O Carrefour divulgou os resultados do 4T21, com o SSS consolidado caindo 6,1% (ex-efeitos calendário) no segmento de alimentos (após crescer 22,9% no 4T20) e as vendas crescendo 3,7% a/a (1% acima da projeção do BTG).

Na bandeira Atacadão, o SSS caiu 5% a/a (estimávamos -3%), mais do que compensado pelas 9 inaugurações no período (chegando a 44 novas lojas em 2021), resultando em crescimento de 6,6% a/a à venda.

Em sua divisão de varejo, o Carrefour viu o SSS cair 9,2% a/a (em linha com a expectativa do BTG), com as categorias de alimentos crescendo 1,4% a/a e o segmento não alimentício caindo 23% a/a (após crescer 18% a/a no 4T20).

Em sua plataforma digital, a CRFB registrou um GMV de e-commerce de R$ 1 bilhão, um aumento
de 6,6% a/a, com sua operação de marketplace representando 16% do GMV total e e-commerce de alimentos crescendo 147% a/a para R$ 471 milhões.

Menor rentabilidade das operações de varejo compensada pelo Atacadão e CSF

A margem bruta consolidada atingiu 19,5%, 60bps maior a/a e 60bps acima de nossa estimativa, com a menor rentabilidade das operações de varejo compensada por maiores margens na divisão de atacarejo.

A margem bruta do Atacadão atingiu 15,5% ( 140bps a/a), impulsionada por compras estratégicas em meio à espiral inflacionária, enquanto a margem EBITDA foi de 7,9% ( 40bps a/a).

Enquanto isso, a margem bruta da divisão de Varejo (incluindo o e-commerce) foi de 23,2% (-170bps a/a), ainda impactada pelo novo programa de fidelidade, pela queda nas vendas de não-alimentos e pelo trade-down dos consumidores devido ao aumento da inflação, com margem EBITDA de 5,2% (-290bps a/a), impactada pela desalavancagem operacional da divisão durante o trimestre.

Assim, o EBITDA consolidado atingiu R$ 1,7 bilhão ( 1% a/a e 8% acima da projeção do BTG, com a principal surpresa vindo da divisão de financiamento ao consumidor do Carrefour), com margem EBITDA de 8,0% (-30bps a/a), enquanto o lucro líquido ajustado foi de R$ 766 milhões (redução de 13% a/a e 10% acima de nossa expectativa).

A divisão de financiamento ao consumidor registrou números saudáveis, apesar da inadimplência mais alta

Em sua divisão de financiamento ao consumidor (CSF), o Carrefour registrou crescimento de 14,6% a/a no faturamento, que atingiu R$ 13,3 bilhões, impulsionado pela expansão de 70% a/a no Cartão Atacadão (35% do faturamento total).

Enquanto isso, o faturamento do cartão de crédito Carrefour aumentou 8,8% a/a. As vendas totais “off-us” (fora das lojas Carrefour) cresceram 20% a/a, enquanto as vendas “on-us” caíram 2% a/a com menores vendas de não-alimentos.

Como resultado, a carteira de crédito total cresceu 13% a/a para R$ 15,3 bilhões. Mantendo a tendência dos últimos trimestres, as receitas de intermediação cresceram 39% a/a, enquanto a inadimplência (acima de 90 dias) atingiu 10,7% da carteira de crédito (vs. 9,3% no 4T20 e 9,6% no 3T21).

Por sua vez, o EBITDA foi de R$ 351 milhões, um aumento de 32% a/a, enquanto o lucro líquido cresceu 36% para R$ 193 milhões (projetávamos R$ 125 milhões).

Menos gatilhos de curto prazo, mas com potencial vindo do negócio com o Grupo BIG no 2S22

Enquanto os números da divisão de varejo vieram em linha com as estimativas do BTG, impactados negativamente pela espiral inflacionária e seus impactos na renda disponível e poder de compra, isso foi compensado por outro sólido desempenho da divisão de financiamento ao consumidor do Carrefour.

Juntamente com seus números trimestrais, o Carrefour também anunciou que revisou suas projeções de sinergia para a aquisição do Grupo BIG, levando a um aumento de 15% nos R$ 1,7 bilhão originais esperados em EBITDA adicional (em base anual) três anos após o fechamento do negócio, que agora está em R$ 2 bilhões.

No geral, apesar do dinamismo de curto prazo mais fraco em sua operação de varejo (com menores vendas de não-alimentos, trade-downs por parte dos consumidores devido à alta inflação e desalavancagem operacional), a melhora gradual esperada no negócio de atacarejo e o upside da fusão com o Grupo BIG (que deve ampliar o alcance do CRFB e fechar os gaps de produtividade/margem) ainda sustentam nosso rating de Compra no nome” Dizem os analistas do BTG.

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