Fevereiro foi marcado pela divulgação de um vídeo com conteúdo misógino e machista criticando a atuação de mulheres nas obras do metrô e atribuindo a elas a responsabilidade pelo acidente na linha 6-Laranja. O fato desencadeou uma sequência de notas de repúdio divulgadas por muitas empresas de diversos segmentos, expressando o quanto o empresariado brasileiro não tolera ações que estão contra os princípios da equidade, principalmente “piadas e brincadeiras” que são maneiras ultrapassadas para reforçar preconceito e discriminação.
Dentre tantas notas de repúdio, uma chamou atenção, pela clareza com que a empresa manifestou seu repúdio a qualquer forma de retrocesso relacionada aos temas de inclusão, diversidade e equidade, indo muito além, do que apenas se manifestar pela aversão do fato ocorrido, mas afirmando que não há espaço para retrocessos. Foram anos de muito trabalho no processo de conscientização e na construção de uma modelo que faça sentido para empresas, investidores, clientes, consumidores e colaboradores. Isto posto, afirmo, reforço e repito “retroceder jamais”.
A jornada das mulheres pelo empoderamento feminino, iniciada no século XIX, foi dura e longa, mas ao mesmo tempo muito gratificante, principalmente, quando vemos homens e mulheres unidos e engajados na promoção e no impulsionamento da equidade de gênero, sem a existência de padrões patriarcais, criando caminhos e oportunidades para que as mulheres possam ocupar cargos lideranças e exercer com maestria o seu papel no mundo corporativo.
E tudo isso está relacionado ao ESG (enviroment, social and governance), estas 3 letrinhas que estão revolucionando o mundo dos negócios. O movimento capitalismo consciente iniciou na década de 70, quando os fundos de investimentos começaram a incluir critérios em seus processos de tomada de decisão de portfólio, e passaram a vetar investimentos em empresas que não estão enquadradas aos princípios do “Investimento Sustentável Responsável” (SRI).
Em 2000, avançamos um pouco mais, com o lançamento do Pacto Global promovido pela ONU, uma iniciativa voluntária para empresas e organizações do setor privado, com o objetivo de estimular o desenvolvimento sustentável por meio de lideranças corporativas. Mas foi em 2004 que a sigla ESG foi usada pela primeira vez no relatório, preparado pela ONU, “Who Cares Wins”, ampliando o espectro dos valores da sustentabilidade, além das questões ambientais, incluindo princípios éticos, responsabilidade social (políticas de diversidade e inclusão para equidade de gênero, raça, cor e etnia) e governança corporativa.
Mas a cereja do bolo aconteceu em 2020, quando o Larry Fink, CEO da BlackRock, a maior gestora de fundos de investimentos do mundo, anuncia em sua carta anual endereçada às empresas que recebem investimentos dizendo “BlackRock está atenta aos impactos que suas ações têm no mundo, e que as empresas sem propósito e que não cumprirem suas obrigações para com todos os stakeholders serão deixadas para trás”.
Claudia Dantas – CFO na TopDown Consultoria & Projetos S.A.
Executiva com sólida experiência em FP&A, M&A e governança corporativa, especialista em gestão financeira em projetos nacionais e internacionais (Brasil, México e Estados Unidos). Graduada em Administração de Empresas, pós-graduada em Gestão de Negócios – FGV, MBA Executivo pela – FAAP e certificada pelo IBGC para atuar como Conselheira de Administração, Membro W-CFO e Angel Investor Mulheres no Comando