O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, busca acordo com a Arábia Saudita para o aumento da produção de petróleo. Isso acontece apesar das relações fragilizadas desde o assassinato do jornalista do Washington Post no consulado saudita na Turquia em 2018.
Petróleo no cenário internacional
A alta do preço do barril de petróleo, que hoje negocia na casa dos 115 dólares e vem puxando a inflação global, é um motivo de grande preocupação do governo norte-americano, principalmente após a Rússia informar que iria suspender o fornecimento de produtos petrolíferos para alguns países europeus, dessa forma, reduzindo a produção global da commodity energética.
A notícia de que os sauditas poderiam aumentar a produção de barris fez com que o ouro negro fosse negociado por volta dos 113 dólares o barril. No entanto, já na manhã de hoje, o preço já superava os 115 dólares em meio à desconfiança do mercado de que os árabes efetivamente irão aumentar a produção.
Alguns países membros da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) não estão conseguindo originar toda sua cota e a Arábia Saudita já está quase no seu limite produtivo. Como o mercado tem 1 milhão de barris dia de venda do SPR (Reservas Estratégicas de Petróleo), praticamente não tem mais produção sobrando fora da Rússia.
Logo, é questão de tempo até os oleodutos entre Rússia, China e Índia aumentarem a capacidade de escoamento, liberando espaço para os árabes venderem mais para a Europa e Estados Unidos.
Petróleo no cenário doméstico
Já em território nacional, a Petrobras, que está com os preços defasados em relação à paridade internacional, de forma contraintuitiva se beneficiaria com a queda dos preços no mercado internacional por duas razões.
A primeira é que parte do combustível vendido no país é importado pela petroleira que, atualmente, tem prejuízo nessa operação de importação dado que estão, neste momento, vendendo abaixo da paridade internacional.
Com a queda dos preços do combustível, outra razão que é favorável para Petrobras é o risco político de intervenção na companhia por parte do governo federal que está sob pressão por conta dos preços já elevados da gasolina e do diesel vendidos por aqui. Preços que, aliás, têm ajudado a manter a inflação brasileira na casa dos 12% no acumulado dos últimos doze meses.
Já para as demais companhias petrolíferas listadas na bolsa do Brasil, podemos citar PetroRio, PetroReconcavo, 3R Petroleum e a Enauta. Ao contrário da gigante do setor, para essas que acabamos de mencionar, é pior que o petróleo fique em um patamar mais baixo uma vez que não são obrigadas a vender seu produto no mercado doméstico. Portanto, podendo exportar utilizando da paridade internacional e, na maioria dos casos, são menos afetadas mesmo quando a Petrobras age de forma irracional vendendo combustíveis com preços menores do que os custos de importação.
Conclusão
Mesmo com o esforço do presidente norte-americano, os preços do barril de petróleo devem seguir acima dos 100 dólares por algum tempo visto que os estoques dos Estados Unidos estão em níveis historicamente baixos e que os demais participantes da Opep devem se aproveitar dos preços mais elevados para ganhar mais em suas exportações. Por aqui, a principal petroleira do nosso país segue pressionada tanto pelos preços dos combustíveis quanto pelo cenário eleitoral.
João Abdouni, analista CNPI na Inv Publicações