Entre os dias 6 e 18 deste mês o mundo estará atento às decisões de mais de 100 líderes, durante a realização da 27ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas – a COP 27. Diagnósticos, proposições e elucubrações não faltaram nos últimos anos, por isso é hora de botarmos a mão na massa, pra valer. Ou, em linguagem mais diplomática, “Juntos para a Implementação” – como propõe a temática da Conferência, que neste ano acontece no Egito.

O Brasil, pela abundância de água, energia limpa e riquíssima biodiversidade por todos conhecida, será um dos protagonistas. De modo fosco e quase mortiço em suas ações, o país foi alvo de muitas críticas nos últimos tempos, ainda que a iniciativa privada organizasse ações propositivas. O momento é de reação, portanto, aproveitando a deixa do evento e do clima de um novo governo chegando.

Na prática, é preciso sair do “modo bovino” – em que se abre a porteira para deixar passar a boiada, como disse um ex-ministro do meio ambiente – e ser “águia”, com olhar mais refinado e estratégico. Com tantos dados à mão, a organização da COP buscará definições em relação a projetos, em âmbito maior. E o Brasil está dentro disso, evidentemente.

Para se conter o aquecimento global é necessário bem mais que discursos e letargia. Logo, caminharmos um passo à frente é imperiosa necessidade de toda a Humanidade.  Em relatório divulgado no último dia 26, a ONU destaca que as emissões reduzidas à metade, até 2030, devem ficar só no papel. Pior que isso, o mundo deve aumentá-las em 10% (em relação aos níveis verificados em 2010). E é bom que se diga: as queimadas na Amazônia estão longe de serem as únicas fontes de emissão. A Europa, com a crise da guerra da Ucrânia, estará queimando muito mais carvão, combustível fóssil pernicioso ao meio ambiente.

Cientistas do clima assinam relatório mostrando que para se manter 1,5°C como “aquecimento máximo”, em relação à era pré-indiustrial, faz-se necessário desativar o equivalente a 925 usinas de carvão, médias (com potencial de 320 MW / ano). E na prática o que se vê? Recorde na geração de carvão, com crescimento de 750 TWh, em 2020, para 9.600 TWh, em 2021. Detalhe: 1 Terawatt-hora [TWh] = 1 000 000 000 Quilowatt-hora [kWh].

Há muito o que se fazer no plano global, isto é líquido e certo. O presidente eleito do Brasil, cuja posse ocorrerá em 1º de janeiro de 23, foi convidado para a COP 27 – inclusive pelo anfitrião Abdul Fatah Khalil Al-Sisi, presidente do Egito. Politicamente ligeiro, Lula sinalizou que irá (e, aproveitando o momento, fará reuniões paralelas com Biden e Macron, entre outros líderes mundiais), com sua tropa de choque ambiental. Voltar de lá com o nome de Marina Silva indicado ao Ministério do Meio Ambiente seria uma jogada e tanto, uma vez que o mundo a conhece.

Do ponto de vista cultural, cabe lembrar que Amon, Rá, Isis e Osíris foram alguns dos principais deuses cultuados no Egito Antigo, exaltando então o conceito do ma`at. Traduzido, este era a essência da harmonia que os deuses mantinham no universo. Beneficiando-se da estadia por lá – física ou virtual –, bem que poderíamos fazer um apelo a esses deuses, por uma ampla harmonia neste mundão tão cheio de peripaques. Vai que estão de plantão…

BRASIL / GEE

Em 2015, o Brasil assinou o Acordo de Paris. Na oportunidade, comprometeu-se a reduzir os Gases do Efeito Estufa (GEE), a exemplo de outros subscritores.

Entretanto… dados do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases do Efeito Estufa (SEEG, entidade que reúne diversas organizações da sociedade civil e avalia todos os setores fontes de emissões, tais como Agropecuária, Energia, Mudanças de Uso da Terra, Processos Industriais e Resíduos), apontam que as emissões líquidas cresceram, nos últimos seis anos contabilizados, saltando de 1.446 milhões de toneladas (em 2015) para 1.756 milhões de toneladas (em 2021).

USO DA TERRA

Mudanças no uso da terra são as principais fontes de emissão, pelo Brasil. Ainda de acordo com a SEEG, as emissões brutas derivadas do desmatamente cresceram 20%,  em relação a 2020. A Amazônia contribuiu com 77% dessas emissões.

Em termos globais, o país está atrás de China, Estados Unidos, União Europeia, Índia e Rússia, contribuindo com 4% dos GEE.

RECORDE

O Observatório do Clima afirma que após a queda pontual durante a pandemia do coronavírus, o de CO2 aumentou brutalmente na atmosfera. “O nível de CO2, o gás de efeito estufa mais importante, já é 149% maior do que na era pré-industrial, principalmente por causa das emissões da combustão de combustíveis fósseis e da produção de cimento”.

