Alguns meses atrás, o presidente da República se queixou dos altos dividendos pagos pela Petrobras.

Na ocasião, ele desejava que a empresa baixasse, ou pelo menos parasse de subir, o preço dos derivados de petróleo na boca de saída das refinarias e, por conseguinte, nos postos de abastecimento.

Evidentemente era a paridade com as cotações internacionais que resultava em altos lucros da Petrobras e, em consequência, bons dividendos aos acionistas.

Agora a situação mudou. Houve uma guinada de 180º. Num esforço para bancar os gastos sociais extras, coincidentes não por acaso com a aproximação das eleições, o secretário especial de Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia, Esteves Colnago, incontestavelmente por decisão de Guedes e Bolsonaro, quer que a Petrobras, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e o BNDES abram os cofres e soltem a grana.

O destino dessa dinheirama, que poderá abrir um espaço de R$ 41,2 bilhões no Orçamento deste ano, é o pagamento do Auxílio Brasil (R$ 600,00), além de benefícios para taxistas e caminhoneiros.

Sobrarão cofres magros para o primeiro ano do próximo governo, que inclusive poderá ser continuação do atual.

Outro efeito colateral será a saída de dólares da Petrobras, que tem um terço de acionistas estrangeiros, com consequências óbvias de pressionar o câmbio.

Calcula-se que oito bilhões de dólares poderão sair do país, só nesse caso. É verdade que parte desse dinheiro retorna.

Quem vai ter um Natal mais gordo, com certeza, são os acionistas da Petrobras e do Banco do Brasil, que verão pingar em suas contas bancárias umas castanhas com as quais não deviam estar contando neste ano de vacas magras.

Ivan Sant’Anna, trader, escritor e colunista na Inv Publicações.

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