Diretamente ao ponto, a divulgação da Ata da reunião do Copom trouxe o esperado debate sobre os impactos fiscais. Em seu 12º parágrafo o texto foi firme nos potenciais danosos que a injeção de capital descalabrada do fiscal pode causar à economia, como podemos observar abaixo:

“O Comitê avaliou que mudanças em políticas parafiscais ou a reversão de reformas estruturais que levem a uma alocação menos eficiente de recursos podem reduzir a potência da política monetária. Nos diferentes exercícios analisados, avaliou-se que o efeito final, seja sobre a inflação ou sobre a atividade, dependerá tanto da combinação quanto da magnitude das políticas fiscal e parafiscal. Além disso, ressaltou-se que a existência de capacidade ociosa na economia e a confiança sobre a sustentabilidade da dívida são fatores determinantes para uma política fiscal expansionista atingir os impactos almejados sobre a atividade econômica. Em ambiente de hiato do produto reduzido, o impacto de estímulos fiscais significativos sobre a trajetória de inflação tende a se sobrepor aos impactos almejados sobre a atividade econômica.”

Em suma, a autoridade, que em parágrafo anterior avaliou que o hiato do produto se fechou, afirma que o estimulo fiscal significativo deve ter maiores efeitos negativos sobre a inflação do que os pretendidos positivos sobre a atividade.

Fora isso, ressalta-se que o parafiscal, dentre os quais a utilização do BNDES, pode diminuir a potencia da política monetária e elevar o juro neutro. O que significa dizer que o grau de austeridade da política monetária pode ser reduzido pelo pior motivo, ensejando por novas altas.

Ainda que o BC tenha pregado serenidade na condução da política monetária, o recado foi transmitido.

Sendo assim, aguardaremos o texto consolidado da PEC fura-teto para mensurar o quanto precisaremos elevar nossa perspectiva de juro para o final de 2023, que atualmente ainda está em 10,25%.

Étore Sanchez
Economista-chefe de Ativa Investimentos

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