LIMITE

Estamos nos aproximando muito rapidamente do limite de 1,5ºC estabelecido pelo Acordo de Paris. Ainda de acordo com o Observatório do Clima, a temperatura média global hoje está 1,1°C acima da média pré-industrial (1850 a 1900), sendo os últimos sete anos os mais quentes já registrados.

AGENDA

“O Brasil é um país que tem grande chance de se colocar como protagonista da COP, afinal nosso país tem a matéria prima que o mundo está precisando atualmente, que é a energia limpa”, enfatiza a advogada Samanta Pineda. Ela atuará como mediadora do painel sobre Mercado de Carbono, promovido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), dentro do espaço da Confederação Nacional da Indústria (CNI), no estande do Brasil, dia 14, às 10h (horário de Brasília).

Segundo ela, é importante que nessas novas negociações o Brasil apresente uma agenda climática nacional alinhada à agenda global, independentemente da troca de governo. “Precisamos discutir uma meta quantificada do financiamento climático e a adoção do plano de ação para a agricultura, nos mecanismos focados em adaptação, compensação e mitigação”, disse à coluna.

AMAZÔNIA AZUL

No próximo dia 16 ocorrerão os lançamentos dos livros “Gestão de Praias: do conceito à prática” e “Challenges in Ocean Governance in the Views of Early Career Scientists”. O evento é parte da programação “Dia da Amazônia Azul”, que acontecerá no horário  das 10h às 12h, em formato híbrido – sendo o presencial no Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo e o  virtual pelo link  www.iea.usp.br/aovivo.

A Cátedra UNESCO para Sustentabilidade do Oceano publica dois livros editados pelo IEA-USP. Produzidos por grupos de pesquisadores distintos, ambos têm como objetivo apresentar subsídios para a criação de políticas públicas e privadas para a gestão de praias e conservação do oceano.
As obras são de acesso livre e estarão disponíveis no site do IEA (http://www.iea.usp.br/) e no Portal de Livros Abertos da USP (https://lnkd.in/dWYE2z9w).

ENERGIA

A 2W Energia está facilitando o acesso à energia renovável no Brasil, com soluções inovadoras. A empresa constrói dois parques eólicos no Nordeste – um no Rio Grande do Norte e outro no Ceará. O Anemus, localizado em Currais Novos e São Vicente (RN), tem capacidade instalada de 140 MW. Os investimentos são da ordem de R$ 750 milhões e a previsão de finalização do projeto é ainda neste ano. 

Já o parque eólico de Kairós, em Icapuí (CE), terá capacidade instalada de 261 MW. Ali são investidos R$ 1,4 bilhão na construção do projeto que prevê originação de 4.000 empregos diretos e indiretos. A previsão de início de geração de energia é 2023.

AQUISIÇÃO

A Ambipar, multinacional brasileira especializada em gestão ambiental, anuncia a aquisição do controle acionário do ViraSer Negócios de Impacto Ltda, através de sua controlada direta Environmental ESG Participações S/A. 

A nova unidade será Ambipar Environment, com o negócio de Economia Circular. No último ano, apresentou faturamento de R$ 8 milhões e EBITDA de R$ 1,8 milhões. Em seus sete anos de atuação, a instituição opera em parceria com cooperativas, um modelo estruturante de logística reversa que inova na coleta e recuperação das embalagens pós-consumo com reinserção no ciclo produtivo, aplicando o conceito da economia circular.

AQUISIÇÃO 2

 A companhia M. Dias Branco informa a assinatura de contrato e conclusão de 100% das ações representativas do capital social da Darcel S/A e da Cacama S/A, ambas com sede em Montevidéu, Uruguai. 

Fundada em 1952, a Las Acacias, principal marca da Darcel, figura entre as três principais marcas de massas no Uruguai, tendo também em seu portfólio itens nas categorias de Farinha de Trigo, Mistura para Bolos, Molhos, entre outras. Em linha com o planejamento estratégico da M. Dia Branco, esta aquisição, primeira fora do Brasil, acelera o processo de Internacionalização, que até então se dava exclusivamente com as exportações para mais de 40 países, inclusive para o Uruguai, por meio das marcas Isabela, Piraquê, Nikito, entre outras. 

FERTILIZANTES

A VLI – companhia de soluções logísticas que opera terminais, ferrovias e portos – iniciou a operação do novo corredor de fertilizantes da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), ligando o Terminal Integrador Portuário Luiz Antônio Mesquita (Tiplam) ao recém-inaugurado Terminal de Fertilizantes de Uberaba (TFER), no Triângulo Mineiro.

Para viabilizar o fluxo de transporte, fruto de contrato assinado em 2021, a companhia investiu aproximadamente R$ 40 milhões, aplicados na construção de uma tulha de carregamento ferroviário no Tiplam, em interligações aos terminais e adequações de linhas férreas, capacitação e aplicação da frota de vagões e locomotivas, além da ampliação do pátio ferroviário que dá acesso ao Distrito Industrial IIII de Uberaba.  

