As discussões sobre as questões de gênero, cercadas de polêmicas e controvérsias, crescem a cada dia e com mais força no cenário mundial por meio de vários movimentos. Um exemplo foi o HeForShe1, organizado e promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU), que teve como principal objetivo a aceleração do processo para se alcançar a igualdade de gênero, considerando o assunto como um direito humano, e não somente um direito das mulheres. De setembro a dezembro de 2014, o movimento foi o assunto de mais de 1,2 bilhão de conversas em mídias sociais. No mesmo ano, porém na contramão de tal perspectiva, o Fórum Econômico Mundial apresentou uma previsão de 80 anos para que a equidade de gênero fosse atingida, levando em consideração fatores de economia, educação e saúde, bem como indicadores políticos do momento.

Desde então, percebeu-se também no mundo corporativo uma onda de notícias sobre diversidade e inclusão onde grandes organizações prometeram não medir esforços para implementação de estratégias visando a igualdade entre homens e mulheres.

Em 2020, após 6 anos dos movimentos que marcaram essa jornada, o estudo “When Women Thrive/Quando as mulheres prosperam”, apresentado pela Mercer, (consultoria presente em mais de 50 países), mostrou que apesar dos dados promissores, menos da metade (42%) das participantes foi capaz de apresentar uma estratégia documentada e plurianual para alcançar a equidade de gênero.

Para tornar mais grave a situação, o Global Gender Gap Report 2021 do Fórum Econômico Mundial, apresentou que em função da pandemia mundial do coronavírus, mais um retrocesso foi percebido. Tal situação foi atribuída ao estancamento dos avanços econômicos e pelo fato das mulheres trabalharem nos setores mais afetados.

Com fundamento na premissa de que as organizações são subgrupos na constituição da sociedade, e que muito além de sua função principal ligada ao retorno financeiro dos acionistas, as empresas exercem também um papel fundamental de responsabilidade social (convergindo na transmissão de valores éticos aos colaboradores, fornecedores e à sociedade em geral), é imperativo pensar em ações para aumento da equidade e redução das desigualdades entre os gêneros. Um estudo recente apresentado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT): Women in Business and Management, concluiu que empresas que investem em políticas de igualdade de gênero e diversidade apresentam melhores resultados, inclusive na sua rentabilidade. De acordo com a pesquisa, quanto maior o número de mulheres, sobretudo em cargos de liderança, melhores os resultados de uma organização ao que tange ganhos de produtividade, rentabilidade, criatividade e inovação.

É inegável que os últimos anos foram de grandes mudanças e que se vive uma época que as questões femininas ganham mais força. Temos visto resultados interessantes em relação a isso mas precisamos, contudo, continuar nos questionando como chegaremos em uma nova sociedade na qual as relações de poder não somente troquem de lado. Oque desejamos (e temos trabalhado incansavelmente para que isso aconteça), é uma sociedade mais equilibrada na qual os cidadãos poderão interagir e se desenvolver de forma plena e produtiva. O que desejamos é a tão falada equidade gênero.

1 Campanha de solidariedade que defende os direitos das mulheres. Iniciada pela ONU Mulheres em 2014, tem como principal objetivo encorajar homens e meninos do mundo todo a tomarem iniciativas e medidas contra a desigualdade de gênero.

Priscila Ledermann Lima


Administradora, Pós-Graduada em Engenharia da Produção, Mestre em Negócios com formações em instituições nacionais e internacionais. Pesquisadora na área de Gênero e Diversidade e Estima Feminina. Executiva Sênior com mais de 20 anos de atuação em empresas nacionais e multinacionais, atuando na gestão de equipes com foco em desenvolvimento humano, tomada de decisão e resultados ao cliente.

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