O fruto cajá está entre os destaques dos produtos extrativos analisados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em sua mais nova edição do Boletim da Sociobiodiversidade, divulgado nesta segunda-feira (19). O estudo traz uma análise da identidade local do extrativista cajazeiro, sua área de produção, as potencialidades e limitações, além de ressaltar a necessidade de atrair olhares para a dinâmica econômica desse espaço rural, garantindo apoio ao homem do campo e aos demais atores que atuam na comercialização do cajá.
“A ideia é convergir as políticas sociais para abarcar o espaço rural no Brasil, de forma que possam contribuir para a manutenção da diversidade cultural, da biodiversidade e do uso sustentável dos recursos naturais” afirma o analista da gerência de Produtos Hortigranjeiros e da Sociobiodiversidade da Conab, Ênio de Souza. “Isso nos permite ampliar os papéis dessa gente do campo para além da dimensão produtiva”.
O Boletim avalia também a cadeia produtiva do baru, que está em franco desenvolvimento. O diagnóstico mais apurado das regiões produtoras decorre do mapeamento da cobertura vegetal das áreas aptas, o grau de desmatamento ou conservação, e o incentivo ao plantio e preservação das espécies nativas, visando a geração de renda de forma sustentável do ponto de vista socioeconômico e ambiental. Em pesquisa no Sistema de Subvenção da Sociobiodiversidade (SisBio) da Conab, no dia 10 de novembro, constatou-se que não houve registro de subvenção para este produto em 2022, nem em anos anteriores. “No caso do baru, este é um dado positivo, pois significa que os preços recebidos pelos extrativistas, na maior parte das regiões produtoras, superam o valor estabelecido na portaria que determina os valores da Política de Garantia de Preços Mínimos para os Produtos da Sociobiodiversidade (PGPM-Bio)”, explica Ênio. “No entanto, ainda percebemos algumas localidades cujo preço está aquém do valor de referência, e que não pleitearam o subsídio, seja pela falta de conhecimento sobre a política de subvenção, seja pela falta de organização dos extrativistas e do mercado”.
Outro produto da sociobiodiversidade analisado é a macaúba. De acordo com o Boletim, este produto carece de maior atenção para promover seu desenvolvimento, tendo em vista a ampla aplicabilidade que o fruto e seus derivados podem atingir, considerando seu valor nutricional e as inúmeras formas de processamento ainda pouco exploradas, a vasta ocorrência em território nacional e a preservação da espécie e dos ambientes em que a palmeira está presente, além da possibilidade de geração de emprego e renda aos povos que vivem próximos das áreas em que a macaúba ocorre. “A partir de estratégias direcionadas ao segmento extrativista, com a Conab à frente da execução das políticas governamentais, é possível ampliar a aplicação do fruto no cotidiano do brasileiro”, ressalta o analista. “Começando pela subvenção econômica, que possibilita oportunidades a um número maior de agroextrativistas, mas também incluindo meios para sua qualidade de vida, a execução de um agroextrativismo sustentável, e viabilidades de processamento, logística de transporte, armazenamento e mercado consumidor”.
Com relação à borracha natural extrativa, o estudo aponta que uma das maiores preocupações acerca da organização e compreensão desse mercado vem sendo a assimetria de informações, assim como a ausência de um mercado organizado para os extrativistas. Outro destaque do Boletim é o pirarucu de manejo, que mostra que a atividade tem contribuído para produzir renda aos produtores de forma ambiental e economicamente sustentável. A análise é feita a partir do acompanhamento da série histórica de autorizações, captura efetiva e comercialização, bem como a atuação da PGPM-Bio para atenuar as discrepâncias de preço quando a atividade se torna insustentável do ponto de vista econômico. Além desses produtos, o Boletim traz ainda informações sobre açaí, babaçu, cacau, castanha-do-brasil, murumuru, piaçava e umbu.
Confira aqui todos os dados na nova edição do Boletim da Sociobiodiversidade.
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