ESPORTIVA

A Cambuci S/A, dona das marcas esportivas Penalty e Stadium apresentou no 3T22 a maior receita líquida de um trimestre em sua história, com faturamento de R$ 131,2 milhões. O lucro líquido foi de R$ 21,3 milhões contra R$ 10,5 milhões de igual período de 2021, representando crescimento de 102,9%.

Outro ponto a destacar é o aumento de 17,5% no quadro de funcionários (comparado ao mesmo período de 2021), sendo a maioria das contratações para as três plantas fabris.

DEBÊNTURES

A B3, Bolsa de Valores do Brasil, criou um programa voltado à formação de mercado das debêntures, os títulos de dívida emitidos por empresas de capital aberto ou fechado. O programa visa fomentar a negociação de debêntures, por meio da plataforma Trader, da B3 e, assim, aumentar o volume de ofertas e negócios, gerar mais transparência ao mercado, reduzir os riscos para os investidores e também melhorar a formação de preço dos ativos, justifica a Bolsa.

Duas empresas já estão credenciadas, a Warren e a RB Investimentos. Bancos, corretoras e assets também poderão integrar-se ao programa, que ainda conta com uma vaga em aberto.

IPO´S

A consultoria MZ lembra que o último ciclo de IPO´s, no país, parou em agosto do ano passado. Em 2022 ocorreram 17 follow-on e para 2023 a expectativa é que surjam entre 30 e 40 Ofertas Públicas Iniciais.

Os setores de energia e saneamento deverão liderar os próximos IPO´s na B3.

BRANDING

Com um valor de US$ 278,2 bilhões, a Microsoft ultrapassou a Amazon (US$ 274,8 bilhões) no ranking das marcas mais valiosas do mundo, da Interbrand, ficando em segundo lugar, atrás apenas da Apple, que manteve o primeiro lugar pelo 10º ano consecutivo.

Divulgado na quinta-feira, 3, no Web Summit 2022 – e reproduzido pela publicação Meio&Mensagem –, o Best Global Brands também revelou que o valor de marca da Apple cresceu 18% desde a última edição, totalizando US$ 482,2 bilhões e que o Google continuou no quarto lugar, com US$ 251,7 bilhões.

DIVERSIDADE

Com 2,3 milhões de pessoas no setor, o Brasil possui 17% das pessoas trabalhadoras no transporte do sexo feminino. Os números são do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), demonstrando que os transportes ainda são hostis às mulheres. Cerca de 83% das pessoas que trabalham no meio são homens. “Quando donas de confecção precisam lidar com a logística, por exemplo, acaba rolando um pouco de desconforto”, diz Rafaela Lopes, dona de transportadora.

Outro dado: no Brasil, cerca de 97% das mulheres já sofreram algum tipo de assédio em um meio de transporte, segundo pesquisa realizada pelo Instituto Patrícia Galvão e Instituto Locomotiva. Aplicativos como o 99, por exemplo, criaram recursos para que passageiras possam solicitar mulheres motoristas, a fim de evitar qualquer tipo de problema ou desconforto.

DIVERSIDADE 2

A empresária Rafaela Lopes, no entanto, é otimista. “O transporte rodoviário caminha para a direção da igualdade. Em São Paulo, por exemplo, houve um crescimento de 61% das mulheres que participam do setor”, comenta.

“É importante reforçar a importância de termos mais mulheres e diversidade não só na alta liderança das empresas, mas em todos os lugares”, conclui Rafaela.

RELATÓRIO ANUAL

Será no próximo dia 18 a cerimônia de condecoração dos vencedores do 24º Prêmio Abrasca Relatório Anual. Antes do anúncio haverá palestras de Mariana Lebreiro e Leonardo Dutra, da EY Brasil, sobre Mudanças Climáticas e Sustentabilidade.

Confira programação no link  https://premioabrasca.com.br/

Na edição anterior, 23º Prêmio, foram premiados o Banco Itaú (Companhia Aberta, Grupo 1), Ouro Fino Saúde Animal (Companhia Aberta, Grupo 2), BNDES (Empresa Fechada) e IBGC (Organização Não-Empresarial).

TOP VOICES

Sempre solícita – inclusive escrevendo o artigo de estreia para a Coluna Via Sustentável, além de outras contribuições a posteriori – a jornalista, palestrante, SDG Pioneer pelo Pacto Global da ONU, presidente do Conselho Consultivo da GRI Brasil, Vice-presidente do Conselho Técnico Consultivo do CDP LA, entre outras atividades, Sonia Consiglio é destaque na lista “Top Voices Sustentabilidade 2022” do LinkedIn.

Ao todo são 10 especialistas criadores de conteúdo que compartilham suas perspectivas e conhecimentos sobre questões climáticas e ambientais que estão listados/as pelo Lk.

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