Já se passaram 30 anos da primeira publicação do framework para Controles Internos do COSO (COMMITTEE OF SPONSORING ORGANIZATIONS OF THE TREADWAYCOMMISSION), estrutura integrada, utilizado pelas organizações no mundo como modelo para desenvolvimento, implementação e condução dos controles internos, assim como para avaliação da sua eficácia. Também já se foram 20 anos desde a criação da lei Sabarnes Oxley, que visa proteger os investidores de empresas de capital aberto nos Estados Unidos de possíveis fraudes financeiras. No entanto, ainda não temos uma disciplina obrigatória nos cursos de graduação.

E assim, o processo de controles internos ainda não é familiar ou bem digerido por alguns gestores e executivos, quando comparado com outros processos como: orçamento, planejamento tributário, gestão de custos, estratégia de marketing, entre outros. Eu acredito que um dos meios mais efetivos da familiarização e entendimento deste processo seria trata-lo como uma disciplina nos cursos de graduações.

Infelizmente, alguns gestores e executivos acabam tendo contato com este processo somente quando chegam no cargo de gestão e o recebem e/ou interpretam como um processo de cobrança e/ou que o expõem por não estarem aderentes a um determinado processo da organização, não aproveitando o principal benefício do processo de controles internos que é prevenir ações não aderentes com suas definições para o atingimento dos objetivos da organização. Consequentemente, é comum alguns gestores de negócios e/ou executivos das organizações terem a visão de controles internos como algo burocrático e punitivo no lugar do processo preventivo que é sua principal função.

O próprio COSO define que atividades de controle “são ações estabelecidas por meio de políticas e procedimentos que ajudam a garantir o cumprimento das diretrizes determinadas pela administração para mitigar os riscos à realização dos objetivos”

Além disso, um bom ambiente de controles estabelecido pela Alta Administração auxilia na prevenção e detecção de fraudes, tema tão temido por todos, principalmente, as organizações de capital aberto que pode ver o valor da sua empresa de um dia para outro ser derretido decorrente a identificação de uma fraude.

O ambiente de controles internos passa a ser bem mais objetivo e efetivo quando conta com o envolvimento e comprometimento dos gestores/executivos, uma vez que conhecem os seus processos, portanto, não há ninguém melhor para dizer qual o controle a ser executado que os donos dos processos.

Seria muito mais fácil para os profissionais se conscientizarem dos benefícios do processo de controles internos por meio de uma disciplina de graduação obrigatória. Com isto o assunto entraria na pauta de todos os executivos que fatalmente precisam e devem, cada vez mais, tratar controles internos como matéria obrigatória em suas empresas!

Julianne Godoy, Mestre em Economia pela Universidade Federal do Ceará, bacharel em Ciências Contábeis pela Universidade Mackenzie. Certificada em CRMA (Certification in Risk Management Assurance) e CCSA (Certification in Control Self Assessment), ambos emitidos pela Instituto dos Auditores Internos – IIA. Boa parte da sua formação profissional foi desenvolvida em empresas Big Four, atuando como auditora externa para revisão das demonstrações financeiras e consultora na realização de projetos de auditoria interna, implementação e revisão de processos em atendimento a Sarbanes-Oxley e revisão de melhorias de processos. Nos últimos anos atua em empresas de grande porte de capital aberto como gerente de riscos, controles internos, incluindo atendimento à Sarbanes-Oxley e privacidade. Professora da Pós-Graduação e MBA.
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