Painéis “Segurança energética e competitividade” e “A agenda ESG na visão dos CEOs” reuniram o presidente da Shell Brasil e outros altos executivos em torno da agenda energética
De Plurale/ Do Rio de Janeiro
O potencial de protagonismo brasileiro na transição energética mundial – seja com a produção de energia limpa, seja na segurança energética, seja com a mitigação por meio de soluções baseadas na natureza – foi destaque do primeiro dia do Shell Talks 2022. Do dia 22 até hoje, quinta-feira (25 de agosto), o evento reúne líderes da indústria e do governo em painéis temáticos sobre o futuro da energia, com entrada gratuita e transmissão pela internet.
“Estamos construindo os passos da Shell no futuro”, disse o presidente da Shell Brasil, Cristiano Pinto da Costa, no painel “A agenda ESG na visão dos CEOs”, junto com o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, e o diretor-geral da Siemens Energy Brasil, André Clark, com moderação da jornalista Natalia Viri. Cristiano citou projetos como a joint-venture entre Gerdau e Shell Energy Brasil em uma usina solar com capacidade de 260MW, o investimento de R$ 200 milhões na Carbonext – líder em geração de créditos de carbono no Brasil – e o projeto de Pesquisa & Desenvolvimento em hidrogênio verde com o Porto do Açu.
Segundo Pinto da Costa, a Shell pretende ser uma “one-stop-shop”, ou seja, fornecer todas as etapas da jornada de descarbonização para clientes, desde a mitigação de emissões até a compensação de créditos de carbono, passando pela geração ou fornecimento de energia limpa. O executivo explicou também que o óleo e gás têm papel importante na jornada de descarbonização, por meio do financiamento de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias que possibilitem a adoção de energias renováveis em larga escala e dando suporte à transição por meio do gás natural ou apoiando setores da economia de difícil descarbonização, por exemplo.
Na conversa, o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, ressaltou a oportunidade de reindustrialização do país por meio da energia renovável e de toda a cadeia de suprimento necessária para o transporte desta energia. “O Brasil poderá ser um exportador desta commodity”, concluiu. O potencial brasileiro em créditos de carbono foi abordado na conversa, e o diretor-geral da Siemens Energy Brasil, André Clark, lembrou que a manutenção dos ecossistemas também envolve outros serviços prestados pelas florestas, como recursos hídricos e a biodiversidade. “O Brasil pode ser a capital da transição energética e o polo da biodiversidade do planeta”, declarou.
Pela manhã, o painel “Segurança energética e competitividade” reuniu o vice-presidente de Relações Corporativas da Shell Brasil, Flávio Rodrigues, a membro fundadora da Catavento Consultoria, Clarissa Lins e o vice-presidente sênior de Global Energy da IHS Markit, Carlos Pascual. Sob a moderação do jornalista Carlos Alberto Sardenberg, os participantes analisaram a volatilidade de preços de energia e a demanda energética no contexto de mudanças geopolíticas, transição para fontes renováveis e de disputa por recursos.
Flávio Rodrigues destacou o bom histórico brasileiro em relação ao cumprimento de contratos e segurança regulatória para o desenvolvimento da indústria e atratividade de investimentos. Para o executivo, entretanto, a disputa por recursos no contexto mundial é uma realidade que não pode ser desprezada no desenvolvimento de novas fontes, como eólicas offshore e hidrogênio verde. “Se o Brasil não se posicionar, pode perder essa oportunidade”, avaliou.
Clarissa Lins destacou que, além de posição privilegiada em renováveis e NBS, o petróleo brasileiro tem outras vantagens no contexto de descarbonização e volatidade de preços, já que o óleo do pré-sal tem baixa intensidade de carbono e é mais resiliente à volatilidade de preços graças à abundante produtividade dos campos. “O Brasil tem hoje uma posição favorável tanto em matriz energética quanto em matriz elétrica”, resumiu.
O vice-presidente sênior de Global Energy da IHS Markit, Carlos Pascual, tem visão parecida sobre o potencial brasileiro no contexto energético que se configura na atualidade: “Possivelmente, não há outra economia mais bem-posicionada que o Brasil”, disse ele, se referindo ao potencial de renováveis, NBS e recursos energéticos tradicionais. Pascual também destacou que, apesar dos desafios geopolíticos e econômicos, é importante tomar decisões que viabilizem a transição energéticas. “Essas escolhas devem ser feitas agora”, disse, em relação ao enfrentamento ao aquecimento global.
Sobre o Shell Talks
O futuro da energia é o tema central dos debates do Shell Talks 2022, que acontece de 23 a 25 de agosto, no Armazém 5 do Píer Mauá. O evento acontece em formato híbrido – com painéis presenciais e transmissão ao vivo pelo site da companhia e redes sociais dos jornais O Globo e Valor Econômico (LinkedIn, Facebook e YouTube). Toda a programação do evento está conectada com a estratégia Powering Progress do Grupo Shell, baseada em quatro pilares: atingir emissões líquidas zero até 2050, impulsionar vidas, entregar valor aos acionistas e respeitar a natureza.
Neste ano, o Shell Talks acontece em paralelo ao Shell Eco-Marathon, evento que reúne estudantes universitários entre 22 e 25 de agosto, no Armazém 3 do Píer Mauá. Os participantes têm o desafio de construir protótipos de carros que percorram, em uma pista construída para a competição, a maior distância com a menor quantidade de energia. São esperadas 30 equipes vindas de diversos estados do país e das Américas.