🌎 CENÁRIO EXTERNO

Dia de payroll

Dia de payroll

Ativos de risco amanheceram sem direções claras, com bolsas europeias e índices futuros de NY estáveis após uma sessão mista nos mercados asiáticos. Após uma semana em que o otimismo com dados econômicos e, principalmente, resultados corporativos fortes se sobrepuseram aos receios com a variante delta e o maior aperto regulatório sinalizado por Pequim, investidores mantêm a cautela no início desta 6ªfeira, com foco voltado para a divulgação do relatório oficial de emprego de julho nos EUA, previsto para às 9h30. Nessa mesma linha, os juros futuros americanos registram abertura generalizada entre os vértices da curva; acompanhados por uma alta da ordem de 0,2% do dólar índice (DXY).

O que esperar do dado (e do mercado)

Projeções de mercado apontam para um resultado forte, onde há uma abertura líquida da ordem de 900 mil postos de trabalho e uma queda da taxa de desemprego para 5,6%, acompanhada por uma alta de 0,3% do ganho real médio por hora no mês. O dado real, no entanto, pode promover movimentações distintas entre os investidores: ao mesmo tempo em que um dado muito fraco pode elevar o receio com as implicações do aumento no número de casos de covid-19 sobre a economia, um resultado muito acima das expectativas também pode gerar algum desconforto ao deixar mais próxima o início do movimento de redução de estímulos monetários pelo Federal Reserve – nesta fronte, é de suma importância a variação dos ganho real médio, pois um salto nesta frente elevaria o receio em torno de uma maior longevidade da inflação.

Na agenda

Fora os dados do payroll, o dia não traz grandes destaques na agenda econômica. Na fronte corporativa, existe a expectativa de que o protagonismo deve ficar com a divulgação do resultado da Berkshire Hathaway.

CENÁRIO BRASIL

Aprovação do novo refis intensifica anseios fiscais do mercado

Senado aprova novo refis

O Senado aprovou ontem o novo programa de renegociação de dívidas para devedores da União. A generosa iniciativa contempla o perdão de até 90% de juros e multas e o parcelamento de débitos tributários e não tributários em 12 anos, com parcelas reduzidas nos primeiros três anos. O projeto agora segue para análise pela Câmara dos Deputados.

Mais um ponto de pressão fiscal

A medida, que foi apresentada pelo atual presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), em 2020, já não agradava a equipe econômica; que argumenta que a existência de outras iniciativas para renegociar dívidas dispensava a criação do novo Refis. Integrantes do Ministério da Economia também criticaram a proposta por flexibilizar o pagamento de dívidas de empresas que geraram lucro durante a pandemia. A avaliação do mercado é que o parecer aprovado ontem, que foi apresentado pelo líder do governo, senador Fernando Bezerra (MDB-PE); acentuou ainda mais o comprometimento da arrecadação do governo. A equipe econômica ainda não projetou o impacto fiscal da iniciativa, mas o consenso é que ele será relevante.

Privatização dos Correios

A Câmara dos Deputados aprovou, por placar de 286 votos favoráveis e 173 contrários; o projeto de lei que quebra o monopólio dos Correios e abre o caminho para a venda da estatal. O projeto ainda precisará ser analisado pelo Senado antes que o governo possa vender a estatal por meio de um leilão no primeiro trimestre de 2022. O projeto aprovado pelos deputados inclui uma série de concessões aos funcionários da empresa, como a garantia de estabilidade por 18 meses, um programa de desligamento voluntário e um programa de requalificação para ajudá-los a se reinserir no mercado de trabalho.

Reunião dos poderes

Em mais uma escalada do conflito institucional entre o presidente Bolsonaro e a cúpula do Judiciário, o ministro Luiz Fux, presidente do STF, cancelou uma reunião entre os chefes dos Poderes em razão dos ataques feitos pelo presidente contra membros da corte durante a sua cruzada para instalar o voto impresso. “O pressuposto do diálogo entre os Poderes é o respeito mútuo entre as instituições e seus integrantes”, justificou.

Reação do Bolsonaro

Mais cedo no dia, o presidente Jair Bolsonaro criticou o ministro Alexandre Moraes após a sua inclusão como investigado no Inquérito das Fake News, alertando o ministro que “a sua hora vai chagar”. Porém, após o cancelamento da reunião, o presidente Bolsonaro disse em transmissão feita pelas redes sociais que “está aberto ao diálogo” com o ministro Luiz Fux, com quem tem trocado farpas publicamente em recentes semanas em uma guerra de narrativas a respeito da segurança das urnas eletrônicas.

Na agenda

Não existem indicadores de grande relevância a serem divulgados ao longo desta 6ªfeira.

E os mercados hoje?

Mercados globais estão iniciando o dia em tom predominantemente positivo; se recuperando das perdas de ontem em manhã que não traz grandes novidades ao cenário para os mercados. No Brasil, assim como foi na semana passada, os ruídos políticos levaram o Ibovespa a operar na direção contrária do que vimos lá fora, com o índice ameaçando fechar mais uma semana no vermelho. Depois da volta de receio fiscal elevado, que se deu através das iniciativas do governo em torno do financiamento dos precatórios, a aprovação do novo Refis e de um eventual aumento do benefício médio do Bolsa Família, o atrito institucional entre Executivo e Judiciário voltou aos holofotes nesta 5ªfeira. Ontem, o dólar ameaçava uma queda e os juros futuros longos um ligeiro fechamento na abertura, em reação ao tom mais duro do Copom, mas – como alertamos no MH de ontem – os ruídos citados acima foram o suficiente para apagar e reverter tais movimentos. Tendo isso tudo em vista, enxergamos com certa nebulosidade a abertura de hoje no mercado local; que ficará sujeita tanto aos novos desenvolvimentos de Brasília como à agenda econômica de peso nos EUA (com destaque para o resultado do payroll; onde existe certa ambiguidade com relação à qual será a reação do mercado).

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