Em especial livros desta semana, a indicação segue a linha da pauta Mulheres em Ação. Um ambiente com conteúdos exclusivos que contribuem para uma sociedade mais justa, inclusiva e igualitária. A obra, O Pacto da branquitude, de Cida Bento, denuncia e questiona a universalidade da branquitude e suas consequências nocivas para qualquer alteração substantiva na hierarquia das relações sociais.

Cida foi eleita em 2015 pela The Economist uma das cinquenta pessoas mais influentes do mundo no campo da diversidade. É psicóloga, ativista brasileira e co-fundadora do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), que atua na redução das desigualdades raciais e de gênero no ambiente de trabalho.

O Pacto da branquitude

Diante de dezenas de recusas em processos seletivos, Cida Bento identificou um padrão: por mais qualificada que fosse, ela nunca era a escolhida para as vagas. O mesmo ocorria com seus irmãos, que, como ela, também tinham ensino superior completo. Por outro lado, pessoas brancas com currículos equivalentes ― quando não inferiores ― eram contratadas.

Em suas pesquisas de mestrado e doutorado, a autora se dedicou a investigar esse modelo, que se repetia nas mais diversas esferas corporativas, e a desmistificar a falácia do discurso meritocrático. O que encontrou foi um acordo não verbalizado de autopreservação, que atende a interesses de determinados grupos e perpetua o poder de pessoas brancas.

A esse fenômeno, Cida Bento deu o nome de “pacto narcísico da branquitude”. Através de sua experiência, ela apresentar evidências desse acordo tácito e nos convidar a deslocar nosso olhar para aqueles que, a fim de se manter no centro, impelem todos os outros à margem.

O Pacto da Branquitude é um termo utilizado para descrever um conjunto de valores, comportamentos e práticas que reforçam a supremacia branca em sociedades onde a população branca é dominante. Essa expressão foi cunhada pela socióloga francesa Colette Guillaumin, que defende que o racismo é mantido pela adesão inconsciente dos brancos a esse pacto, que funciona como uma espécie de “contrato social” não escrito.

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