Pelo quarto mês consecutivo, o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) apontou otimismo dos comerciantes. Apesar do avanço mensal mais modesto do que os registrados nos três meses anteriores, de 1,5%, o indicador apurado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) alcançou 123,1 pontos em julho. Na comparação anual, o crescimento foi de 14,2%.
Entre os índices avaliados, Condições Atuais do Empresário do Comércio se destacou, apresentando tanto a maior variação mensal (+4,7%) quanto anual (+30,6%). O presidente da CNC, José Roberto Tadros, observa que o resultado pode ser explicado pela retomada do consumo represado durante a pandemia e pelas medidas de reposição de renda do governo federal. “A despeito da inflação ao consumidor e dos juros mais altos, o desempenho positivo das vendas no varejo tem impactado de maneira favorável a percepção dos empresários sobre as condições de operação do comércio e o desempenho da própria empresa”.
Intenção de contratar avança
O subíndice Intenções de Investimentos na Contratação de Funcionários avançou 1,6%, alcançando 131,7 pontos, o terceiro aumento consecutivo. No ano, o incremento na perspectiva de contratação foi de 7%, com 77,2% dos tomadores de decisão no varejo afirmando que pretendem ampliar o quadro de funcionários dos estabelecimentos.
Sobre o movimento de contratações pelo comércio, a economista da CNC responsável pela pesquisa, Izis Ferreira, avalia que as expectativas são positivas para a segunda metade do ano, apesar dos desafios econômicos, como inflação e juros elevados, já que concentra as datas mais relevantes para o setor sob a ótica do movimento nos pontos de venda e da alta do faturamento. “Com a dinâmica esperada para as vendas no varejo, impulsionadas pelo reforço na renda das famílias com novo aumento de 50% no Auxílio Brasil, o comércio já enxerga a necessidade de mais funcionários”.
Comércio de vestuário é o mais confiante
A visão mais otimista do varejo sobressaiu no grupo de lojistas de artigos de vestuário, tecidos, acessórios e calçados. Com o índice de confiança atingindo 131,6 pontos, crescimento de 1,4% em relação a junho e de 38% na comparação com julho de 2021, o segmento apresentou as maiores taxas dentre os grupos de comerciantes pesquisados. Segundo a análise da CNC, o comportamento é justificado pela retomada de eventos, viagens, lazer, entretenimento fora de casa e o próprio trabalho presencial.
O volume de vendas do segmento de tecidos e vestuários apresentou o maior crescimento na Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), neste ano, no acumulado entre janeiro e maio (+23,9%). Em maio, as vendas do segmento ficaram também entre as que mais avançaram no mês (+3,5%), na comparação entre os segmentos apurados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Por outro lado, a economista destaca que, em julho, as expectativas dos comerciantes para os próximos meses apresentaram queda, a primeira após três meses. ‘Embora o segundo semestre do ano concentre as datas comemorativas mais importantes do comércio, as incertezas econômicas provocadas pela corrida eleitoral e a combinação de inflação e juros altos balancearam as perspectivas para o desempenho da economia e do próprio comércio’, avalia. Ainda assim, Izis considera que as medidas de ampliação temporária da renda das famílias terão impacto positivo nas vendas no segundo semestre, o que levou a CNC a revisar para cima a expectativa para o volume de vendas este ano: de +1,7% para +2,0%.