Já está se tornando quase unanimidade dizer-se que nos últimos meses de 2022 e ao longo do ano que vem os principais países entrarão em recessão.
Ao mesmo tempo, nas últimas semanas estão surgindo dados mostrando que o Brasil deve ficar de fora dessa. Aliás, a cada semana que passa os economistas estão revisando, para cima, os prognósticos do crescimento brasileiro neste ano de 2022.
Fala-se agora em um mínimo de 1,5%, com possibilidades de ser mais. Afinal de contas, estamos ainda no início do 2º semestre.
O critério para se considerar um país em recessão é que ele apresente dois trimestres negativos de PIB negativo e aumento do desemprego. Só que isso é algo que se convencionou. Podiam ser três ou quatro. Mas cismou-se que são dois e por enquanto é o que está valendo.
A razão pela qual nós estamos saindo mais cedo do quadro recessivo é porque começamos a combater a inflação antes dos demais, com o Copom subindo – subindo para valer –, de 2% para 13,25% num espaço de 15 meses.
Enquanto isso, Jerome Powell, chairman do Fed, acreditava que o surto inflacionário que atingiu os Estados Unidos era apenas temporário. E demorou a perceber que estava errado.
A Comunidade Europeia está ainda mais atrasada nessa questão dos juros. Tanto é assim que o euro está se aproximando do par com o dólar. A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, sinalizou que só começará a aumentar as taxas agora em julho e depois em setembro.
É altamente provável que quando o BC brasileiro começar a baixar a taxa Selic, os Estados Unidos e a Europa ainda estejam operando ladeira acima.
Ivan Sant’Anna, trader, escritor e colunista na Inv Publicações.