O indicador da Boa Vista de Demanda por Crédito do Consumidor recuou 4,3% entre os meses de março e abril na comparação dos dados dessazonalizados, após ter avançado 0,6% no mês anterior, mantida a base de comparação. Com relação ao trimestre móvel encerrado em abril, o indicador apontou queda de 1,7% contra o trimestre imediatamente anterior, encerrado em janeiro.

Já na comparação interanual foi observada alta de 6,5%, mas o resultado não foi capaz de impedir a desaceleração do indicador na análise acumulada em 12 meses, que passou de 13,6% para 12,4% nesta aferição. No mesmo sentido, no acumulado do ano a demanda por crédito passou de crescimento de 13,5% em março para 11,9% em abril.

As variações nos números referentes ao segmento Financeiro foram mais significativas em magnitude: queda de 6,1% na comparação mensal e alta de 14,7% na comparação interanual. A curva de longo prazo, medida pela variação acumulada em 12 meses, continua numa tendência de desaceleração e agora aponta crescimento de 21,5%, ante 23,2% na leitura anterior. As variações do segmento Não Financeiro foram menos intensas: queda de 3,2% em relação a março e alta de apenas 1,0% contra abril de 2021, o que contribuiu para desacelerar o resultado acumulado em 12 meses, que passou de 7,1% para 6,3%.

Essa desaceleração no ritmo de crescimento do indicador já era esperada, e teve início em março na curva referente ao setor Financeiro, mas agora em abril se viu o mesmo movimento em ambas as curvas que compõem o indicador. Diante do cenário econômico atual, de juros e inflação elevados, a expectativa é de que a demanda por crédito continue desacelerando, mas que encerre o ano em alta. De um lado os spreads tendem a subir em resposta à elevação da inadimplência e encarecer o crédito, algo que pode desacelerar a oferta de crédito devido aos riscos envolvidos; de outro, a inflação tem corroído demais o poder de compra dos consumidores e estes podem vir a demandar mais crédito, mas o custo dele deve esfriar as pretensões de consumo.

O IPCA, de acordo com o IBGE, acumula alta de 4,29% no ano (de janeiro a abril) e de 12,13% em 12 meses acumulados. A projeção oficial mais recente para o IPCA em 2022 é de 29 de abril e está na marca de 7,89%. Ela não foi atualizada devido à greve dos servidores do Banco Central, mas extraoficialmente já se fala numa inflação na casa dos 8,5% ao final deste ano. Isso leva em consideração não apenas os impactos da guerra nos preços, como também, o efeito da desaceleração na economia chinesa decorrente da covid-19, o aperto monetário nos EUA, que ganhou mais força na última semana, entre outros fatores.

Quando se fala em juros básicos, a taxa Selic já está no patamar de 12,75% e deve continuar subindo. Num primeiro momento, a expectativa é de que a taxa suba mais 0,5 ponto percentual, para 13,25%, contudo, na ata da última reunião o Comitê de Política Monetária (Copom) adotou um discurso mais cauteloso e preferiu não se comprometer com o encerramento do ciclo de alta na próxima reunião, prevista para 14 e 15 de junho.

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