No dia seguinte à entrevista do presidente Jair Bolsonaro ao Jornal Nacional, eu escrevi nesta coluna que o capitão, se não ganhou eleitores, também não perdeu.

Ontem chegou a vez do Lula. Penso a mesma coisa: quem iria votar nele, vai continuar votando. Só que a esses, e essa é minha opinião pessoal (os institutos de pesquisa irão confirmar ou desmentir), o Lula saiu da entrevista com muito mais votos do que entrou.

Como já estava no limiar de uma vitória no primeiro turno, pode ser que ela se materialize.

Foi calmo, prudente, não ofendeu ninguém e se mostrou aberto a acordos que poderão pacificar o país e nos tirar do clima de tensão dos últimos três anos e meio.

Cometeu uma injustiça grave com Fernando Henrique Cardoso ao dizer que pegou a inflação em 12%, a reduziu logo no primeiro ano, continuando em seguida.

Na verdade, os 12% de 2002 foram provocados justamente pelo medo da subida do Lula ao poder, o que elevou tremendamente a cotação do dólar. Ou seja, essa inflação FHC pode ser carimbada como inflação Lula futuro.

No mais foi prudente, quase perfeito, acenou ao centro (não o Centrão) e deixou a entender que governará sem sobressaltos.

Deixou uma porta aberta para o agronegócio ao dizer que só não apoia essa atividade quando ela destrói florestas, mata bichos e invade terras indígenas.

Enfim, para eu não dizer que Lula venceu Bolsonaro por nocaute, nem dizer que o encurralou nas cordas, afirmo com convicção que ganhou com folgada margem de pontos.

Para ser justo, acho bom frisar que a Globo não lhe perguntou a respeito de “bater em mulher só fora de casa” nem fez menção à amizade de Lula com o sanguinário Daniel Ortega.

Um forte abraço,

Ivan Sant’Anna, trader, escritor e colunista na Inv Publicações.

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