(*) Rodrigo Maia

A jornada até 2030 moldará a profissão de Relações com Investidores em uma aventura cibernética para atender os milhões de clientes ávidos por informação comprovada e fundamentada.

A arte de relações com investidores tem como essência a capacidade do profissional de incorporar o DNA da Companhia que representa. O negócio e a estratégia tornam-se parte do dia-a-dia desse profissional, sempre pronto para responder aos anseios das investidoras

e investidores, buscando o que existe de diferencial.

Nos últimos 5 anos, em especial nas Companhias com estratégia de digitalização, esse movimento ficou muito evidente.  O essencial está na cultura e não na tecnologia. O processo de uma companhia digitalizar passa por mudanças de mentalidade, para alcançar o “mindset digital”. 

Quando entramos na pandemia, o digital se fez presente de forma tão evidente, que as Companhias previamente preparadas se destacaram. O destaque veio em  forma de agilidade, naturalidade e tranquilidade em trabalhar com sistemas de nuvem, totalmente remotos, como

 se estivessem no escritório. Quem já havia realizado eventos híbridos navegou tranquilamente pelas novas formas de realizar assembleias 100% digitais.

Lembro que uma das primeiras reuniões que fiz no lockdown foi com um investidor da Califórnia. Eu estava em uma fazenda no interior do Rio Grande do Sul, com o meu maior aliado para aquele momento, um macbook pro e uma conexão excelente de internet, mesmo que rodeado de pássaros e tangerinas. Do outro lado, meu cliente tinha uma questão. O fundo de investimento que trabalhava não havia se preparado para trabalhar em nuvem (cloud), portanto teria de iniciar seu modelo (valuation) do zero. A alegação era a segurança da informação e, portanto, seu modelo só abria no escritório físico. Dois anos se passaram e certamente aquele investidor já está com seu modelo na nuvem. Repare nos meses de competitividade que perdeu para outros fundos de investimento já preparados com o “mindset digital”.

Ouvi outro dia de um profissional de RI que os investidores ainda prezam o olho no olho. Lembrei do astrônomo Carl Sagan, que dizia ser mais seguro e ágil levar olhos cibernéticos do homem para Marte, do que arriscar nossa segurança de forma presencial. O robô

 Perseverance tem brincado esses dias com seu drone Ingenuity em Marte nos enviando fotos incríveis.

Tiktok, instagram, twitter, blockchain e metaverso. Palavras que apareceram nos últimos anos e que não estavam no vocabulário do RI. Seriam esses os olhos cibernéticos dos nossos milhões de investidores? Como alimentar suas curiosidades? Remuneração dos administradores com bitcoin, assembleia virtual no metaverso, CEOs fazendo stories no Instagram e TikTok, tudo isso plenamente conectado com os canais de vendas virtuais das Companhias. Precisamos cibernetizar as relações com investidores, construir a “perseverance” do RI para levar a estratégia da Companhia ao alcance deles, que já estão em Marte à nossa espera.

Esses e outros assuntos serão debatidos no 23º Encontro Internacional de Relações com Investidores e Mercado de Capitais: www.encontroderi.com.br.

(*) Rodrigo Maia é CEO do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores, atuando por 14 anos como profissional de RI da Gerdau. Ele também teve atuação por 11 anos na Braskem e na CSN, como RI e profissional de Tecnologia da Informação. Possui formação em Ciência da Computação (UniFOA) e MBA com especialização em Finanças pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo. Recentemente foi aceito como estudante de Ciência de Dados para Finanças na Nova IMS Lisboa, Portugal.

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Investir sem um preço-alvo é acreditar apenas na sorte