A Cosan anunciou que adquiriu cerca de 4,9% das ações da Vale com direito a voto. Além disso, a Cosan tem acordo para adquirir outros 1,6% de ações com direito econômico, totalizando 6,5% das ações da Vale. Com esta participação, a Cosan será o terceiro maior acionista da Vale, atrás apenas da Previ (fundo de previdência do BB) e Capital World (fundo de investimento americano). Vale destacar que a Vale não possui um acionista controlador desde 2020 quanto o acordo de acionistas entre Previ, BNDES, Bradespar e Mistui expirou.
A Guide Investimentos acredita que a transação não é relevante para a Vale e que a queda nas ações é uma oportunidade de compra. O valor elevado da transação e as incertezas sobre as fontes de financiamento devem pesar sobre as ações da Cosan no curto prazo.
Sobre os motivos que levaram a Cosan à comprar ações da Vale, foram citados: a) diversificação de portfolio pela Cosan, b) contribuir na administração da Vale, c) Vale é um ativo único e irreplicável e com grande vantagem competitiva no setor, e) transição energética e descarbonização. A Cosan destacou que a transição energética para mais energia eólica e solar, por exemplo, irá demandar altas quantidades de ferro e também níquel e cobre, o que é positivo para a Vale. Além disso, a Vale irá aumentar a diversificação dos negócios da Cosan e aumentar a exposição da empresa à receitas em moeda “forte”.
Sobre a transação, a Cosan destacou que comprou cerca de 1,5% do capital da Vale no mercado. E que possui estruturas com derivativos equivalentes a mais 3,4% do capital. Além disso, mais ações equivalentes a 1,6% do capital da Vale foram negociadas com bancos e serão efetivamente adquiridos caso a Cosan tenha aprovação do Cade (o que é provável em nossa visão). O maior problema para esta transação é o tamanho dela vis-à-vis o tamanho da Cosan. O valor de mercado atual da Cosan é de R$ 32 bilhões e as compras de ações da Vale representam um investimento de ~R$ 21 bilhões.
Segundo a Cosan, o pagamento deste investimento vai ocorrer principalmente com a venda de outros ativos, incluindo ações de empresas ainda não listadas na B3, como a Compass e também via dividendos da própria Vale, além dos recursos gerados pelas empresas do grupo Cosan ao longo dos próximos anos. A empresa descartou emitir ações da própria Cosan (holding) para pagar pelas ações da Vale.
Impacto: neutro para Vale, negativo para Cosan. A Guide Investimentos acredita que o impacto desta transação é neutro para as ações da Vale. A Cosan será apenas mais um acionista, ainda que relevante, e não deve mudar os rumos da empresa. Para a Cosan, o impacto é negativo, pelo menos no curto prazo. A transação é muito grande e deve pressionar as ações do grupo no curto prazo em função do risco de emissão de novas ações (diluição), além de impactar negativamente no risco de crédito da empresa. Por fim, como parte do pagamento deve vir dos próprios resultados da Vale, a Cosan passa a partir de agora a ser uma empresa “alavancada” nos preços do minério de ferro.