Sempre que observo o movimento da natureza vejo o quanto ela se assemelha às relações sociais. Mesmo não sendo conhecedora de biologia, sabemos que uma árvore plantada em uma floresta antiga e rústica, porém com a presença de árvores antigas, terá bem mais sucesso de se desenvolver do que uma árvore sozinha plantada num campo aberto, mesmo que com o solo fértil e bem tratado. Isto porque as raízes da árvore recém-plantada são capazes de seguir os intrincados caminhos criados pelas árvores centenárias e, assim, se enraizar mais profundamente.

De fato, com o tempo, as raízes de muitas árvores podem se enxertar umas nas outras, criando uma interdependência de vida escondida sob a superfície da Terra. Isso literalmente permite que as árvores mais centenárias compartilhem recursos com as mais jovens para que toda a floresta se torne mais saudável.

Da mesma forma, nós, seres humanos, nos desenvolvemos melhor quando temos ao nosso lado a presença daqueles que trazem consigo a bagagem da vida e as experiências acumuladas ao longo dos anos. Nossas raízes podem não seguir todos os caminhos disponíveis, mas podemos nos tornar mais plenamente nós mesmos por causa da presença de outros e das conexões entre nós. E é justamente a importância do papel de um mentor em nossas vidas, que torna as nossas raízes mais profundas e fortalecidas.

O papel de um mentor é, antes de mais nada, o de apoiar seu mentorado no processo de autoconhecimento. O bom mentor provoca reflexões saudáveis junto ao mentorado através de perguntas que o façam buscar as respostas que estão ali dentro de cada um. O mentor faz o mentorado descobrir qual o seu real objetivo e o que ele precisa alcançar para chegar ao próximo nível.

Rudolf Steiner, profundo estudioso do comportamento humano e fundador da antroposofia, dividiu as etapas da vida em setênios (divisões de 7 em 7 anos) e concluiu que o ser humano, após seus 42 anos começa a sentir a necessidade de devolver para o outro e para o mundo aquilo que aprendeu em sua jornada. Essa devolutiva começa a ficar ainda mais intensa após os 49 anos, diante da virada do próximo setênio. Transbordar o conhecimento adquirido e compartilhar as experiências de vida é premissa para muitos após a maturidade. (Fonte: Revista Exame)

O trabalho de um mentor não se confunde ao de coaching

O coach é um treinador, é o profissional que irá trabalhar com metodologias aplicáveis nas competências atuais do seu coachee. Ele contribui no desenvolvimento das potencialidades.

Já o mentor é alguém com bagagem, com experiência adquirida e comprovada ao longo do tempo em sua área de atuação e que coloca à disposição de um profissional mais jovem todos os recursos que ele traz desta vivência para apoiá-lo na promoção do autoconhecimento e crescimento na carreira do seu mentorado.

Pontos chaves para um bom mentor pôr em praticar:

  • Em respeito a Lei Geral de Proteção de Dados, LGPD, recomendo ambos assinarem um Contrato NDA;
  • Preparar-se previamente para cada encontro;
  • Criar um diário ou planner com a dinâmica de cada sessão, anotando todos os detalhes discutidos, e quais as ações ou caminhos levantados;
  • Criar uma relação de confiança, aconselhamento positiva e um clima propício para uma comunicação franca;
  • Apoiar o mentorado a identificar os desafios, as oportunidades, os impostores de seu processo evolutivo;
  • Provocar o mentorado a abrir os caminhos e encontrar a solução dos desafios;
  • Dividir com o mentorado suas histórias – sucessos e principalmente, onde errou e fracassou;
  • Admitir honestamente quando se deparar com um tema que não domina ou onde houver limitações para apoiar o mentorado a buscar o melhor apoio;
  • Solicitar feedback para o mentorado sobre o processo de mentoring;
  • Avaliar e dar feedback do progresso alcançado pelo mentorado.

Se você se identificou e entende que está pronto para devolver ao mundo tudo o que recebeu ao longo da sua jornada, eu lhe incentivo a buscar um grupo de afinidade onde possa desenvolver essa habilidade e dentro deste ecossistema descobrir que mais ganhamos do que devolvemos. Desejo muito sucesso em sua jornada!

Cristiane Crucelli

Executiva C-level com mais de 28 anos de experiência em empresas de médio e grande porte expressivas em seus segmentos de negócio, com forte presença em indústrias de manufatura de bens de consumo. Economista pelo Mackenzie e Contabilista pela FECAP. Pós-graduada em Finanças pela FGV-SP, com Especialização em Gestão Estratégica pela The Wharton School e Valuation-gestão de projetos pela Insper. Membro cofundadora do W-CFO Brazil. Conselheira de Administração e Fiscal certificada pelo IBGC e FDC. Angel investor. Mentora de negócios do InovAtiva – SEBRAE. Mentora do W-CFO para executivas de finanças prestes a ascender a cadeira número #1 em Finanças.

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