MERCADOS GLOBAIS
Ativos de risco globais estão iniciando a manhã com forte viés negativo, após desconforto com a ata do Fed intensificar o mal humor que já vinha sendo apresentado por investidores nos últimos dias. Junto do receio em torno dos impactos econômicos da variante delta e o aperto regulatório de Pequim ao setor de tecnologia, a sinalização de que o “tapering” pode ter seu início já em 2021 contribuiu para mais uma sessão negativa para os mercados acionários ao redor do mundo. Além de uma queda generalizada das bolsas pela manhã, o ambiente de maior aversão ao risco volta a derrubar o rendimento das Treasuries nos EUA e impulsionar o dólar índice (DXY), que atinge o maior patamar desde novembro. No mercado das commodities não está sendo diferente; com o receio em torno da desaceleração econômica voltando a pesar sobre os preços dos materiais industriais e do petróleo.
HEADLINES
GLOBO
Lira cobra maior envolvimento do governo na reforma do Imposto de Renda. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) afirmou que a reforma do Imposto de Renda será votada, apesar dos seguidos adiamentos na apreciação da matéria e em um momento em que aumentam os questionamentos da viabilidade do projeto, que enfrenta resistências de empresários, estados e municípios. Sem acordo, a Câmara adiou novamente nessa terça-feira a votação do projeto. Lira também cobrou maior envolvimento do governo na defesa da proposta. Destacou que o projeto tem reflexos no novo programa social; ao propor a taxação de dividendos como uma fonte permanente de recursos para custear o Auxílio Brasil, que substitui o Bolsa Família, além de corrigir algumas distorções do sistema.
FOLHA
Guedes expõe insatisfação com IR e governo procura oposição para costurar novo texto. O ministro Paulo Guedes (Economia) expôs a parlamentares sua insatisfação com a falta de acordo sobre o projeto que muda o Imposto de Renda. Diante do impasse, o governo decidiu usar mais tempo para ouvir até mesmo a oposição, com o objetivo de costurar um novo texto que tenha chances reais de aprovação pelo plenário da Câmara dos Deputados. A expectativa agora é que o texto seja analisado pelo plenário só em duas semanas. O prazo é maior que o sinalizado na terça-feira (17) pelo líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR); que havia sugerido adiar a votação do texto relatado por Celso Sabino (PSDB-PA) para a próxima semana.
GLOBO
Relator da reforma do IR diz que lobby pela não tributação de dividendos brecou avanço da proposta. Um dia após os deputados decidirem adiar a votação da proposta que altera as regras do Imposto de Renda, o relator da proposta, Celso Sabino (PSDB-PA), avaliou que, apesar de vários avanços no texto, pesou contra o projeto a volta da tributação de lucros e dividendos. Sugestão do governo para compensar a ampliação da faixa de isenção do IR para pessoas físicas e o corte dos tributos corporativos; os dividendos serão tributados em 20%.
GLOBO
“Populismo eleitoral de Bolsonaro já aparece no mercado. A euforia acabou”, diz ex-presidente do BC. Ex-presidente do Banco Central, Affonso Celso Pastore diz que está “comprada” uma desaceleração do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022, ano de eleições, com a ação do BC para barrar o descontrole da inflação. Ao Estadão, Pastore diz que o populismo eleitoral do presidente já está retratado na piora dos preços e indicadores do mercado. A euforia da “Faria Lima” (principal centro financeiro da capital paulista) e com a recuperação da economia e das contas públicas acabou; e os empresários também acordaram, avalia. “O empresariado acordou. O despertador tocou tão forte, que não deu para ficar dormindo”, afirma.
FOLHA
Situação fiscal do país e tensão política levam curvas de juros futuros ao pior patamar desde 2018. As curvas de juros futuros para cinco e nove anos voltaram a atingir os dois dígitos nesta semana e recuperaram os patamares de 2018; último ano das eleições presidenciais que elegeram Jair Bolsonaro (sem partido). O movimento acompanha os avanços da inflação e o recrudescimento das tensões políticas e fiscais no país. A curva de juros futuros é a expectativa do mercado para a Selic (taxa básica de juros).
GLOBO
Orçamento de 2022 é “o mais difícil em 25 anos”, diz secretário de Guedes. Próximo do prazo de envio do projeto de lei orçamentária (PLOA) para 2022, os secretários de Fazenda, Bruno Funchal, e de Orçamento, Ariosto Culau, do Ministério da Economia, alertaram os parlamentares sobre a complexidade da peça para o próximo ano. Culau afirmou que este deve ser o orçamento “mais difícil” de todos; enquanto Funchal listou fatores que representam risco para a elaboração do documento; como o avanço da inflação e a determinação de pagamento de uma renda mínima.
VALOR
Fux coloca condições para retomar o diálogo. Em meio à escalada da crise, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, ouviu apelos ontem – do Legislativo e do Executivo – para que restabeleça o diálogo com o presidente Jair Bolsonaro. Ele, no entanto, tem sinalizado que não há clima para sentar-se à mesa com o chefe do Executivo sem que haja uma trégua nos ataques aos ministros da Corte. Tanto o presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), quanto o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira; pediram ontem para que Fux marque uma nova reunião entre os chefes de Poderes. O presidente do Supremo disse a ambos que reavaliaria a questão.
E OS MERCADOS HOJE?
Mercados globais estão ensaiando mais uma sessão de fortes perdas, com receio em torno da desaceleração econômica e a possibilidade do início da retirada de estímulos monetários pelo Federal Reserve já este ano pesando sobre o sentimento. No Brasil, a piora externa vem para configurar uma tempestade perfeita, em um momento que as incertezas políticas/fiscais já mantinham os ativos locais muito pressionados – não à toa, o dólar se aproximou dos R$ 5,40 ontem, acompanhado de uma nova abertura generalizada da curva de juros local. Desta forma, assim como falamos ontem, apesar de esperarmos uma maior acomodação do movimento de perdas com os atuais níveis de preços praticados na bolsa local – e dado o dia extremamente negativo que temos lá fora –, não acreditamos que hoje será o dia em que veremos o início de alguma recuperação.