.”

Soma-se a isso um consenso de mercado pouco positivo para os resultados da Ambev nos próximos trimestres. Isso também pressionou o papel nos últimos dias.

“No 3T22, a Ambev conseguiu uma precificação melhor dos seus produtos, o que ajudou a receita da companhia, por outro lado, os custos das commodities e a inflação continuam pressionando as margens”, avalia o analista.

Problema caiu no colo da 3G

Segundo apurou o Estadão/Broadcast, os bancos credores da Americanas querem que os acionistas de referência (3G Capital) desembolsem algo entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões. Menos que isso, “nem pensar”, disse um banqueiro ouvido pela reportagem sob a condição de anonimato.

Na segunda, 16, os advogados do BTG Pactual (BPAC11), um dos maiores credores da Americanas, argumentaram em uma petição encaminhada a 4.ª Vara Empresarial do Estado do Rio de Janeiro que o trio de sócios de referência da Americanas tem R$ 180 bilhões em patrimônio, “suficiente para garantir as obrigações correntes e preservar a atividade econômica”.

“A 3G precisará blindar sua imagem. O escândalo na Americanas gera incertezas sobre outros negócios dos controladores”, comenta Vaz.   

Rothschild vai negociar com credores

A Americanas contratou o banco de investimento multinacional Rothschild & Co para atuar como interlocutor da companhia na renegociação da dívida com credores. O comunicado foi divulgado pelo conselho de administração da varejista na segunda-feira, 16. 

Com a contratação do Rotschild, o ex-CEO da Americanas, Sergio Rial, não está mais à frente da interlocução dos acionistas de referência da varejista com os bancos. Ele deixou a função que havia assumido informalmente na semana passada.

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