O desenvolvimento de uma carreira tem momentos interessantes, se por algum tempo a grande concentração era na “boa formação”, depois no conhecimento técnico, mais tarde em falar outra língua e outras fluências multiculturais, chegamos nos últimos anos ao ápice da discussão sobre inteligência emocional, interessante que quase sempre mirando como tratamos o outro, o colega, o chefe, o subordinado, o cliente… Às vezes alguém lembra da gente, da gente se tratar bem, se cuidar, se valorizar, ou se controlar… mas dentro do esperado, do aceito, do comum, da forma, do modelo, expectativas para sua idade, para seu grupo, para sua comunidade, cidade, gênero, e outras convenções.
E aí dá-lhe culpa, a sociedade é incrivelmente eficiente em manipular esse sentimento, até porque isso também é uma maneira de falar, “opa, olha seu lugar, vai ali, faz sucesso, ganha um dinheiro, mas não esquece quem você é e o que deveria estar fazendo, e fazendo junto, e fazendo perfeitamente”. E se não funcionar, tem sempre um remédio aqui, uma bebida ali, uma comprinha (ou grande compra) acolá… Indulgência pura e efêmera.
Não caia na armadilha da culpa, culpa não se mistura com frustração. Culpa se não ilícita ou oriunda de maldade (essa é culpa mesmo, e melhor tê-la que não a ter), é sofrida e limitante. Frustração é fiz o que fiz, meu melhor naquele momento, e não aconteceu o esperado o que muitas vezes é oriundo de expectativas exageradas ou idealistas.
Já viram como os super-heróis / super-heroínas dos filmes, quadrinhos, têm culpa? Já viram que o maior interessado nessa culpa são seus inimigos? Nada mais eficiente do que ser inimigo de si mesmo, e as vezes trazendo um excesso de responsabilização, o que traz junto uma enorme sobrecarga, até se achar autossuficiente, com ou sem vitimização, a culpa está lá e seus perigos também.
As pessoas pensam que precisam de sua rede/network profissionalmente, mas esquecem do lado indissociável que precisamos de outros não só profissionalmente, precisamos desde que nascemos, então a autossuficiência é um engano. Além da família, os amigos, as escolas, os empregados domésticos, as organizações culturais e educacionais, todos têm papel fundamental no equilíbrio saudável do binômio vida pessoal e profissional.
Não precisamos de pessoas para nos colocar culpa, ao contrário, por isso vigilância e atenção com sua rede. Converse e confie nas pessoas da sua rede. Elas precisam estar em sintonia com os seus valores fundamentais, mas isso não significa que serão iguais a você ou cuidarão da vida igual a você, e nem que pensarão igual a você, porém você pode contar com elas, são suporte (olha outro conceito de “rede” aqui). E fique surpreso, têm coisas que outros fazem muito (muito mesmo) melhor que você! E delegação e divisão de tarefas não são prerrogativas corporativas, pelo contrário, são a base do desenvolvimento humano a tempos.
Esqueça a perfeição, se frustre (mas não se culpe), se desafie, se supere e se liberte. E se apoie e também apoie os companheiros do caminho.
Jamile Aun
CFO America em multinacionais de bens de capital para infraestrutura em geração e transmissão de energia, irrigação, transporte, comunicação, embalagens e alimentos. Com MBA em Finanças e Controladoria, especialização em Administração Industrial e Gerenciamento de Projetos pela FIA, certificação PMP do Project Management Institute e Certificação de CFO pelo IBEF – Instituto Brasileiro dos Executivos de Finanças. Pos MBA em Conselho de Administração. Certificada pelo IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. É membro de gêneros e desenvolvimento de jovens talentos como W-CFO e WCD. Também atua como Conselheira Fiscal e mentora de PME.organizações de promoção da equidade de oportunidades entre gerações.