Mas o comitê afirmou que sua atuação demanda “cautela adicional” diante da incerteza elevada da conjuntura econômica atual e do estágio avançado do ciclo de ajuste monetário, com impactos ainda a serem observados. Desde o início do processo de aperto monetário, a Selic já subiu 10,75 pontos porcentuais, a alta mais forte desde 1999.
“Para a próxima reunião, o Comitê antevê como provável uma extensão do ciclo com um ajuste de menor magnitude. O Comitê nota que a elevada incerteza da atual conjuntura, além do estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos ainda por serem observados, demandam cautela adicional em sua atuação”, disse o Copom na ata, repetindo o comunicado da semana passada.
O BC ainda repetiu que poderão ser feitos ajustes nos próximos passos para convergência da inflação às metas e a depender da evolução do balanço de riscos, da atividade econômica e das projeções e expectativas de inflação.
Apesar de sinalizar uma redução do ritmo na próxima reunião, o Copom voltou a dizer que é apropriado que o ciclo de aperto monetário “continue avançando significativamente em território ainda mais contracionista”, preocupado com o aumento de suas projeções de inflação e com o risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos.
“O Comitê enfatiza que irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, repetiu a ata.
Arcabouço fiscal vigente
O Copom enfatizou nesta terça, por meio da ata de seu último encontro, o alerta nível de aperto monetário apropriado também é condicional ao arcabouço fiscal vigente. O colegiado destaca no documento que debateu como o risco fiscal afeta a condução da política monetária e repete que as incertezas em relação ao futuro das regras fiscais atuais – leia-se, o teto de gastos, questionado por todos os candidatos à Presidência – resultam em elevação dos prêmios de risco e aumenta o risco de desancoragem das expectativas de inflação.
“Esse movimento já é observado, em alguma medida, e já está parcialmente incorporado nas expectativas de inflação para prazos mais longos extraídas da pesquisa Focus, assim como nos preços de diversos ativos locais”, destacou o Copom.
Embora tenha deixado de incluir no comunicado da semana passada, o BC repetiu na ata desta terça que o esmorecimento no empenho por reformas estruturais, bem como alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas, podem elevar a taxa de juros neutra da economia.